segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

​​O fator de desestabilização.
Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 07.12.2017
Roman Malko

A história do destacado expatriado, presidente-reformador, democrata-meritocrático, que trouxe uma plêiade de compatriotas e pessoas de mentalidade afim à Ukraina, e depois deixou o poder e encabeçou uma cruzada contra "bareg" (Não encontrei a tradução, provavelmente é gíria - OK) e declarou, que tem a intenção de "estabelecer" uma ditadura da classe média, começou a adquirir evoluções inesperadas.


E, a divulgação da tribuna do Parlamento é apenas uma abertura. Mesmo que tudo o que foi dito e demonstrado pelo procurador-geral Lutsenko, da tribuna parlamentar, corresponde à verdade de cem por cento às forças de segurança ukrainianas, em torno de Saakashvili e companhia, ainda é muito duvidoso. Há tantas correntes subaquáticas e recifes, que diferente de circo você não pode denominá-lo. Aqui, se manifesta tudo: estupidez, irresponsabilidade, falta de profissionalismo, falta de princípios, competição raivosa, falta de desejo de tornar-se um simples peão nos jogos de estranhos. A situação de esforços conjuntos de muitos jogadores interessados não apenas na Bankova (centro do governo ukrainiano) ou acampamento próximo ao Parlamento, é levada a um tal absurdo, que ninguém mais pode prever como a situação poderá ser resolvida. As questões são mais numerosas que as respostas. O principal roteirista definitivamente errou na composição do enredo.

A desestabilização na Ukraina é muito necessária ao Kremlin, e é difícil não perceber o prazer histérico nas palavras de Peskov. "Estamos observando com interesse" e "Claro, essa é a principal dor da Ukraina, aqui, com certeza, tal coisa, nem ao inimigo não desejarás..."

Claro, nela estão interessados diversos inimigos pessoais de Petro Poroshenko e as autoridades, que ele personifica. E aqueles, que escondem-se atrás de nomes do código "Kurchenko", que supostamente distribui dinheiro, porque a ele, no mínimo, precisa confirmar de algum modo, sua utilidade aos patrões atuais, e aqueles, que residem no lago de Genebra ou Tâmisa, e os que são compadres de diversos presidentes, vizinhos ou seu antigo. Interessados em balançar o barco, e quem não se encaixou no governo, mas muito gostaria de chegar lá, e aqueles que labutam pelo pão de cada dia, e simplesmente os fãs do chamuscado.

Claro, todos tem diferentes interesses. Os jogadores globais estão interessados em capitalizar os protestos e levá-los sob seu controle para a possibilidade de modelagem adicional para si. Obviamente, não interesses esportivos. Cada investidor primeiro cuidará o retorno do investimento. Os oligarcas perderam algo no sentido de acesso aos  ativos estatais e aos fluxos orçamentários. Aludir ao seu poder e capacidade de influenciar a política no regime de ação direta é uma ferramenta bastante eficaz. Exemplos não faltam: os assim chamados protestos de sindicatos dos mineiros na primavera de 2015 foram aberta chantagem de Rinat Akhmetov. Mas esta "beleza do jogo" compreender não era difícil. Combinações em torno dos protestos, liderados por Saakashvili, são mais complexos, e os beneficiários neste processo são muito mais numerosos. No entanto, ao que parece os interessados nos resultados precisarão reagrupar suas forças..

Os executores também precisam de capitalização para sua própria participação no processo, do qual eles também esperam seus dividendos, mas não como retorno do anteriormente perdido ou gasto, mas das autoridades. Observando o público que constitui o núcleo do irreconciliável movimento de protesto, é difícil não notar sua  variedade. Quem não está aqui? Estão os românticos que, geneticamente não gostam do governo e estão prontos para lutar contra ele somente por prazer, e úteis tipos ociosos, que há muito tempo, ganham para compra de apartamentos ou veículos, e, claro, degenerados cínicos, que se preocupam com o que vendem, imaginando-se líderes históricos. Infelizmente, todos eles obtiveram a possibilidade de aparecer apenas devido a circunstância banal -  falta de vontade de Petro Poroshenko para, realmente, viver de maneira nova (no bom sentido), como ele prometeu... Foi Poroshenko quem abriu esta caixa de Pandora, da qual surgiram todos esses marginais, companheiros de oligarcas e inimigos, ou simplesmente ofendidos.

"MIHOMAYDAN (Mihomaidan:  Miho é uma abreviatura do nome Mykhailo, ou Miguel em português - OK). E SUA REVELAÇÃO É APENAS COMEÇO, INFELIZMENTE, DE ALGO MUITO GRANDE E DESAGRADÁVEL, TAL DESATINO AINDA HAVERÁ MUITOS, E COM SAAKASHVILI NÃO CESSARÁ. A AVALANCHE DA LOUCURA APENAS CRESCERÁ.

Graças ao esquema proposto, no qual conseguiu-se integrar os necessários aventureiros (A tradução também admite: velhacos, patifes - OK) fujões, pode-se realizar os planos (já parcialmente anunciados) a sua neutralização, privação de negócios na Ukraina e confisco de saque. Aqui, Saakashvili pode revelar-se apenas como um conveniente pato colocado, o qual, segundo as palavras de um deputado, apenas  "conduziram como um idiota". Seja por causa de sua própria atitude sem escrúpulos, de quem aceita dinheiro, ou seja pela ineptidão de seus funcionários. Em qualquer caso, em operação bem sucedida, tudo poderia funcionar. Mas ela, obviamente derrubaram. No início esperavam, até o herói acordar, depois davam voltas, permitiram mostrar-se no telhado, (ele, realmente foi fotografado no telhado -OK) reunir um grupo de apoio, no final direcionaram a máquina, com o detido, para armadilha, apesar de que a rota estava limpa de manifestantes, para fuga. Àqueles, dos quais dependia a conclusão bem sucedida da operação, obviamente não desejavam, mais uma vez esforçar-se. E, talvez, tudo foi deliberadamente feito exatamente assim.

É improvável que a realização da operação "neutralizar Saakashvili" foi decidida por acaso. Os oponentes começaram falar sobre impeachment do presidente. No entanto, isto Petro Poroshenko é duvidoso que tema. Miho, provavelmente, joga pela dissolução do parlamento, do que pela derrubada do presidente. Não se deve esquecer a chama do confronto entre Procuradoria, NABU (Gabinete Nacional Anti-Corrupção da Ukraina) e SBU (Serviço de Segurança da Ukraina), a lei em disputa sobre a reintegração do Donbas, o orçamento - todos esses dispositivos com os jogos de Miho ficaram na sombra.

"O presidente domina a situação" - disse a representante de Petro Poroshenko. No entanto, aos comentários não recusou-se o chefe de Estado: ele agradeceu aos agentes da lei pelo serviço e disse que Saakashvili era "uma empresa financiada por Moscou". Ele gostaria de colocar um ponto final, mas...

"Mihomaydan" e sua exposição são apenas o começo de algo, infelizmente, muito grande e desagradável. Tais acontecimentos ainda haverá e haverá, e com Saakashvili apenas não terminarão. O pior que anular os acontecimentos não será possível. A avalanche de insanidade apenas crescerá e toda ela é impregnada com tal dose de mentira que não pode ser dirigida por nenhum organismo sadio. Quanto mais próximo das eleições de 2014 (primeiro presidenciais, depois parlamentares), mais surgirão dispostos a "desenvolver", então serão maiores as proposições daqueles, que estarão prontos para garantir indispensável imagem e o espetáculo dessas apresentações não renunciará à perseguição "no telhado", testemunha da qual (dificilmente por acidente) tornou-se todo o país.

Tradução: O. Kowaltschuk

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