terça-feira, 29 de novembro de 2016

Yanukovych, hoje, dá depoimento no tribunal

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana, 28.11.2016

(Não, não nos alegremos, Yanukovych não está no território ukrainiano. Não está detido. Este depoimento ele fez por vídeo-conferência do território russo, como testemunha do Maidan. E deveria ter acontecido ainda na semana passada, mas foi cancelado no início, com tudo pronto.

Apesar de que, já a vários dias há comentários nos jornais, eu ainda não entendi qual a necessidade ou o benefício para Ukraina, se é que há algum. E, por que os altos funcionários do governo ukrainiano perdem tempo com os preparativos desse evento. 
Não fiz a tradução do texto todo, acho que já foi suficiente para ver que Yanukovych não assume seus atos - OK).

À pergunta como, no dia 23.02.2014, às 3h51  ele encontrou-se no território da Federação russa, Yanukovych repetiu sua versão de uma emboscada em seu caminho para  Criméia. A ordem de ir para Criméia, Yanukovych deu, porque de Donetsk vinha um grupo para interceptar sua comitiva. E, como chegou à Rússia não explicou. Antes de sair de Donetsk, ele conversou com Akhmetov sobre os acontecimentos na Ukraina.

No dia 22 de fevereiro de 2014 foi ferido o policial Dmitry Ivantsov. Foram destituídos de seus cargos, o chefe da Administração Interna Koryak, o presidente da administração de Kyiv Popov. A investigação apresentou mais evidências, mas não houve tempo suficiente para decisões. Isto é, Maidan não deu tal possibilidade, - disse Yanukovych.

Yanukovych afirmou, que durante os eventos no Maidan, dentro do partido do poder, então Partido das Regiões, agia "oposição", que sob pressão de oligarcas trabalhava contra seu governo. E, ele não sabe quem deu a ordem, durante o Euromaidan, de dar aos policiais as armas de fogo.

Yanukovych não explicou como chegou à Federação Russa. À pergunta direta, ele repetiu sua versão sobre uma emboscada no caminho para Criméia. 

"Eu nunca tive, com ninguém, conversações sobre a supressão do Maidan - nem na Ukraina, nem fora de suas fronteiras. Com ninguém!" "Não, não - com ninguém eu me aconselhei, inclusive com ninguém da Federação Russa".

Yanukovych disse, que a decisão da realização do referendo na Criméia, que levou à ocupação da península influenciaram os militares da Frota do Mar Negro da Rússia. "Foi decidido iniciar imediatamente um referendo sobre a retirada da Ukraina e anexação à Rússia. Vocês sabem, que em Sevastopol havia muitos militares russos na Frota do Mar Negro. Eles influenciaram esta decisão", mas ele, pessoalmente, foi contra.

Yanukovych considera que, se permanecesse na Ukraina, isto levaria a uma guerra civil. "A guerra como no Donbas
começaria em toda Ukraina, se eu ficasse", disse o ex-presidente. Por isso, ele tomou a decisão de deixar Ukraina, e só então dirigiu o pedido ao presidente russo, Vladimir Putin.

Eu, até o dia de hoje, pessoalmente, não tirei de mim esta responsabilidade, eu a carrego diante da nação ukrainiana. E, o que se refere à nação ukrainiana, qual a sua atitude para comigo - esta é questão da nação ukrainiana. Para não procurar uma desculpa que possa humilhar o povo ukrainiano, deixemos esta questão" acrescentou ele.

Como se sabe, em 22 de fevereiro de 2014, o Parlamento aprovou a resolução "Devido a desistência do presidente da Ukraina do cumprimento de poderes constitucionais e determinação de eleições presidenciais antecipadas na Ukraina.

Interrogatório do Procurador

O ex-presidente Viktor Yanukovych, durante os protestos no Maidan, constantemente telefonava ao compadre de Putin, Viktor Medvedchuk. Foram fixados mais de 54 chamadas de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014.

Como era o seu relacionamento com Viktor Medvedchuk?

Yanukovych: Meu relacionamento com Medvedchuk era limitado. Nós nos encontrávamos, quando ele visitava alguns eventos. Relações pessoais nós não tínhamos. Pelo que me lembro, nossa relação era muito limitada. Nem ele, nem eu, tínhamos necessidade para encontros.

Procurador: A acusação obteve acesso temporário aos documentos que contém informações que constituem conversas telefônicas secretas. Foram estabelecidos numerosos contatos com telefones celulares de Medvedchuk,  liados a operadoras russas com o chefe de sua proteção, Kobzar. E também... (aqui ele é interrompido pela proteção) O tribunal pede ao promotor: "Faça perguntas, não relatórios".

Procurador: Eram estabelecidos pelo menos 54 contatos telefônicos entre você e Medvedchuk, de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014. Informe, esses contatos ocorreram devido a Revolução da Dignidade, ou outras questões? 

Yanukovych: Eu não lembro disso. Eu não tive tantos contatos com ninguém. Eu não tive tanto tempo.

Procurador: Em 20.02.2014, entre 8:56 h e 8:59 h, justamente antes do momento, em que começaram as execuções dos manifestantes pela polícia, foram gravadas três chamadas do seu telefone pessoal número 79037096326. Depois disso, às 8:59 h o senhor, de seu telefone móvel 0503841333 ligou para o telefone de Medvedchuk +79636742183 com duração de 144 segundos. Em seguida, às 9:11 h o senhor, já de um outro celular seu, o qual era usado constantemente, 0979741501 fez outro telefonema para Medvedchuk. Com o que eram relacionados tais contatos?

A proteção protesta, mas Yanukovych responde.

Yanukovych: Eu tinha telefones pessoais. Se havia telefones para comunicação, então eles estavam com meus assistentes. Se houveram tais conversas, então, antes de tudo, foram de meus assistentes com quem quer que seja. Por isso eu não lembro tais conversas.

Procurador: 0979741501 - telefone a partir do qual você normalmente se comunica com seu filho Oleksandr Yanukovych, e os telefones, que estavam com seus assistentes, nós levantamos a questão precisamente daqueles telefones, que foram utilizados, segundo argumentos, precisamente por você. Então, realmente o telefone encontrava-se com seu guarda, mas você se dirigiu a ele. Este é o telefone, que você usa pessoalmente.
Yanukovych disse que não lembra se conversou com Putin pelo telefone.

Advogado: Não é preciso reagir. Esta é explicação do procurador, não é pergunta.

A acusação diz que Viktor Yanukovych, no caso dos tiroteios no Maidan, em 20 de fevereiro de 2014, dá falsos testemunhos.
Procurador Donskyi disse que Yanukovych não será trazido à responsabilidade pela mentira porque seu status é limítrofe, ele responde apenas como suspeito. Como suspeito, tem o direito de nada responder. Donskyi disse que Yanukovych não respondeu sobre seus contatos, nem com Medvedchuk, nem com Surkov, nem sobre o encontro de Putin com Azarov. No entanto, Donskyi disse que tem provas de contatos de Yanukovych com Medvedchuk, a hora exata e o local com o assessor de Putin, Surkov. "Eles encontravam-se no Myzhyhiria". Também há provas do encontro de Putin e Azarov - encontravam-se em Kharkiv para preparar um Congresso, que não saiu como o esperado.
Segundo o Procurador - a acusação tem mais 7 (sete) páginas de questionamentos para Yanukovych. Ele não está satisfeito - muitas perguntas não conseguiu fazer. E, parte de questões que não apresentavam motivos para desqualificação, foram desqualificadas.

A impossibilidade de ouvir resposta não dá possibilidade para verificar que Yanukovych não deu quaisquer ordens criminosas" - disse o promotor.

A sessão do tribunal na questão de "berkutivtsi" (Berkut - assim chamada milícia no período Yanukovych)  continuará em 01 de dezembro. e 02 de dezembro haverá a questionamento do ex-comandante das tropas do interior da Ukraina Stanislav Shulyak.

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O financiamento do novo abrigo sobre o reator nº 4 da usina nuclear de Chernobyl vai custar a Ukraina 600 milhões de dólares por ano.



https://www.youtube.com/watch?time_continue=435&v=lFO3cs6rfqw


Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 27 de novembro de 2016

Ukraina no mundo "antes do dilúvio": na encruzilhada entre a nova economia e ruína.
Nós já começamos perder hoje. O mundo está mudando drasticamente, mas Ukraina nem pensa no desenvolvimento de nova orientação energética e substituição de combustíveis fósseis.
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica), 24.11.2016
Oleg Savitsky

Com a entrada em vigor do histórico Acordo de Paris em 2016 o desenvolvimento de energia renovável  e elevação  da eficiência energética tornaram-se prioridades oficiais para as maiores economias mundiais - China, UE e os EUA.

Enquanto isso, a economia da Ukraina encontra-se, em grande parte, em um estado de incerteza de longa duração. Não orientando a energética e a política industrial no desenvolvimento de fontes renováveis de energia e substituição de combustíveis fósseis, nós começamos perder desde hoje.

Atualmente, o acordo de Paris foi ratificado por mais de 100 países, e já entrou em vigor. Paralelamente iniciaram-se mudanças fundamentais no transporte e energética. Com a conclusão da rodada da vez sobre negociações climáticas em Marrakesh isto tornou-se aparente.

O mundo começou mudar radicalmente, e estas mudanças ganham impulsos, apesar da resistência política. Atualmente, o assunto é sobre as grandes transformações econômicas, incluindo a rápida transição para as energias renováveis e a reestruturação de todo o setor energético, segundo os princípios de eficiência e segurança ambiental.

Isto acontece, porquanto tornou-se economicamente rentável. Por outro lado, tal transferência é imperativa do ponto de vista da segurança global, e até mesmo na questão de sobrevivência para os mais vulneráveis às consequências das alterações climáticas de países, incluindo Marrocos, Colômbia, Etiópia, Bangladesh, Mongólia, que declararam a sua intenção de assegurar a rápida transição de suas economias para a energia renovável.

A respectiva declaração de governos de 48 países foi anunciada na sexta-feira, no último dia de conversações climáticas de COP22 em Marakech. Este fato, durante a conferência de imprensa, dedicada aos resultados de COP22, indicou a coordenadora de rede regional de Climate Action Network Irena Stavchuk.

Para manter o aquecimento a 2 graus, que definiram como objetivo no acordo de Paris, é necessário mais ambiciosas e mais pró-ativas ações de todos os países do mundo. Para cumprir as metas do acordo de Paris, todos os países do mundo, até meados do século, devem passar para 100% de energia renovável. Nisto já não há controvérsias no nível de especialistas", - diz Stavchuk.

Em termos econômicos, os benefícios são óbvios no caminho do desenvolvimento pós-industrial baseado em tecnologia da informação, energia renovável e aumento radical da eficiência na utilização de recursos.

Por outro lado, as alterações climáticas antropogênicas e outras formas de degradação ambiental aproximam-se do ponto crítico, após o que podem tornar-se catastróficas. A partir de quais dessas mudanças - a reconstrução da economia ou a degradação ambiental - acontecerá mais rápido, depende o destino de toda a humanidade.

Os países que puderem, rapidamente, avançar pelo caminho do desenvolvimento inovador, tornar-se-ão líderes da nova economia e serão mais resistentes aos efeitos negativos das alterações climáticas. E, os países que permanecerem em estagnação, arriscam repetir o destino da União Soviética, mas com consequências sociais e ambientais piores e podem prejudicar toda a humanidade. 

A posição da Ukraina como um estado de abrupta fratura do pós-soviético sistema econômico e à beira e à beira de novo , é único em termos de possibilidades mas muito ameaçador em termos de risco.

Moderna energia - é energia renovável.

Em 2015, o investimento mundial em energia renovável ascendeu  a 286 bilhões de dólares, em combustível - 130 bilhões de dólares. 

Em 2015 China instalou 30,5 GW de capacidade eólica e 18,4 GW de energia solar. Estas capacidades são suficientes para satisfazer plenamente as necessidades atuais de energia elétrica na Ukraina.
Ao mesmo tempo o programa nuclear chinês, em larga escala, torna-se mais lento. De acordo com ele, até 2020 planejava-se trazer para exploração 19,3 GW de capacidade. China passou pela industrialização num ritmo super-rápido, incluindo o estabelecimento do complexo nuclear-industrial, mas agora os benefícios das energias renováveis tornaram-se aparentes.
Exatamente por isso as Fontes de Energia Renováveis já dominam na estrutura das novas capacidades de produção na China. Esta escolha era evidente para um país que aspira à liderança econômica global. 

Outra economia significativa que embarcou no caminho do desenvolvimento sustentável de energia é o estado norte-americano da Califórnia. Em dezembro de 2015 este estado, com uma população de 39 milhões, tem capacidade instalada, eólica e solar, de 6,1 GW e 10 GW, respectivamente, cuja maior parte foi introduzida em exploração nos últimos cinco anos.

Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, que recentemente apelava para lutar com a poluição do ar, cita isto como exemplo de que, quando há vontade política, os Estados Unidos podem rapidamente reestruturar o setor energético.

Ao contrário dos EUA, na maioria dos países europeus tal vontade política forma-se devido a exigência da população. No nível político, na UE ainda realizam-se debates sobre os rumos da possibilidade energética, mas no nível de peritos a possibilidade e a necessidade de conversão completa para energia renovável até 2050 já não está em dúvida.

Na Alemanha, em dezembro de 2015 já entraram em funcionamento numerosos parques eólicos, com capacidade total de 41 GW. Foram instalados mais de 36 GW de sistemas solares fotovoltaicos e 6 GW usinas de bioenergia. Por decisão do governo a energia nuclear será  será retirada completamente até 2022.

Atualmente, no centro de debates políticos, encontram-se as estações elétricas de extração do petróleo. Os especialistas e o público exigem completo colapso deste ramo na Alemanha não depois de 2040 e provam a viabilidade econômica de transição rápida para 100% de restabelecimento de fontes de energia.

Numa série de países as fontes renováveis de energia já alcançaram paridade de preços com as fontes tradicionais de energia e não mais precisam de subsídios para o desenvolvimento. Ao contrário das novas usinas nucleares e a carvão, cujo custo aumenta de ano para ano, por razões econômicas e políticas, o custo das fontes renováveis diminui com aceleração, porque a produção de respectivos componentes torna-se generalizada.

Desenvolvimento de energias renováveis está acelerado.

Em outubro a Agência Internacional de Energia novamente reviu as suas posições quanto ao ritmo de desenvolvimento da energia renovável e significativamente aumentou-o, inclusive sob a influência do acordo de Paris.
Entre outras razões - aumento da concorrência, avanços significativos em tecnologia, economicamente esquemas mais estáveis de estímulos ao setor de energias renováveis, política ativa de países na redução de emissões e desejo de diversificação de fontes de energia . 

Como aponta o fundador do centro analítico americano Rocky Mountain Institute Amory Lovins, a Alemanha, graças a uma política consistente ao longo dos últimos 20 anos, conseguiu construir a indústria de energia renovável, para o ponto onde as novas usinas de energia solar quase não necessitam de subsídios, e os preços da eletricidade

Ao mesmo tempo, as preocupações, quanto ameaças a confiabilidade das redes de energia não se concretizam, mas a quota de novas fontes na produção da eletricidade superou 30% a nível nacional, e em algumas regiões chegou a 50%.

De acordo com Lovins, que foi reconhecido como um dos inspiradores ideológicos da alemã Energiewende, a Alemanha pode atingir 100% de produção de eletricidade, a partir de fontes renováveis, já nos próximos 15-20 anos e muito antes de 2040.
O otimismo de Lovins também é reforçado pelas dinâmicas econômicas reais, porquanto o caráter exponencial de desenvolvimento da energia solar e eólica no mundo torna-se evidente.

Enquanto isso, a posição do lobby do carvão no mundo fortemente agitou-se e um grande número de empresas de mineração no mundo faliu. Na maioria dos países europeus a liquidação de energia de carvão está na ordem política do dia, o que afirma-se pelos exemplos da Alemanha e Holanda.

China, em 2016 cancelou 30 projetos de construção de usinas de carvão. Segundo preveem os especialistas, o mesmo destino aguarda as companhias petrolíferas em menos de dez anos. A demanda por combustível cairá por causa da eletrificação dos transportes e o desenvolvimento de serviços automatizados, com o que firmemente ocupa-se Elon Musk.

A culminação da era do carvão já chegou, petróleo e gás na vez, portanto, aqueles jogadores que continuam acreditando nos recursos energéticos de hidrocarbonetos, ariscam perder tudo.

Nosso caminho não é com o vizinho do norte.

Ukraina diante da escolha: continuar dependente da Rússia e fechar-se no passado, financiando hidrocarbonetos e energia nuclear, ou dar prioridade às medidas de eficiência energética e ao desenvolvimento de fontes de energia renovável que fornecem segurança energética, independência e permitem a construção de uma economia moderna, baseada na inovação. China, Alemanha e Califórnia, em contraste com a economia empobrecida da Rússia, apresenta-se melhor modelo.

Particularmente primitiva neste contexto é a posição atual do governo da Rússia, a única grande economia que não ratificou o acordo de Paris. Em 10 de outubro no World Energy Congress  Vladimir Putin expressou esta declaração. 

"Sim, a humanidade se move na direção de "energia verde". Isto, naturalmente, o caminho geral de desenvolvimento, o caminho certo. A demanda por energia renovável num ritmo mais rápido em comparação com a energia de fontes tradicionais. A implementação de tecnologias avançadas, incluindo aquelas como geração distribuída, potentes acumulações e as chamadas redes inteligentes, ajudam a acelerar este processo. No entanto, paralelamente, o consumo de nafta e gás continuam a crescer, embora não com taxas tão altas como antes"

Na verdade, este é o reconhecimento do atraso da economia russa e de sua dependência crítica na extração de combustíveis fósseis. Mas, mesmo reconhecendo que a economia russa se move para um "canto surdo", a liderança da Rússia não pensa em mudar o rumo e pretende continuar a existência somente através da exportação de hidrocarbonetos.

Nas conversações sobre o clima COP22 em Marakech Rússia distinguiu-se com o fato de, zelosamente promover a energia nuclear como meio para combater as mudanças climáticas, ---quando a tal propaganda já ninguém acredita. Até a França decidiu diminuir parte de energia nuclear e, gradualmente passar para fontes de energias renováveis.  À conferência veio uma delegação inteira de "Rosatom" (Companhia Estatal de Energia Nuclear - Companhia responsável pelo complexo energético nuclear do país. Sede em Moscou - OK) junto com lobistas de hidrocarbonetos. De acordo com o atraso no desenvolvimento das energias renováveis, perseguições e repressões de ativistas ambientais da Rússia recebeu da rede internacional Climate Action Network a distinção "Fóssil do ano".

Enquanto isso, as regiões industriais da Rússia, onde está alojado todo o legado industrial da União Soviética, mais imergem em depressão e começam lembrar as cenas de filmes pós-apocalípticos. Não houve nenhuma sistematização inovadora na economia russa desde o colapso da União Soviética. Em tais condições mudanças radicais são impossíveis, porque a estabilidade da estagnação - é uma condição necessária para a preservação de um sistema autoritário.

Única saída - desenvolvimento inovador.

Até 2040, a maior parte da capacidade de energia térmica e nuclear na Ukraina mesmo com a extensão improvável de usinas nucleares, esgotar-se-á o seu limite de recursos e serão desclassificados.

Para não voltar à Idade da Pedra com a Rússia, Ukraina deve enfrentar a tarefa de reconstruir o setor de energia para sistema atual. De acordo com o famoso político alemão Hans Josef Fell, autor de "tarifa verde" e pessoa que foi pioneira de Energiewende, o desenvolvimento de energias renováveis e a implementação de medidas de eficiência energética na Ukraina - único caminho para superar a dependência da energia tradicionalmente importada, especialmente gás e combustível nuclear.
Então, dependem dos projetos "verdes" - crescimento econômico, atividades adicionais da população, energia questionável, e desenvolvimento industrial do país.  

Estes pontos de vista ele expressou durante sua visita à Ukraina, em outubro, no Forum de energia sustentável em 2016, e na "mesa redonda" na Comissão do Parlamento, sobre Combustível e Energia.

Nisso também acredita o presidente da subcomissão, na questão da conservação e efetividade energética Alex Ryabchyn que fez parte da delegação oficial da Ukraina nas conversações de COP22 em Marraquexe. 

Atualmente, os líderes econômicos escolhem processos inovadores e substituição de combustíveis fósseis. Não participar dessas transformações não é confortável e perigoso, porque tal política deixa o estado na dependência energética da Rússia e dos territórios ocupados de Donbas.

Para não ficar à margem e não perder a oportunidade econômica única, a comunidade e as empresas na Ukraina devem assumir o papel de líderes transformacionais e começar a construir um futuro, a salvo de desastres.

Tradução O. Kowaltschuk

sábado, 26 de novembro de 2016

No Ocidente, conscientemente, não percebiam Holodomor (morte pela fome) na Ukraina

Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 24.11.2016
Jaroslav Papuha

Naqueles anos (1932-1933 quando, devido às consequências da política da União Soviética, milhões de nossos concidadãos morreram de fome, as bem alimentados pelo Kremlin "autoridades públicas" no exterior, cantavam odes ao regime stalinista.

Em toda Ukraina e em 32 países ao redor do mundo no sábado, 26 de novembro, são lembradas as vítimas do Holodomor de 1932-1933.



                     LEMBRE! MORTE PELA FOME - Na primavera de 1933 morriam: A cada minuto - 17, a cada hora - 1.041, a cada dia 25.000 ukrainianos



Poroshenko: Ministério do Exterior deve continuar o trabalho para reconhecimento de Holodomor como genocídio.

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 26.11.2016
Foto de arquivo:


Presidente da Ukraina, Petro Poroshenko instruiu o Ministério das Relações Exteriores para prosseguir os trabalhos sobre o reconhecimento do Holodomor de 1932-1933 como genocídio contra o povo ukrainiano. Isto ele declarou na cerimônia de homenagem às vítimas do Holodomor em Kyiv, em 26 de novembro.

"Dezenas de países qualificam o crime do regime totalitário como genocídio. Acabei de assinar um decreto sobre medidas relacionadas com o 85º aniversário do Holodomor, de 1932-1933 na Ukraina - o genocídio do povo ukrainiano, no qual instruí o Ministério das Relações Exteriores para prosseguir os trabalhos sobre o reconhecimento pela comunidade internacional, países estrangeiros e instituições internacionais do Holodomor como genocídio da nação ukrainiana" - declarou Poroshenko.



Em outros países vizinhos da União Soviética os ukrainianos não eram destruídos. Então, é óbvio, Ukraina, mantendo a independência, fomes planejadas não haverá.

Ele acrescentou que os defensores da negação do genocídio vivem principalmente na Rússia e escondem os documentos de arquivo, dos cientistas, e também proíbem no tribunal as obras relacionadas com a fome, de autores ukrainianos.

Na Ukraina, referindo-se aos dados científico-demográficos, o total de vítimas da fome de 1932-1933 é de 3 milhões 941 mil pessoas, e a perda dos não nascidos é de 6.122.000 (seis milhões, 122 mil pessoas).

xxx

Este cidadão ukrainiano, Mykola P. Oneshchenko, que está sendo cumprimentado pelo presidente, sobreviveu ao Holodomor e à agressão russa no Donbas




Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

​Três anos após o Maidan, mudanças tectônicas na sociedade e demasiado lentas reformas
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 21.11.2016
Eugene Solonena

Kyiv, maidan da Independência, 1 de dezembro de 2013.

Kyiv - Hoje Ukraina celebra o Dia da dignidade e liberdade - já é o terceiro aniversário do início dos protestos contra a recusa do governo ukrainiano, da integração européia, que transformou-se na Revolução da Dignidade. Durante estes três anos fundamentalmente mudaram a agenda política ukrainiana, e a própria sociedade, afirmam os especialistas e ativistas da Revolução da dignidade entrevistados pela Rádio Liberty. No entanto, parte de analistas políticos afirma, que entre os ukrainianos cresce insatisfação devido a ausência de reformas radicais e no fato, de que os representantes do governo anterior esquivaram-se, em grande parte, da responsabilidade por seus crimes. Nestes dias, na até agora não concluída questão sobre os crimes contra os participantes da Revolução da dignidade, a procuradoria geral questionou as testemunhas: presidente Petro Poroshenko, presidente do Parlamento Andriy Parubiy e outras autoridades, que apoiaram os protestantes.

O presidente da Ukraina, Petro Poroshenko, deu testemunho sobre os crimes contra os ativistas do Euromaidan, segundo o secretário de imprensa do presidente Svyatoslav Tseholko.

Segundo "Interfax-Ukraina", citando uma fonte do Gabinete do Procurador-Geral da Ukraina, o interrogatório durou seis horas e foi realizado no dia 18 de novembro, na Administração Presidencial.

Também para interrogação, à Procuradoria-Geral convocaram o orador Andrew Parubiy, o ex-primeiro-ministro Arseny Yatseniuk, o prefeito de Kyiv Vitali Klitschko e o líder da região do Transcarpathia Gennady Moskal. Alguns testemunharam já pela segunda vez. Moskal, afirmam na GPU (Procuradoria Geral da Ukraina) apenas enviou os materiais que possui e está pronto para testemunhar, mas sem revelar suas fontes.

O interrogatório a Poroshenko sobre Maidan: relações públicas ou uma razão para confronto com Yanukovych?

Após o questionamento ao atual cabeça do país, o advogado do ex-presidente Viktor Yanukovych, Vitaliy Serdyuk disse, que agora não existem obstáculos para o confronto entre o atual e o ex-presidente Viktor Yanukovych. Ele observou, que ainda em agosto, quando procurador-geral Yuri Lutsenko anunciou o desejo de questionar altos funcionários no caso Euromaidan, a proteção de Yanukovych solicitou a sua participação nestes interrogatórios. "Nós pedimos a realização de um questionamento simultâneo do Poroshenko e Yanukovych... Um dos motivos da recusa da Procuradoria Geral era, que as pessoas não tinham sido questionadas, inclusive o senhor Poroshenko", - disse Serdyuk.

Na noite de domingo o Procurador-Geral Yuri Lutsenko voou para Haia, para conversações com o representante do Tribunal Penal Internacional. Isso se refere sobre a possibilidade de revisão por este tribunal , de crimes cometidos contra os participantes da Revolução da Dignidade, comunica a imprensa do GPU.

Em fevereiro de 2014, o Parlamento aprovou a declaração ao Tribunal Penal Internacional para o reconhecimento pela Ukraina da jurisdição do tribunal, de crimes contra a humanidade por altos funcionários do Estado durante o Euromaidan. No entanto, o tribunal em Haia disse que havia falta de dados suficientes de que os ataques contra os ativistas do Maidan foram planejados. 

Pouco depois do interrogatório do GPU Poroshenko prometeu que não permitirá a realização do cenário do Kremlin, que não somente ataca o país, mas também mina o país por dentro. "O objetivo do Kremlin é a constante desestabilização interna, anarquia, otamanshchyna (supremacia de grupos armados, não controlados, na ausência ou falta de força de governo), eleições antecipadas na Ukraina e reforço das forças pró-russas no novo parlamento, e em seguida - revisão do curso europeu. Mais tarde - modificação completa do vetor externo-político do estado. No final - volta da Ukraina para o estábulo imperial. Se for pelo caminho dos agudos conflitos internos, pode-se, muito depressa, jogar o país no abismo de caos e desordem, torná-lo não protegido diante da agressão externa", - advertiu o presidente em seu apelo por ocasião do Dia da dignidade e liberdade.

"Eu tenho, repetidamente apontado os exemplos históricos, como a autoritária Moscóvia (mesmo que Rússia, usado antigamente - OK) utilizava as preferências democráticas nos países vizinhos, nos seus interesses - até a absorção desses países. Estou certo, desta vez não vai funcionar. Por quê? Porque nós, ukrainianos - pessoas sábias que é difícil reduzir a nada", - disse Poroshenko.

Ele pediu para não estigmatizar todos os participantes de forma indiscriminada de ações de massa: em sua opinião, as pessoas têm motivos de insatisfação, e "todo cidadão livre em uma Ukraina livre tem o direito inerente ao protesto.".

Os interrogatórios  a Poroshenko, Parubiy, Yatseniuk e outros ex-funcionários, e atuais, como testemunhas - é elemento normal do processo investigativo para um país europeu, disse o analista Volodymyr Fesenko. Mas, em sua opinião, os diretamente envolvidos, participantes do Maidan (em particular, Arseny Yatsenyuk, Andrew Parubiy, Vitali Klitshko, Oleg Tyahnybok) - são mais valiosos, que do atual chefe de Estado, porque durante a Revolução da Dignidade eram eles que negociavam com a então liderança da Ukraina. 

"No entanto, as principais testemunhas e acusados, incluindo Viktor Yanukovych, Mykola Azarov, Vitaly Zakharchenko - infelizmente estão no exterior, portanto, não são questionados. Isto atrasa a investigação. A isto se soma o lento trabalho de órgãos de investigação da Ukraina, o que causa descontentamento público", - diz Fesenko.

O interrogatório de altos funcionários - não é tanto um passo para a verdadeira investigação do Maidan, como forma de melhorar a imagem da Procuradoria-Geral, supõe o cientista político Konstantin Matvienko.

"É antes um passo ritual. Nunca antes na Ukraina interrogaram pessoas do primeiro escalão - agora questionam! Afinal GPU precisa demonstrar-se ativa. Três anos passaram, mas mesmo por episódios, como sequestro de ativistas, onde, graças a Deus, há testemunha viva, Igor Lutsenko, a investigação não alcançou progressos significativos", - indigna-se Matvienko.

A sociedade já não confia no governo, está pronta para controlá-lo, e até mesmo agir sozinha, mas ainda não conhece tudo - ativistas.

Como avaliar aquele caminho que Ukraina passou nos três anos desde o início da Revolução da Dignidade? Em 21 de novembro isto pode ser ouvido das diferentes forças políticas e dos movimentos sociais, que vêm à Praça da Independência, em Kyiv, e às praças centrais de outras cidades.

Pela ordem das cidades monitoram 18 mil policiais, avisa o Ministério do Interior. Nestes dias o risco de provocações pró-russas é alto, consideram no departamento. O tráfego rodoviário no centro de Kyiv é bloqueado..

Rádio Svoboda questionou alguns ativistas sobre sua atitude em relação ao desenvolvimento do estado após Maidan.

Participante da "Revolução da Dignidade" desde os primeiros dias, jornalista e membro do Conselho Público da Integridade (verificação de juízes) Natália Sokolenko diz, que apesar das deficiências do atual governo e lentas reformas, nestes três anos, a interação do governo e da sociedade civil na Ukraina melhorou.

"Mudanças - significativas: durante o período Yanukovych, os jornalistas aprovaram apenas uma lei - sobre a proteção da informação pública. Agora, perdi a conta: durante o ano aprovaram mais de 70 projetos. Sobre a cooperação da comunidade e parlamento, de fato não havia. Agora o Conselho de Integridade Pública participa do controle do judiciário - sobre o que, anteriormente, não havia nem pensamento. E há o voluntariado. Há, ainda, muito por fazer diz Sokolenko, mas o principal, segundo ela, é a reforma do sistema judicial e "afastamento dos oligarcas dos caixas dos partidos", ou seja, a reforma eleitoral qualitativa.

E, então, nós sentiremos, que vivemos numa outra Ukraina", - reconhece a ativista.

Maria Tomak, uma das primeiras ativistas de direitos humanos e, da iniciativa "Euromaidan - SOS", acredita, que as tendências dos últimos três anos são diversas. De um lado cresceu a consciência pública e continuam as reformas, por outro - guerra e posição do atual governo leva ao fato de que cada protesto anti-governo pode terminar com acusações a serviço do Kremlin.

A guerra não propicia a consolidação de práticas democráticas, porque coloca a sociedade em condições adversas. Exemplo: você investiga algo - e você, imediatamente é "shatun" e agente de Kremlin.
No exemplo de seu ambiente que, antes do Maidan não era tão pró-europeu, eu vejo mudanças significativas. Menor é a credibilidade ao governo, maior - prontidão para controla-lo. Mas, ainda falta experiência. Além disso, a guerra não é propícia para consolidação de práticas democráticas, porque coloca a sociedade em condições adversas. Por exemplo: investiga algo - e você é imediatamente "shatun" e agente de Kremlin. Situação ambivalente. O interesse do agressor consiste, em não deixar Ukraina sair da "Idade Média", não permitir o desenvolvimento de práticas democráticas. Mas, se nós aguentarmos mais alguns anos -, então teremos um grande avanço nesta área" - disse Maria Tomak.

No entanto, muitos ativistas, da Revolução da Dignidade, consideram as mudanças no trabalho do governo, decorativas, e alguns geralmente falam de revanche do governo passado e forças pró-russas.

Elena Halimon: Três anos atrás nós acreditávamos, completamente, em nossa vitória. Os mais jovens e os mais idosos trabalhavam pela Revolução da Dignidade. A luta continua hoje... em diferentes frentes. E ganharemos novamente!
Lembro, quão repugnante lia um papelzinho "azirov" que eles escolheram não a Europa, mas a Eurásia - no trabalho estava ligada a televisão. Facebook explodiu em indignação.

Hennadii Afanasiev:
Maidan mudou minha vida completamente. Mesmo depois do que se passou - eu me sinto feliz, porque nós mudamos. Maidan me fez livre. Maidan me ensinou o significado de "cidadão". A Revolução da Dignidade trouxe liberdade e independência aos ukrainianos. Primeira vez na história, a verdadeira independência.

Respeito infinito aos heróis caídos. Respeito infinito a cada um que participou desta batalha da libertação. Agradeço a cada herói, como Ivona Kostyn, Oleg Sentsov, Olesya Zhukovska e muitos outros - porque vocês são exemplo para mim e para todos que amam a nossa pátria!
Glória aos heróis!

Olena Suslov:
Agradecemos
Desculpem
Lembramos
Trabalhamos
Revolução da Dignidade - maratona, não pequena distância.
Honra aos heróis caídos, força aos vivos.

Mudanças na Ukraina - tectônicas, é por isso que nem sempre podemos senti-las.

O especialista político, ex-deputado Taras Chornovil, por seu lado observa, que os ukrainianos não percebem significativas mudanças no país porque eles próprios mudaram, e suas demandas ao governo aumentaram várias vezes.

"Em minha opinião, ocorreram mudanças tectônicas. Há mudanças muito reveladoras, críticas, mas há também tectônicas - nós não reagimos a elas, indignamo-nos. Nós não estamos satisfeitos com o governo, absolutamente, de acordo com as leis objetivas, não estamos satisfeitos. Mas quando olhamos para trás e comparamos com o que havia três, quatro, cinco anos atrás, então compreendemos, que nossas exigências ao governo deslizaram em parte, naquela "placa tectônica". E, o que era considerado, então algo inacreditável, maravilhoso, de alcance gigantesco, agora considera-se absolutamente insuficiente fator, para avaliar positivamente o governo. Este é um progresso sério não apenas no governo, também em nós mesmos. Ou seja, nos acostumamos com o fato, que as mudanças normais e sérias, reformas, etc. devem ser praticadas, realidades, e não quaisquer conquistas. Isso, em minha opinião, é o principal ponto positivo. Eu penso, que cresceu também a demanda da sociedade, e sua prontidão para viver num país normal, civilizado", - disse Chornovil.

O que aconteceu no Maidan, para muitos foi o momento da verdade. Durante três anos, houve mudanças sistemáticas na política ukrainiana, no entanto sua qualidade continua atrasada em comparação com os padrões políticos ocidentais, diz o cientista político Sergei Taran.

"A sociedade ukrainiana  mudou, há competição política. E, por isso nós já não podemos prever o resultado das eleições. Em segundo lugar - foi feita a escolha geopolítica. Isto é, Europa, os ukrainianos planejam construí-la aqui. Terceiro: a qualidade política ainda não corresponde aos padrões europeus. Prospera o populismo, mas os eleitores não se orientam nos aspectos programáticos dos partidos", - diz o analista.

No entanto, pela primeira vez na história moderna da Ukraina, justamente os temas sobre reformas e luta com a corrupção definem a agenda da política ukrainiana. Embora a qualidade das reformas por muito tempo será questionada, pensa Taran.

E há avaliações negativas das consequências da Revolução da dignidade. Assim , o cientista político Konstantim Matvienko fala sobre vingança das forças pró-russas, o que hoje se reflete na esfera econômica. 
Maidan foi um movimento de desespero. Simplesmente não podia permanecer no poder aquela pessoa, que estava lá. Tomaram medidas para derrubar Yanukovych, mas que estas medidas foram cruciais - a sensação surgiu apenas no final da Revolução da dignidade. Como Ukraina mudou? Em três anos a parte do capital russo no setor bancário cresceu mais que o dobro. Mais - privatização da economia. Vemos que a camada dirigente atual trabalha com o mesmo esquema que Leonid Kuchma, Viktor Yanukovych e Viktor Yushchenko. Eles também tentaram negociar com Putin como com o irmão mais velho. Mas as autoridades temem Maidan, até um ataque de soluços",- afirma Matvienko.

Principal mudança - vetor geopolítico. Relações com a Rússia nunca mais serão as mesmas - Fesenko.

Por sua parte, o analista Volodymyr Fesenko acredita que a situação nos últimos três anos é paradoxal. O último Maidan significativamente mudou Ukraina e a sua posição no mundo mas, para os ukrainianos essas mudanças não são suficientes. Os ukrainianos sempre têm grandes expectativas. As eleições, a proclamação da independência e a revolução de 1992, foram muito decepcionantes lembra Volodymyr Fesenko.

Os "ativistas do Maidan se decepcionam porque as reformas e mudanças no país não são tão radicais como eles gostariam. Mas nos temos mudanças geopolíticas radicais. Depois de mais de 20 anos de oscilações - a determinação do vetor de política externa. A UE, por sua vez, também não se apressa para se integrar com Ukraina. Mas o principal é a ruptura com a Rússia, e o fato de que ela própria empurrou Ukraina para longe de si. A longo prazo o relacionamento se normalizará, mas relações como antes com a Rússia não haverá nunca mais, - prevê Fesenko.

De acordo com o analista, depois de três anos da revolução da dignidade e de guerra real com a Rússia, incrivelmente aumentou o nível de patriotismo. Mas, paralelamente, cresce o nível de agressão na sociedade, em particular - devido as mortes no Maidan e na frente. As reformas lentas - mas até no Ocidente reconhecem que, nesta área, em três anos, foi feito mais do que nos governos anteriores, desde o início da independência em 1991.

Atualmente, as mudanças na Ukraina não são revolucionárias, mas evolutivas. No entanto, a principal tarefa do governo e da sociedade agora - é a estabilização da situação no país, do contrário, os riscos de conflitos internos serão fatais ao país, afirma uma parte considerável de especialistas.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Quando todos começarem falar o
idioma ukrainiano - haverá unidade na Ukraina. Cantora Bria Blessing
Radio Svoboda (Rádio  Liberdade), 20.11.2016
Halyna Tereshchuk

Lviv - uma de suas vocações - mostrar Ukraina para o mundo. Ukrainiana com passaporte americano, cantora e ativista  social Bria Blessing viajou com concertos para os EUA e Canadá para falar sobre Ukraina. Aqui ela vive mais de 20 anos. O dinheiro recolhido nos concertos, entregará às necessidades dos soldados ukrainianos. E esta já não é primeira vez

Bria Blessing se sente ukrainiana na Ukraina e americana na América. Ela tem família e amigos nos dois países. Ela, uma criança pequena em 1993, com os pais missionários veio do Texas para Lviv. No início por alguns meses viveu em Luhansk. Bria lembra, que não sabia nenhuma palavra em ukrainiano.

"Nós, com a irmã, eramos crianças, não pensávamos que vamos viver aqui a vida toda, mas felizmente ficamos aqui. Nossa mãe começou ensinar-nos em casa. Nos EUA há o sistema de tal escolaridade. Nossa mãe encomendou todos os livros, e assim nós terminamos a escola. Em minha família não há raízes ukrainianas. Para aprender o idioma ukrainiano, os pais convidaram um professor. Mas não funcionou bem, aprendi graças à comunicação. Mas a gramática ainda é difícil, esforço-me para superá-la. O idioma ukrainiano para mim - é um dos mais belos do mundo: é melódico, lindo e poético. Para mim, como musicista, ele é agradável ao ouvido, e é agradável ouvi-lo", - diz a cantora.


Bria conversa em ukrainiano, e o que mais a surpreende é a presença em massa do idioma russo na Ukraina, que as pessoas com passaportes ukrainianos abandonam a sua língua nativa.

"Muitos na Ukraina, gritam que a questão não é o idioma, que o importante é a unidade. Para mim é estranho ouvir isto. Eu acredito, que sem o idioma não pode haver unidade. Porque, por causa do idioma os ukrainianos perderam a unidade. Stalin tentou destruir o idioma ukrainiano, destruía os ukrainianos, povoou o leste da Ukraina com russos e deste modo dividiu o país e as pessoas. Quando todos começarem usar o idioma ukrainiano, na Ukraina - haverá unidade no país", - diz Bria convencida.

- É engraçado para mim - quando os ukrainianos, em conversa, dizem:
- Eu vou falar em russo, ok? Porque não tenho costume conversar em ukrainiano. É difícil para mim.
- Sério ?!?! E eu?
- Assim deseja-se responder-lhes:
- E você se lembra, que você agora diz isto para uma americana, que fala com você em ukrainiano?

"Sucesso - é o que acontece depois que nós deixamos de dar desculpas."

Mais da metade das canções em seu repertório, com as quais apresentar-se-á nos EUA e Canadá, são ukrainianas. Sozinha escreve a letra e compõe a música. No início apenas gostava cantar, agora isto tornou-se sua profissão. Bria nasceu no Texas, adora jazz, que no arranjo de suas canções há muito. Para ela o texto é importante, compreendê-lo e vivenciá-lo na canção.

"O principal, que eu acredite nas palavras. Porque a melodia você canta, mas o texto é preciso compreender. Se o texto eu não vivenciei, então não posso cantá-lo porque será apenas um desempenho no palco, em vez de transmissão de suas próprias emoções" - diz a cantora.

Os guerreiros inspiraram a canção.

Bria escreveu sua primeira canção ukrainiana "Nós - Ukraina" depois da viagem para a linha de frente no leste. Comunicação com os combatentes, as emoções que viveu, resultaram em palavras e música. 

"Sempre com lágrimas essas viagens para o leste, porque vejo, como lhes é difícil, especialmente no inverno. É muito difícil, não se deseja, que eles lutem lá. Mas, por outro lado, eu me orgulho, que eles existem, que eles estão lá e nos protegem com oração em seu coração. Eu rezo para que eles sobrevivam e voltem para casa", - diz a cantora.

Durante a sua turnê de concertos nas cidades americanas e canadenses Bria não só divulgará a canção e a cultura ukrainiana, mas também falará sobre a situação na Ukraina para o mundo.

Ela participou dos dois "Maidan", apresentava-se no leste na zona de combate, então sente sua responsabilidade diante do país e das pessoas, com as quais vive, não pode não reagir contra a injustiça.

Seja qual for o passaporte, eu devo ajudar Ukraina, se há esta necessidade. Eu sei, através de parentes e amigos nos E.U., que os americanos sabem pouco sobre Ukraina: todos os negativos - guerra, corrupção. Alcoolismo, todas as más notícias. Mas eu conheço outra história da Ukraina, maior - isto são pessoas maravilhosas, cultura maravilhosa. Através de meus concertos tento transmitir, que as pessoas gostem deste país, sua cultura, eu falarei sobre a guerra.
Quero dar grande ênfase  às canções ukrainianas, nos ukrainianos, o quanto são pacíficos, criativos, maravilhosos"

Antiga cultura e tradições que os ukrainianos transmitem de geração em geração, entusiasmaram a americana, mas a mentalidade como, "minha casa é ao lado - isto não me atinge", irresponsabilidade, não consegue entender e considera isto como um obstáculo no desenvolvimento do país.

"Esta é uma mentalidade perigosa, precisa assumir a responsabilidade por seu país e não esperar que alguém fará algo", - observou Bria Blessing, que depois dos concertos além oceano voltará para Lviv, e no Natal, com canções e presentes visitará os soldados ukrainianos no front.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 19 de novembro de 2016


O que é "Shatun" e como domá-lo?
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 16.11.2016
Sergey Grabovski
Caricatura Política de Alex Kustovskyi











Na Ukraina perdura debate entre políticos, especialistas, jornalistas, e todos interessados cidadãos sobre o chamado Plano de medidas prioritárias quanto a desestabilização da vida social e política no país ou, resumindo, Plano "Shatun". De acordo com o grupo de hackers Cyber Hunta, ele foi encontrado no violado e-mail de Vladislav Surkov, assistente do presidente russo, Vladimir Putin. 

O  principal objetivo deste plano  - desacreditar as autoridades estaduais e a realização de eleições presidenciais na Ukraina, a fim de chegarem ao poder as "dirigidas forças políticas", o que resultará em "uma mudança radical do regime político". A discussão trava-se, principalmente, em torno de, se este plano é autêntico ou falso, inventado por alguém na Ukraina para desacreditar os oponentes políticos.

Vladimir Putin e Vladislav Surkov (foto de arquivo)

Imediatamente após a publicação em 24 de outubro, na Internet surgiram declarações - isto é falsificação, porque lá estão presentes "ukrainismos", particularmente declina-se o sobrenome "Boyko", que no idioma russo não se declina. Para mim, isso não é argumento. Pelo menos, é ingênuo considerar os especialistas e "aparatchiks" russos como pessoas completamente alfabetizadas. E, ainda não se deve esperar, que  no caso da fabricação da falsidade aqueles, que fizeram "Shatun", não convidariam uma pessoa competente para compor o texto. Pelo contrário, a perfeição literária de tal documento seria a melhor prova de sua falsidade. Exemplo: nos anos da Segunda guerra mundial o serviço de inteligência alemão abastecia seus agentes na URSS com documentos perfeitos. Tão perfeitos, que naqueles documentos pessoais, que reforçavam-se com grampos de ferro (por exemplo, nos passaportes), estes grampos não enferrujavam com o tempo, enquanto nos documentos originais, onde os grampos foram feitos de aço de qualidade inferior, a ferrugem manifestava-se com o tempo...

Quanto mais sérios são os argumentos, que o plano de tal qualidade não podia ser confiado à internet - especialmente depois das violações deste ano do correio eletrônico, de proeminentes políticos e seus assessores.  No entanto, estes argumentos afastam-se com o fato de que, interceptadas e publicadas, inicialmente, algumas proposições provisórias, preparadas com o apoio de consultores da Ukraina - daqueles que acamparam em Moscou, ou frequentemente viajam para lá - alguns destes nomes, em minha opinião, é fácil de encontrar no artigo da Wikipédia sobre o plano "Shatun" entre os nomeados lá personagens, que afirmam que os protestos não são provocados no Kremlin.

Finalmente, a autenticidade do plano (ou sua versão anterior) é certificada, em minha opinião, como suficiente análise profissional da situação da Ukraina  e uma lista de medidas propostas, boa parte das quais realiza-se, simplesmente, diante de nossos olhos, durante os 20  dias, decorridos da publicação deste texto.

E mais um detalhe importante: ausência nos digitalizadores de alguns nomes icônicos daqueles, que por várias vezes demonstravam claramente laços estreitos com Kremlin. Por que não há? Muito simples: existem diversos níveis de subordinação e competência, os autores do texto sabem bem, em que nível agem aqueles que não são nomeados no "Shatun", e qual o papel que lhes foi atribuído na desestabilização da Ukraina e na mudança de governo. Estas figuras vão desempenhar o papel de pacifistas, chamados para tranquilizar o "Shatun" e, portanto, eles são considerados como elaboradores de medidas, que com alegria apoiará a maioria da nação...

Metas estabelecidas, a implementação começou.

Como o autor deste artigo por um longo tempo estudou os métodos do serviço secreto soviético (descritos, em particular, na publicada há um ano brochura "Terror político global: arma secreta do Kremlin e Lubyanka" - Nizhyn, 2015) é possível que estas considerações sobre o plano "Shatun" sejam úteis para um público amplo. 

Primeiro lembrarei, que planos principais planejaram nos publicados scanner: 

- organização de investigações com participação de incluídos "no escuro" combatentes com as atividades de corrupção do presidente da Ukraina Petro Poroshenko e sua comitiva, seus acordos secretos e lobby por interesses nos negócios;

- preparação do "Maidan Alfandegário" (Maidan -3") em Kyiv, preparação da base financeiro-organizacional de protestos nos centros reginais da Ukraina;

 - crítica ativa de política econômico-social do governo central e estruturas locais nos meios de comunicação, especialmente na internet;

- realização de procissões religiosas com símbolos provocativos (retratos de Nicolau II, "fitas de São George", etc.);

- intensificação de movimentos separatistas em algumas regiões;
 
- criação de uma situação criminal perigosa nas ruas de Kyiv e outras cidades, envolvimento em provocações de combatentes de batalhões voluntários;

- "abalroamento de dentro" com ajuda de agentes do movimento voluntário e Forças Armadas com motivo principal "Guerra para alguns, para outros mãe querida".

- O período definido como crítico para realização do "Shatun", - meados de novembro de 2016 - março de 2017. Quanto aos seus prováveis executores, com alguns deles propõe-se "realizar negociações", outros "aproveitar no escuro", bem, alguns simplesmente indicados como "iniciador de protestos".

Os acontecimentos dos últimos dias provam: muito do que está acontecendo, coincide diretamente com os algoritmos deste plano (ou seu esquema), que vieram a público, lembro, 20 dias antes do início dos protestos em massa, em Kyiv. Além disso, clara indicação do Kremlin e Lubyanka é visível na anexação de protestos (pela participação nos quais, segundo relatos na mídia, os participantes recebem um determinado montante), principalmente mulheres, idosos e estudantes. Bem, temas de tais reuniões, frequentemente  absurdos do ponto de vista do senso comum - "contra a desvalorização da hryvnia", "pela taxa de 8 hryvnia por um dólar", pelo retorno de velhas tarifas", etc. Mas, parece, que quanto mais absurda, mais a situação fica tensa. Parece que aos organizadores (ou àqueles, que com eles comandam) é extremamente necessário, que haja derramamento de sangue de idosas e jovens pessoas. Neste sentido lembrem a frase de Putin: "E que algum dos militares tente disparar contra o seu próprio povo, pelo qual nós estaremos atrás, não na frente, mas atrás. Deixe que eles tentem atirar nas mulheres e crianças. E eu olharei para aqueles, que darão tal ordem na Ukraina" . Lembrem, na Criméia e no Donbas usavam exatamente esses "escudos vivos", atrás dos quais escondiam-se  as forças especiais russas e militantes locais treinados com antecedência. Atualmente, junto aos comícios na capital circulam ativamente jovens com aparência esportiva...

Geralmente, eu recomendo ler o texto da conferência de imprensa de Putin, de 14 de março de 2014, no site oficial do Kremlin. Segundo a medida de cinismo, mentiras e uso de tecnologias manipulativas chequistas - é algo único, esta conferência de imprensa; ela deve ser estudada para reagir às ações do "mundo russo".

Caçar "Shatun"

O nome "Shatun", quanto a mim, não é tanto de "Shatath" (balançar, em russo) quanto de "urso-shatun" ("urso-biela"- em português), que no inverno penetrou na toca (o final do plano - é justamente o inverno e início da primavera). Você não sabe o que esperar, aonde aquele urso rapidamente pulará em você, ele é imprevisível em tudo, além das ações agressivas e destrutivas, ele semeia a incerteza e o medo. E, para se livrar desse medo as pessoas, geralmente, estão prontas a entregar quase tudo... (Prezados, a palavra composta "urso-biela parece não ter nenhum sentido, pois "biela", segundo Aurélio, é uma peça de máquina... mas foi esta tradução que encontrei no dicionário. OK).

Caricatura Política de Alex Kustovskyi
Bem, os primeiros sucessos de "Shatun" já estão presentes: crescimento da desconfiança mútua entre todas as forças políticas e desconfiança da sociedade a todas elas. Kremlin e Lubyanka, com base nos seus agentes e idiotas úteis, poderão aproveitar as falhas reais do malogro do governo, corrupção e incompetência da elite política e desespero de milhares de pessoas empobrecidas, em seus próprios interesses. Isto não deve ser permitido. Espera-se que para "Shatun" encontrar-se-ão caçadores não esperados por Putin.

Mas, não podemos esquecer: o próximo alvo de Putin é demonstração ao mundo do "sabat nazista" na Ukraina, planejado de Moscou...  

Sergey Grabowski - PhD, membro da Associação de Escritores Ukrainianos.

Tradução: O. Kowaltschuk