terça-feira, 30 de junho de 2015

Notícias Diversas
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 30.06.2015


Presidente da Lituânia, Dalia Grubauskaite, reagiu à revisão da legalidade do reconhecimento da independência dos  Estados Bálticos e afirmou que ninguém tem o direito de pôr em perigo a independência, conquistada com sangue de cidadãos.
Lembramos, a Procuradoria Geral da Rússia começou verificar a legalidade do reconhecimento da independência dos Estados Bálticos pelo Conselho de Estado da URSS em 1991.

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Protestos armênios forçaram Putin fazer concessões a Yerevan.


De acordo com a edição americana The Wall Street Journal, temendo a escalada de tensões na Armênia, Serzh Sargsyan e seus protetores russos fizeram concessões.
O artigo destaca que os manifestantes colocaram-se não apenas contra o aumento dos preços da energia, mas também contra a dominação russa em muitas áreas da economia, corrupção e nepotismo que são características obrigatórias do modelo de negócios do Kremlin.
Em conexão com acusações de corrupção, o presidente armênio ordenou uma auditoria na companhia Redes Elétricas da Armênia, que é liderada pela russa Inter RAO, cujo presidente Igor Sechin - amigo próximo de Putin.
O líder armênio e seus patronos russos, parece que compreenderam a profundidade do sentimento das pessoas. Na semana passada, Kremlin destinou $200.000 de ajuda militar a Armênia, que tem uma longa disputa territorial com o vizinho Azerbaijão. Moscou também concordou transferir para o tribunal armênio o soldado russo suspeito de assassinar a família armênia em janeiro.
A publicação do The Wall Street Journal diz que Putin decidiu fazer concessões aos manifestantes para manter  seus investimentos militares de Gyumri, com aproximadamente 3 mil militares russos. Segundo a publicação esta base é "campo de operações militares russo no corredor Sul - Cáucaso, sem o qual Moscou não poderá controlar o Mar Cáspio e Ásia Central.
"Putin considera o Cáucaso como parte do domínio imperial da Rússia e, atacando Geórgia em 2008 separou dela parte de seu território. Putin também busca estabilidade da União Econômica da Eurásia, da qual Armênia se tornou membro.
A publicação também menciona, que durante a Cimeira da Parceria Oriental a UE privou de simpatia os estados do sul do Cáucaso: Armênia, Georgia e Azerbaijão. Negando a estes países um caminho claro para a Associação, a Europa empurra-as a esfera de influência de Putin" - resume o The Wall Street Journal.

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Blomberg: Algumas pessoas do círculo do Presidente Vladimir Putin, incluindo  o vice-primeiro ministro, dois ex-ministros e presidente do Gazprom, por mais de 10 anos apoiavam a atividade na Espanha, de uma das maiores gangues criminosas russas.
A agência Blomberg refere-se ao documento  de 488 páginas que os investigadores Juan Carran e José Grenda enviaram em 29 de maio ao Tribunal Central, com base em uma investigação de dez anos.
O documento afirma, que os participantes do "grupo Tambov de São Petersburgo" estabeleceram-se na Espanha em 1996, quando Putin foi vice-prefeito de São Petersburgo, para ajustar o branqueamento  dos rendimentos do crime.
Carran e Grenda, durante a investigação tentaram ligar os círculos criminosos com a s forças de segurança e políticos russos. Materiais do caso - milhares de registros de negociação, provas de transferências bancárias e transações imobiliárias.
Os investigadores pedem a aprovação do tribunal, ao todo são 27 pessoas que participaram dos crimes. No entanto, a agência observa que na Espanha não há julgamento à revelia.
Os investigadores também exigem confisco de uma construção em Maiorca, que pertence ao Vice-Presidente do Comitê da Duma, Vladislav Reznik. Reznik pode tornar-se a única pessoa, à qual podem denunciar. Através de Resnik o líder da Organização de proteção aos cidadãos Gennadi Petrov exigia nomeação de pessoas de sua confiança para posições importantes na Rússia em troca dos ativos da Espanha.

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OSCE: Shyrokine, aldeia próxima a Mariupol deixaram todos os civis. Os militantes realizam tiroteios cada vez mais frequentes. Na aldeia já destruíram 80% dos edifícios.

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Aproximadamente mil nossos soldados, sem nome e sobrenome, estão enterrados nos cemitérios de três cidades. Só em Dnipropetrovsk há cerca de 500 sepulturas. Estes são os combatentes trazidos já mortos, irreconhecíveis. Deles retiram materiais para o DNA e depois comparam com os materiais dos parentes. Então a maioria dos combatentes enterrados são considerados domo desaparecidos. O número dos considerados desaparecidos é muito alto. Seria mais simples: o soldado está sepultado, o material colhido, encontrem a família - não procuram", - declarou Ruban, dirigente do Centro de liberação de prisioneiros. (Já li que procuram estabelecer a identidade quando os familiares procuram saber. O material fica guardado, e relacionado ao local onde o soldado foi enterrado Parece que não o fazem por questão de tempo e dinheiro quando a família não busca. - OK).
Quanto ao número de cidadãos ukrainianos que estão hoje nas prisões dos militantes, Ruban disse que há duas semanas o governo ukrainiano falou em 400 pessoas, a uma semana em 270. Mas Donetsk não confirma a libertação de 130 pessoas. Nossos dados são outros, registramos cerca de 400 pessoas, mas não são apenas os detidos, estão incluídos os que passaram para o outro lado.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 28 de junho de 2015

História de um caso. Como julgam os "assassinos" de Buzyna.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 22.06.2015
Olga Hudetska


Em 18 de junho no tribunal Shevchenko - Kyiv, elegiam a medida de restrição para Denis Polishchuk e Andrey Medvedko - suspeitos no assassinato de Oles Buzyna - batedor e sapador, participantes dos combates no leste da Ukraina, ex-ativistas do Maidan - o seu estado, neste caso, foi uma surpresa.
Até 18 de junho viviam sua vida normal e, no dia 18 foram detidos, espancados e levados ao tribunal.
De acordo com os suspeitos, o que argumentaram convincentemente os advogados na sessão, qualquer investigação anterior não foi realizada . Interrogatórios, chamadas, notificações não houve. Medvedko disse que ele foi detido pela manhã, no setor privado, bloqueando o carro, no qual ele viajava com amigo.

- Nós nos encontramos bloqueados de todos os lados. Imediatamente começaram atirar de curta distância, sobre nós, em dado momento quase sobre minha orelha. Atiravam com pistolas. O significado prático de tais ações não é muito claro, porque estávamos num carro fechado e não podíamos correr, mesmo porque todas as saídas possíveis foram cobertas, o que era óbvio para todos. Quando nos arrastavam do carro, espancavam. No Departamento de Combate ao Crime Organizado (Huboz), aonde nos levaram, batiam menos. (Esse  Huboz já foi liquidado pelo presidente, mas, pelo jeito, ainda não o substituíram com nada melhor - OK), diz o detido.
Enquanto compareciam os amigos dos detidos, de Medvedko, sem o seu consentimento, recolheram amostras para análise de DNA. Interrogatórios formais não houve, apenas conversas informais, nas quais propunham confessar, "Como fazem todos os assassinos respeitáveis".

Os amigos não conseguiam estabelecer conexão com outros ativistas, nem com a companheira de Medvedko.  Como revelou-se mais tarde, na casa da companheira faziam busca sem a presença de advogado. Depois da busca não deixaram nem o protocolo, apesar dos pedidos insistentes.
Depois, no pátio do Huboz apareceu o carro do Medvedko. O motorista não era conhecido. Os ativistas Sergei Bondar e Cyril Babentsov reconheceram o carro, e esforçavam-se descobrir de que modo o estranho tornou-se seu motorista. Ele rapidamente foi embora, mas ao sair, tentou atropelar um dos meninos. Eles registraram a queixa (Será que vai adiantar? - OK).

Antes do tribunal Medvedko conseguiu contar: no Huboz, apontando para as chaves do carro, os investigadores perguntaram, aonde estava o carro. O rapaz negou-se à resposta mas ele foi "tranquilizado" - sozinhos encontraremos. Já por algumas horas seu carro encontrava-se no pátio do Uboz.

Poderá, futuramente, provar que seu carro foi removido sem os procedimentos adequados e no qual, um funcionário da investigação, livremente andava pela cidade?
Nos materiais do caso, que os defensores de Medvedko receberam, questões sobre a retirada do veículo e sua busca não havia.
Na continuação, as circunstâncias da apreensão do veículo soarão várias vezes no tribunal, mas não receberão atenção da juíza Khardin que conduz a sessão em relação a Medvedko.


Sessão do Tribunal
A sessão sobre sobre a custódia de Polishchuk ocorreu relativamente rápido.
O juiz Bahil, que julgava os ativistas no período de Yanukovych, ordenou a medida preventiva - detenção por 2 meses ou um depósito de 5 milhões de UAH
Comparação: ao regional (ex-partido de Yanukovych) Efremov, suspeito de incitação de ódio étnico, que levou à morte pessoas (eventos no leste), e abuso de cargo em difíceis situações ("leis de 16 de janeiro"), estabeleceram fiança de 3,6 milhões de UAH, mas de primeira foram só 60 mil.
Polishchuk foi defendido por advogado estatal. Tudo o que lembram os presentes sobre o seu trabalho - é a frase que todos os guardas deveriam ser demitidos porque permitiram a entrega de alimento ao suspeito. Tradicionalmente, tentaram não deixar a entrada nem dos jornalistas.

À sala do tribunal, trouxeram Medvedko com saco na cabeça. Após retirá-lo, os presentes viram no rosto vestígios de golpes. Eis alguns exemplos de seguintes irregularidades e manipulações:
- Decisão sobre medida preventiva a Andrey Medvedko examinava a juíza Oksana Khardin, que deveria apresentar uma opinião objetiva em relação a objetividade da suspeita e riscos segundo resultados da sessão. No entanto, foi esta juíza que aprovou a decisão sobre a detenção de Medvedko, e nesta decisão indicou, que o Tribunal "chegou à conclusão" sobre a validade dos motivos para detenção.
- O investigador Ruslan Mohylnyi e o procurador Alexander Mashkov entre os argumentos para a detenção, repentinamente "encontraram" uma granada, apesar de que nas acusações não há nenhum artigo sobre o armazenamento de munição ou explosivos. A razão é simples - a granada é de instrução, ela é do suspeito desde o tempo do serviço militar, porque no seu batalhão ele era sapador (pessoa que abre fossas, trincheiras, galerias subterrâneas - OK).
- O juiz simplesmente ignorou a solicitação para liberalização de Medvedko da "gaiola", porque nenhum tribunal ainda não o considerou culpado ("gaiola" é referência àquele cercado onde permaneceu Medvedko durante a sessão de julgamento - OK).
 - Também Oksana Khardin não deu atenção à solicitação da defesa para conceder proteção ao protocolo da detenção de Medvedko.

 - À defesa forneceram incompletos autos da questão, o que tornou-se conhecido apenas durante a sessão. Alguns protocolos citados pela juíza durante os advogados simplesmente não tinham.
Significativo tornou-se o diálogo dos defensores com os representantes do inquérito em relação às supostas convocações anteriores para inquirição:
 - Vocês informaram o suspeito pelo correio ou pessoalmente?
 - Assim e assim.
 - Vocês tem o recibo da entrega no correio, ou qual documento do correio que foi aceito para envio, intimação para Medvedko?
 - Não temos. Nós enviamos cartas comuns.
 - E como vocês entregavam a intimação, pessoalmente?
 - Indicava-se uma pessoa, que levava a intimação ao registro de domicílio.
 - Trazia a intimação e entregava a quem?
 - Não entregava. Colocava na caixa do correio.
 - Nós não temos nossa caixa de correio na nossa entrada - diz Medvedko.
 - E quantas convocações e quando vocês enviaram?
 - Está tudo nos autos.
 - Eu encontrei apenas duas. São estas que você diz?
 - Sim.
 - Aqui, nas convocações são indicados números de outros processos. Como você pode exigir de levar sob custódia a pessoa nesta questão, se enviaram a ela intimação em outras? E eis que nesta intimação consta a data: aparecer tal dia do ano 2.016.

O juiz não lê Avakov
Mais um episódio significativo - vigilância secreta a Medvedko e seus próximos.
O promotor e o investigador recusam-se responder à pergunta sobre proteção da espreita, alegando sigilo da investigação. Apesar de que sobre isto, ainda pela manhã, escreveu o presidente do Ministério de Assuntos Internos em sua página no Facebook. As questões ouvir rádio, vídeo controle e outras atividades secretas, remove o juiz.
A questão de rastreamento é importante - a detenção é fundamentada com o fato de que os investigadores desconhecem o local de alojamento de Medvedko.
Sobre o rastreamento, ainda no início da sessão declarava o próprio Medvedko: ele encontrou um dispositivo conectado ao seu carro, que rastreava suas deslocações.

Embora as resoluções sobre ações secretas ainda estão ausentes nos materiais, os investigadores conseguiram "extrair de modo secreto" o chicle da mãe de Medvedko - funcionária do jardim de infância - e enviá-lo para exame de DNA.
Possivelmente era ela que Avakov tinha em mente, quando postava no Facebook, escrevendo sobre "provas diretas"?
Mas resultados do exame da DNA também não havia nos materiais da questão. Havia apenas o seguinte;
 - Armas, objetos do crime, no local do acontecimento, ou em outro local, não foi encontrado.
 - Armas com Medvedko e Polishchuk não foram encontradas; 
 - Procedimentos de identificação pessoal não havia; protocolos sobre isto na investigação não há, tais ações investigativas não realizaram com Medvedko, segundo suas palavras;
 - A testemunha fala sobre pessoas com máscaras e bonés, vistas no local dos acontecimentos; e estes são os únicos dados sobre sua aparência que estão nos protocolos das testemunhas; 
 - Não há trabalhos fotográficos;
 - Resultados do exame de DNA - de Medvedko ou sua mãe, não há;
 - As indicações mais importantes: testemunhas do local dos acontecimentos: "soube do assassinato de Buzyna do Facebook de Gerashchenko", "Vi o carro com números da Lituânia", "Vi dois com máscaras e bonés";
 - A testemunha Ravchan diante do protocolo de interrogatório, na linguagem literária ukrainiana, com dificuldade escreveu uma frase torta sobre lealdade, gravada com suas palavras - mas em russo.  Ravshan testemunhou sobre quaisquer carro com números poloneses, mas durante todo seu interrogatório tentaram empurrá-lo delicadamente para o lado dos tão necessários à investigação sinais de numeração italiana;
 - Impressões não banais da testemunha, que não sendo especialista em armas, com esperteza e distância considerável, com seu olho de águia determinou, que viu nas mãos de um desconhecido, próximo ao local do assassinato de Buzyna a "pistola Nagan" do ano concreto de lançamento;
 - As testemunhas citavam diferentes modelos (Ford Focus, Ford Transit) e sinais de numeração de diversos países.

Não foi mencionado nenhum elo que conectaria Polishchuk e Medvedko com o caso Buzyna, ou o carro que foi visto no local do acontecimento. No local não encontraram suas impressões digitais, não há nenhum exame de DNA - qualquer coisa que possa, de alguma forma, passar um fiozinho do acontecimento às pessoas suspeitas.

O pedido sob fiança, aos deputados Andrew Ilienko, Yuri Lutsenko e Igor Levchenko foi negado.

A defesa também chamou atenção para suposições investigativas, certas "fantasias" inaceitáveis, não baseadas em fatos, que soam como acusações graves.
Advogado: - No pedido de medida cautelar indica-se, que "em março" de 2015 a Medvedko e Polishchuk surgiu a intenção de matar Buzyna. Podem citar no arquivo do caso, a página em que isto é confirmado?
Juiz : A questão está fechada.
A defesa também encontrou os protocolos de ações de investigação deste caso, executados pelos investigadores, que não estão incluídos no grupo de trabalho sobre esta questão e, portanto, não tinham direito de realizá-los.

Medvedko também anunciava, que no tempo do assassinato de Buzyna ele estava na área da ATO e que há dados de geolocalização de seus posts em redes sociais, que podem confirmar isso.

Praticamente todos os argumentos da defesa desagregavam-se ignorados pelo juiz. Negaram não apenas em aceitar a fiança dos deputados, mas também a possibilidade de recolher características de Medvedko - de seus comandantes, funcionários, ou pelo menos dar a palavra às testemunhas, que já se encontram nesta sala e podem dar-lhe uma descrição verbal.

O texto da resolução, em 90% compunha-se de argumentos de acusação constantes no pedido de custódia. Que Medvedko lutou na área da ATO e que tem características positivas, foi mencionado em duas frases e no contexto de que isto não supera os possíveis riscos.

Desvendar os argumentos da defesa quanto às acusações infundadas o tribunal não o fez. Embora, nos termos do artigo 177 KPK (Código do Processo Penal), a base para medida preventiva é a existência de suspeita fundamentada da realização, pela pessoa, de infração criminal. Medvedko será mantido sob custódia até 14 de agosto, sem direito ao depósito (depósito de determinada quantia, para aguardar em liberdade, o que foi permitido a Polishchuk).

. . . E neste momento no palácio
Seguramente, apenas o preguiçoso não investigou ainda as declarações de Avakov (Ministro do Interior) que declarou os suspeitos na questão, criminosos e, de forma incondicional, descreveu sua suposta participação no crime. Ele citou seus nomes, sobrenomes, cidade onde vivem, data de nascimento. E isto não é primeira vez. Em 2014 Avakov já informava sobre detidos no caso de fuzilamento de funcionários da DAI (Polícia de trânsito ). O título do post era "Assassino". Apesar de que seu estatuto processual era ainda "suspeitos", Avakov respondeu - em geral, sim, mas neste caso ele estava muito convencido, evidências são muitas e irrefutáveis. Os mencionados "assassinos" foram dispensados por decisão judicial, por falta de provas. (Na mídia já apareceram críticas ao modo como está sendo conduzido este caso. Dizem: "Os julgamentos realizam-se da mesmo forma que realizavam-se no governo Yanukovych, não há transparência.").
O hábito do chefe (Avakov), rapidamente adotaram os subordinados. No pedido de guarda de Medvedko consta: "Andrew Medvedko cometeu um intencional assassinato". Não diz "suspeito de ter cometido", mas "cometeu".
O advogado chamou a atenção e citou uma série de casos do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que reconhece como violação tais declarações de funcionários públicos em relação a suspeitos, cuja culpa ainda não foi reconhecida pelo tribunal. No entanto, o tribunal deixou esta denúncia sem consideração.

Organicamente impressionado pelo tribunal, Avakov envolveu-se numa manipuladora grosseria e usou termos como "torpeza militante" e "estúpidos idiotas", a todas as pessoas atordoadas pelos acontecimentos e, claro, culpou-as pela absolvição do assassinato.
Confirmou que os detidos são precisamente esses "criminosos" que cometeram o assassinato de Byzena (inclusive no jornal ele já deu o caso como resolvido - OK). Poderão ser objetivos os investigadores do Ministério do Interior após seu chefe já ter decidido?

E juízes, quem são?
Especial atenção merecem as pessoas que ocupam-se com a questão de Medvedko e Polishchuk.
Investigador Ruslan Mohylnyi: Questão de U. Mazurko no caso Karavan. O investigador concluiu que Mazurko matou os guardas do Karavan  e depois cometeu suicídio. De passagem Mazurko foi acusado de mais oito assassinatos.
Num outro caso, de assassinato R. Mohylnyi ignorava as instruções do promotor. O queixoso ganhou o processo. Não foram cumpridos os requisitos do Art. 64 do Código de Processo Penal, não foram interrogadas as pessoas mencionadas na declaração de ofensa, não foram colocadas todas as circunstâncias do caso. O inquérito sobre o assassinato foi renovado.
Procurador Alexandr Mashov comentou: "Dada a situação, o que está acontecendo na sociedade, você pôde ver, que na véspera do crime, foram feitas muitas declarações sobre a possível vingança pelas pessoas que participam dos motins".  Isto ele falou em referência aos participantes do Maidan. Assim, sem nenhuma averiguação atribuiu o crime aos que lutavam pela Ukraina.
Juíza Oksana Khardin julgava os ativistas pela derrubada da estátua de Lenin, em Kyiv.
Juiz Vladimir Buhil colocou na prisão o ativista do "Controle de Tráfego Andrew Dzundzi e seu advogado, Viktor Smal. Depois abriu um caso contra os ativistas do "Imposto Maidan", por danificar a calçada durante uma passeata de poucas dezenas de pessoas (Lembro, muitos davam testemunho que nada havia sido danificado, a passeata foi pacífica, realizada pelos comerciantes - OK) Foi um caso hilário. Também este juiz soltou da prisão Vadym Kitushka, que, com seu bando, atacava pacíficos manifestantes, ainda anteriormente ao Maidan.
(Até onde eu percebo pela leitura dos jornais, nenhuma mudança foi feita no Sistema Judiciário, nenhuma substituição de pessoas ocorreu.  Todo sistema judiciário que satisfazia, plenamente, o governo Yanukovych está presente e ativo.  O resultado já começamos ver.  Os juízes tem cargo vitalício? Não sei. Sobre afastamento de Avakov do Ministério, o presidente já mencionou que irá ocupar-se com o caso Avakov.  Na opinião de alguns deputados Avakov não será dispensado porque ele é líder do bloco Frente Popular, que apoia o governo. No lugar de concentrar as forças contra o inimigo externo... OK).

Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Mudança de vetor. Rússia prepara um novo compromisso para "FSC" e "DNR".
Tyzhden.ua. (Semana Ukrainiana), 25.06.2015
Denis Kazanskyi

Apenas durante um ano de sua atividade,"FSC" e "DNR" conseguiram superar na mídia russa o caminho de "jovens repúblicas, que se opõem ao fascismo", a ninguém necessários territórios, habitados por bandidos, que é melhor devolver a Ukraina, que sozinha se ocupe com estas "terras sangrentas". E claro e entendido, que Ukraina assuma sozinha o peso da reconstrução e manutenção dos hoje controlados por militantes, pedaços de Donbas. 


Se você olhar os enredos dos vídeos, tomados no início do verão passado, depois que as ações dos combates entraram na fase quente, então as reportagens que emanam da mídia russa agora, a mudança da retórica cai no olho até ao distante de informações tecnológicas aposentado.

O tom histérico, lancinante de relatórios da linha de frente, como a mentira sobre meninos crucificados e sobre destruição dos pacíficos moradores da cidade de Shchastia por membros de destacamento punitivo mudaram gradualmente por histórias francamente céticas, que contam corriqueiramente sobre desencadeamento do banditismo e brigas pelo poder entre milícias dos "senhores da guerra". Além disso aqueles mesmos "speaker" (Esta palavra até parece que já entrou no vocabulário ukrainiano porque "spiker" é muito usada - OK), que anteriormente conclamavam para punir os "fascistas", e concomitantemente prometiam destruir completamente o Estado ukrainiano, agora falam de forma diferente. Eles já não exigem reconquistar "Novorrossia" até a Transnistria, mas tentam convencer o próprio público, que Donbas seria melhor transmitir a Ukraina,  a maior expansão não lembram nunca. A vida com reanimado mito histórico com belo nome "monárquico" revelou-se surpreendentemente curta.

Não a muito tempo atrás o apresentador da TV russa, Solovyov do palco anunciou que Donbas é necessário deixar na composição da Ukraina como"anticorpo contra o fascismo". Isto é, se traduzir no idioma do auditório russo, propôs entregar a região aos fascistas para "desinfectar a infectada Ukraina com a praga marrom".

A lógica do propagandista russo impressiona com sua esquizofrenia. Afinal, se nós acreditamos que, de fato, na Ukraina, o regime é fascista, que forma deve oferecer Solovyov? E entreguemos a Hitler Smolensk, Pskov e Leningrado, lá não são poucos os comunistas. Que eles sejam os anticorpos do Terceiro Reich.

Mas o auditório russo engolia absurdos ainda maiores. Não voaram tomates sobre Solovyov. O público aceitou a proposição com bastante favorabilidade, portanto, concordou que três milhões de pessoas devem ser consideradas "anticorpos" e, de fato, devem ser usadas como um instrumento no jogo geopolítico.  

TODA REGIÃO QUEREM, ABERTAMENTE DESIGNAR COMO  "LASTRO", "FREIO" PARA PROGRESSO DA UKRAINA NO CAMINHO DA INTEGRAÇÃO A UE. 

Declaração muito semelhante em conteúdo fez outro orador famoso de Kremlin - o fundador do movimento "Antimaidan" o escritor Starikov: "DNR e FSC de acordo com os interesses do "mundo russo" devem continuar na composição da Ukraina. É um peso no pé da Ukraina.

Com muita crueldade expressou-se sobre os separatistas de Donbas também Zherinovskyi (político russo) que chamou "DNR" e "FSC" de "projetos favoráveis à USA". Embora na última primavera o político russo, conhecido por suas declarações nacionalistas radicais, enviou para militantes de Donbas um blindado "Tiger".

Na mídia russa frequentemente criticam "os senhores da guerra" das auto-proclamadas "repúblicas". Se anteriormente havia tabu real sobre elas, então agora os propagandistas parece que abriram os olhos e correram ao 
mesmo tempo para expor seus ídolos de ontem. O recurso do Kremlin "Ukraina. ru" produz materiais onde os comandantes de campo são retratados como bandidos, traidores e covardes, envolvidos em saques na retaguarda e não participaram de combates como exército ukrainiano. O autor de tais publicações frequentemente é nosso conterrâneo, jornalista Chalenko, que no início da ATO amaldiçoava Ukraina,  0 máximo que podia. A publicação da "Gazeta.ru" produziu material devastador sobre os "senhores da guerra", pintando a vida em "FSC e DNR" com extremamente sombrias cores...

O que os tolos tem na língua, aquilo o patrão do Kremlin tem no pensamento - princípios medievais permanecem atuais na Rússia contemporânea. É evidente que o dever dos propagandistas da FR hoje, não é aumentar mas um pouco dissipar o ódio a Ukraina. E, de passagem dissipar a aura de heroísmo ao redor das "repúblicas populares" para justificar, de algum modo, a "rendição". Assim falando, nem tudo lá é tão certo, os terroristas são problemáticos, governo não existe, ao redor bandidos e saqueadores. E sob cobertura da aplicação dos acordos de Minsk transferir todo o peso da responsabilidade para Ukraina.

Em declarações públicas de Moscou que ela quer usar Donbas como peso para Kyiv, para impedir a entrada da Ukraina a OTAN e UE, os cidadãos da Rússia  não se surpreendem e não se indignam. Muito provavelmente considerarão esta decisão certa e clarividente. Mas, quão desagradáveis tais conclusões soam para os defensores do mundo russo" no Donbas! Afinal, toda a região querem, abertamente, designar "lastro", "freio" para progresso da Ukraina no sentido da integração a UE. Parece, que nunca antes, à terra mineira, não era destinada uma missão tão vergonhosa. Pelo contrário, no período de Stalin, Donbas tinha um estatuto oficial, ele era ativamente promovido pelos bolcheviques e, em seguida, pelo Partido das Regiões, cujos representantes abençoaram a rebelião separatista.

Como se sentirão agora os numerosos apoiantes da amizade com a Rússia, ao perceber que sua função agora - atrapalhar, destruir, sabotar quaisquer progressos da Ukraina, para não permitir a sua consolidação e independência econômica? Como eles se sentirão, compreendendo, que Moscou se recusou deles e deixou-os viver na Ukraina, especialmente para que eles se afundem, afundando com ela? Será que aos gloriosos mineiros e metalúrgicos não é repugnante, que a eles foi destinado o papel de "viciado em fortalecimento - uma espécie de elemento anti-social que  plantavam especialmente os impostores na casa dos patrões em 1990, para afinal vender-lhes a moradia. 

Infelizmente, exclamações iradas de Donetsk não se ouvem. Isto significa, que Donbas ou ainda não percebeu seu triste destino, ou simplesmente cansou de tudo o que está acontecendo. Mas se, afinal, ninguém lhe perguntar, simplesmente colocarem-no diante do fato, ao restante da Ukraina é tempo de pensar.

Se vale a pena, incondicionalmente aceitar à sua composição "FSC" e "DNR", cuja meta é ser nocivo, prejudicar? Se necessitam os ukrainianos voluntariamente infectar-se com "anticorpos" contra si mesmos? É só à primeira vista que Moscou parece mais pacífico e construtivo. Como porta-voz de Kremlin novamente apresentou-se Viktor Yanukovych, que em sua cômica entrevista à BBC anunciou, que ele era apenas favorável a todo Donbas fazer parte da Ukraina. No entanto das palavras do "legítimo" nem todos zombavam. Muitos de seus colegas abertamente e legalmente trabalham no nosso território, preparam-se às eleições locais, "lutam pela paz". E à "marcha política sobre Kyiv" - não necessitam muito  - apoio no Conselho na forma de líderes militantes que, não se deve duvidar aspiram para representação considerável em órgãos governamentais. "Obrigação à paz" já é bem aprimorada tecnologia política russa. O principal que a sua essência percebam em tempo os atuais líderes ukrainianos, antes de se sentar à mesa de negociações com os terroristas.

Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Ferido na ATO: a luta de Sergey Hrapko
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 12.06.2015
Iryna Soloshenko

Sobre Sergey nós soubemos quando ele voava para Kyiv. É assustador lembrar, mas então ele estava em estado muito grave, e nós pensávamos, ele chegará ou não. Rezávamos para que chegasse.

Grave ferimento da explosão da mina, seguido de amputação de membro superior e inferior esquerdo, ferida aberta do peritônio, trauma abdominal grave.
Depois, nas longas três semanas, à pergunta sobre o estado de Sergey, ouvíamos uma resposta: "Difícil, estável, mas difícil". Pesava na alma, os médicos não tinham certeza na sobrevivência de Sergey.
Mas ele sobreviveu. E como não sobreviver, se a seu lado estava a maravilhosa esposa Natasha.


Quando no primeiro dia após reanimação, Sergey foi transferido para enfermaria, eu fui conhecê-lo. Próximo da cama havia uma mulher, uma jovem mulher num roupão de banho. Ela massageava a mão direita de Sergey.
- Posso perguntar, você é a esposa? - Dirigi-me a ela. Ela assentiu com a cabeça, em silêncio.
Sergey cumprimentou baixinho, sua voz é quieta após a intubação, e sob a clavícula ainda está o
cateter  intravenoso.
- Desculpe, mas eu vou cansá-lo um pouco com perguntas.  
Quando eu não ouvia o que dizia Sergey, suas palavras repetia Natasha.
Antes da guerra Sergey trabalhava como gerente-distribuidor da empresa produtora "Uchmebel". Ele foi mobilizado em 31.01.2015. Foi para 30ª Brigada. Em casa ficaram duas crianças: filho de 7 anos e filha de um ano.


Eis o que ele lembra, quando foi ferido:
- Isto aconteceu em 16 de maio, na aldeia em Luhansk. Havia tiroteio, eu e amigo levamos um combatente ferido para um reflorestamento próximo. Eu peguei a caixa de primeiros socorros. Assim que cortei a armadura, a nós chegou uma mina. O ferido tornou-se 200, e eu 300 (Em ordinais, 200 ou 2 centenas é o número que designa os mortos, e 300, pelo exemplo, deve ser designação de feridos, ou feridos gravemente. É gíria. Não tenho certeza - OK). 

O outro meu amigo estava logo atrás de mim, e teve apenas uma concussão. Ele me puxou, cortou as armaduras, deu os primeiros socorros. Depois me levaram num BMP (máquina de guerra), evacuaram para Artemivsk, lá havia um médico do hospital de Kyiv. (Nós hospitais centrais das regiões trabalham médicos de Kyiv para reforçar a composição - OK)).

- Este médico depois vinha para sala da reanimação, dizia que se lembrava de mim. Mas eu não lembrava dele...
- Sim, Sergey não lembrava nada, - diz Natasha. - Eu, na reanimação, todos os dias contava e repetia tudo o que acontecia.


- Natasha, e como você soube sobre o ferimento?
- A mim telefonaram logo depois do acontecido, e pediram para que eu me segurasse... Então eu voei para Kharkiv.
- E como o filho recebeu a notícia, de que o pai está gravemente ferido?
- Ele ainda não sabe, eu quero que o próprio pai lhe conte, mais tarde.

Eu percebi que Sergey estava ficando cansado, e decidi acabar com o interrogatório. Natália nunca pediu ao marido que se recusasse da defesa de seu país. Ela o apoiava e apoia em tudo. Amor tão terno e devotado eu quero desejar a todos nós.

Estas são as pessoas, que sendo essencialmente pacíficas, não hesitam e vão defender a Pátria, diante das quais estremecemos, sempre sentimos respeito e desejamos fazer de tudo para que elas se restabeleçam.

Pessoa iluminada Vadim Svyrydenko
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 23.06.2015
Mila Ivantsova

Você se sente inseguro quando, pela primeira vez, vai ao hospital para visitar feridos. Quem sabe, como falar com eles, com que palavras e ações apoiar a pessoa na adversidade, nutri-la com sua energia, acrescentar forças e vontade de viver e lutar.

Abre-se a porta da enfermaria, e lá... na mesa de massagem esta um soldado em shorts e camiseta e... faz treinamento sob a orientação do instrutor - reabilitador. Com intensidade balança os músculos das mãos e pés, amarrados com uma faixa de borracha especial, que o treinador segura a distância. E tudo seria nada se os antebraços finalizassem com as mãos e as pernas com os pés.

- Sentem-se, contem. Eu, enquanto isso vou continuar. Eu ouvirei tudo! - alegra-se Vadim com os quatro visitantes - seu amigo de Debaltseve e nós, três mulheres, que vieram visitá-lo.
Penso - "Deus, que força de vontade! E eu apenas prometo exercitar-me todos os dias! Mas nós lhe trouxemos livros, como irá lê-los..."

Enquanto isso trava-se conversa, trocamos notícias sobre os acontecimentos e amigos comuns, ouvem-se piadas... Então o treino termina. Vadim veste uma camiseta seca, já ocupa seu lugar na cama, e nós voltamos novamente, às conversas.

Incrivelmente amigável e equilibrada pessoa. Não reclama, não se irrita, nada pede. Pergunta sobre as novidades, brinca...
Depois de uma hora e meia nós saímos, com a impressão de estarmos inflados com energia, sorrisos, força e crença em nossa invencibilidade. E ainda - com percepção de que os problemas, devido aos quais todos nós nos queixamos, não são problemas, mas pequenas contrariedades.

Ele tem 42 anos, mas parece mais jovem. Escapou milagrosamente da caldeira de Debaltseve. Enfermeiro com educação econômica superior. Ajudava os outros, tratava soldados e civis, salvava vidas, mas sozinho recebeu ferimentos causados por estilhaços quando, com outros soldados ia prestar ajuda ao cercado checkpoint. No hospital de Debaltseve recebeu a primeira ajuda e na noite de 16 de fevereiro foi enviado a Artemivsk. Mas o comboio de carros, inclusive o carro com os feridos foi alvejado, depois o carro arruinou-se numa mina.

Ao longo de dois dias, no auge do inverno, ferido e contuso passou entre corpos congelados de seus colegas mortos. Comia neve e esperava sobreviver. Sabia que precisava lutar, precisava voltar à sua casa.
Ele foi recolhido pelos "deenerivtsi". Interrogavam, chamando-o de fascista, não acreditavam que era médico. Por sorte, durante o dia foi trocado (troca de prisioneiros - OK) e levado a Dnipropetrovsk. Em seguida, para uma clínica especializada em Kyiv.
Infelizmente, reviver os tecidos congelados não conseguiram, e os médicos foram forçados a amputar os pés e as mãos. Mesmo os médicos experientes mal continham as emoções, quando falavam sobre esta única possibilidade.

É terrível imaginar-se no lugar de homens jovens e fortes, obrigados a passar por tanta dor e tais testes. Mas nisto a vida não termina. Parentes, amigos, voluntários, simplesmente pessoas estranhas apoiam Vadim como podem. E ainda o homem é estimulado para uma rápida reabilitação com o nascimento, em setembro, do bebê que ele e a esposa esperam, e que Vadim planeja balançar com suas mãos.

- Os maiores planos - Instituto de Prótese em Kharkiv.

Novamente treinos para se acostumar à nova vida, novas barreiras e novos caminhos. Ele conseguirá. Todos, que estão familiarizados com ele, não duvidam. E eu acredito, que Deus salvou-o para uma missão especial , porque viverá por si mesmo, e por aqueles que não voltaram vivos.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Andrea  Graziosi: "Hoje lidamos com os efeitos do legado soviético em um ambiente totalmente novo.
Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 18.06.2015

Famoso historiador italiano compartilhou com a Semana seus pontos de vista sobre o papel da iletrada, isolada elite soviética e processos de transformação de início dos anos 1990, sua relevância para o atual conflito russo-ukrainiano, destruição da arquitetura de segurança no mundo e os perigos da propaganda durante a guerra.


Semana: Com o que, em sua opinião, gira a influência da história e propaganda soviética e como isto afeta diretamente as realidades?

- A primeira e mais importante questão, que imediatamente vem à mente, - consequências adotadas em 1933, decisão que impõe dobrar a "ukrainização" (idioma, cultura, costumes - OK) e impor a russificação. Isto levou ao fato de que, a nação ukrainiana sobreviveu como marginalizada, com padrões não apropriados de idioma e cultura, o que não contribuiu adequadamente ao processo construtivo da nação. Outra questão, sobre a qual quero falar (a qual é verdadeira para todas as repúblicas soviéticas), - é o regime de isolamento da URSS como um todo, inclusive com a Rússia, não do Ocidente, mas de toda a civilização mundial. Stalin alcançou êxito criando uma cultura soviética, que cobriu todos os aspectos na esfera de vida da União Soviética. Permanecendo em isolamento, o desenvolvimento é, naturalmente, muito mais lento que estando em contato com o mundo exterior. Isto refere-se sobre o nível cultural da elite soviética. Yeltsin, pessoalmente, era um bom homem mas ele ultrapassou o nível de secretário do Comitê Regional de Sverdlovsk. Portanto o segundo problema - a elite. Não nos esqueçamos sobre o impacto da economia. Muitos falam sobre as profundezas da crise econômica, mas não lembram que nos anos noventa não existia base legal para fazer negócios. Não havia sistema fiscal, porque se não há negócios privados, o governo simplesmente pega parte do salário, e esse confisco não tem nada a ver com a tributação normal que ocorre em relação aos processos sociais.

Além das influências citadas, há uma série de outras, incluindo demográficas. Pensem sobre o alcoolismo. Verdade, que este fenômeno existe em quase todas as partes do hemisfério norte, no entanto, em países que estiveram sob regimes socialistas, tornou-se catastrófico. Verdadeira catástrofe demográfica, cujas raízes entrelaçam-se com sovietismo e regimes socialistas.

DUGIN E PROKHANOV INFECTARAM O ESPAÇO DA ELITE RUSSO

Semana: Cada regime totalitário, em todos os sentidos, tenta controlar a sociedade sobre a qual reina. Nisto, o quanto foram semelhantes o stalinismo, nazismo e o fascismo?

- Naturalmente, entre eles há muitas características comuns, justamente porque nos anos 1930, estes regimes observavam um ao outro e copiavam. A propaganda oficial soviética foi criada segundo padrão nazista. Estes regimes emergiram das realidades da Primeira Guerra Mundial. Eles tinham, por assim dizer, um pai comum - sociedade militarizada. Embora a diferença entre eles é muito importante. Se, falamos sobre o regime soviético, devemos considerar dois períodos na história da URSS: pós-revolucionário e após Segunda Guerra Mundial. O último, como a revolução de 1917 e a guerra civil que se seguiu a ela, mudou absolutamente tudo. Antes do início da Segunda Mundial, Stalin para o sistema soviético, desempenhou um papel crucial, especialmente durante a década de 1930. Os regimes de Hitler e Mussolini, então, eram populares mas não absolutamente, mas eram apoiados por muitos. Se você considerar o campesinato, então 80% da população da URSS odiava a coletivização.

No caso de Stalin existia a execução social ao seu regime, mas ela não foi tão ampla e poderosa comparando com aquelas em que se apoiava hitlerismo e fascismo. Para o regime soviético tudo mudou depois da vitória da Segunda Mundial porque o regime governamental adquiriu popularidade entre um segmento significativo da população. Não, nem todos o apoiavam (lembre-se do Gulag, deportados chechenos e tártaros da Criméia), mas em 1945 os soldados e suas famílias estavam satisfeitos com a vitória.Tal atitude mudou um pouco a natureza do regime soviético após a morte do secretário geral.

Semana: Então, a lealdade à União Soviética, que se formou após a Segunda Guerra Mundial determina os atuais sentimentos pelos "bons velhos tempos soviéticos", embora os últimos desempenharam seu papel negativo na anexação da Criméia, e da eclosão da guerra no Donbas?

- A guerra dá aos regimes a possibilidade de se tornarem mais atraentes para criar um império. Pense nas famílias da elite soviética. Exatamente para elas abriu-se o acesso à Europa depois de 1945. Moscou, então, se tornou a capital imperial. Após a morte de Stalin a sociedade recebeu aquilo que denominavam reformas: Gulag foi eliminado, novamente legalizaram o divórcio e os abortos, aboliram as regras cruéis segundo as quais poderiam ir para os campos de concentração por um banal atraso ao trabalho. E, exatamente nisto houve a esperança na longevidade do referido regime. Não, isto não foi um milagre econômico como no Ocidente, mas a vida se tornou mais leve.

Em meados de 1960 começaram aparecer certos problemas, momentos de crise e complexidade, que surgiram diante do regime soviético. Isto é bem visível da então imprensa, que escrevia sobre o alcoolismo e criminalidade que rastejava para cima, as pessoas não trabalhavam, roubavam no seu trabalho. No ar pairava a sensação que a economia soviética e o sistema social não funcionavam corretamente. Exatamente naquela época os cidadãos da União Soviética viram o "milagre no Ocidente". Permissão para ter um carro para uso privado ilustra claramente essa mudança.

O modelo soviético começou a ficar desacreditado, primeiramente aos olhos da elite da URSS. Todos que lidavam com elas, sabem, que a elite queria produtos importados para si. O colapso da União Soviética começou porque, a mais privilegiada parte do regime soviético, de Politburo e abaixo, começou a pensar, que a União Soviética não lhes proporcionava o nível de vida igual ao do Ocidente.
Mudanças significativas começaram desde que surgiu a certeza que o regime perdeu. Mas, depois que o regime soviético entrou em colapso, em vez de melhorias ocorreu a deterioração. Isto aconteceu porque não foi suficiente simplesmente dizer: "Não, nós não somos mais pessoas soviéticas, mas do estilo ocidental", preservando elite e sociedade isoladas e ausência de novas tecnologias.

Semana: O nacionalismo tem muitos modos de existência e, obviamente, modifica-se de acordo com as interrogações de seus representantes. Justifica-se tal afirmação no caso de Putin?

- Na verdade, não há um e para sempre nacionalismo de Putin, trata-se antes sobre evolução do discurso nacionalista em tempos desse líder. Muito depende da atitude da elite governante e sua percepção de idéias, bem como o envolvimento de marginais como Dugin e Prokhanov. Importante, que eles infectaram o espaço intelectual desta elite.

Para mim, a evolução do discurso pró-regime na Rússia fazia-se para as necessidades da guerra. No início as declarações de que, o Estado deve controlar os oligarcas e o pagamento dos impostos, muitos percebiam, como, enfim, a guerra na Chechênia. Se Putin acreditava em "Novorossia", quando começou a falar sobre ela? Quem sabe. No início dos anos 1990, estando no círculo da Anatoly Sobchak em São Petersburgo, ele já começava falar sobre a questão das minorias russas no exterior e o que fazer com elas. Então, isto realmente era problema, porque após a fragmentação da URSS milhões de russos tornaram-se cidadãos de outros países, não da Federação Russa.

Putin condenou Rússia ao isolamento do resto do mundo. O que está acontecendo hoje, é muito perigoso. Isto é política de um grupo de pessoas, que não tem oposição, porque o Ocidente praticamente não pode fazer nada, Ukraina é fraca. Sim, seu país revelou-se suficientemente forte para combater a agressão, mas não para enfrentar uma guerra. Em tais condições apenas Putin pode parar por si mesmo. E, isto é muito ruim. Vocês tem a questão com regime de excepcionalmente forte líder que mudou sua comitiva. Agora é importante definir o preço por suas ações, o que não é nada fácil.  

Semana: A instabilidade atingiu não apenas Ukraina, uma vez que a arquitetura de Helsínquia de segurança de no mundo foi destruída por uma espécie de decisão por consenso. Hoje, sobre consenso, você poderá ouvir, que isto é "posição de fracos"...

- Não há nada surpreendente na instabilidade, sobre a qual nós conversamos. Depois da queda do império soviético, foram necessários cinco anos, para que tudo se encaixasse. A situação, então, era muito melhor, porque não havia guerra em curso. As dificuldades surgiram também pelo fato, de que os países que emergiram das ruínas da União Soviética, não muito claramente definiram suas fronteiras. Cazaquistão tem tais problemas até hoje, e por isto não expressa seus pensamentos quanto as atuais ações russas. As elites de Cazaquistão, entre si falam, que a fome em seu país, em termos percentuais, foi ainda pior que na Ukraina, mas publicamente silenciam, para não ter contradições com Moscou. A não regulação de relações entre as ex-repúblicas da União Soviética, é aquele legado soviético que se conseguiu manter tranquilo e sonolento, hoje está descongelando, o equilíbrio estabelecido foi violado. Lembre-se: a guerra civil em 1917 começou com o fato de que a Rússia Soviética lançou uma ação militar contra  socialistas ukrainianos. Sim, entre Ukraina e Rússia por 20 anos não houve conflito armado. Mas hoje temos a questão com as consequências do legado soviético comum, ambiente totalmente novo.

Semana: Na Ukraina a questão da propaganda e contra-propaganda. Qual é a sua opinião sobre isso?

Para mim está claro, que Ukraina - é país em guerra, que esta guerra não quer. Mas é muito difícil não participar nela, se ela destrói o seu território. Portanto, a questão do conflito armado vai aprofundar-se, o que pode causar muito negativismo. Não rejeitemos a possibilidade de uma nova propaganda na Ukraina, a ascensão de um novo regime nacionalista na esteira da guerra. A mim parece, que a tentativa de forjar a identidade ukrainiana, perceber-se numa forma muito mais progressista, num modo mais aberto ao mundo, é uma coisa muito boa para Ukraina. Mas, direi francamente: não tenho certeza que o projeto terá sucesso. O problema é que nem todos concordam com esta tentativa, e eu falo não apenas sobre os russos. Por enquanto não vejo uma visão comum por toda vossa sociedade, como deve ser Ukraina, e apoiar este projeto concretamente. Sim, uma clara maioria do país não gosta de Putin, e isto une. Mas divide vocês a ausência de consenso na visão do futuro de seu país. Putin continuará a guerra para desestabilizar Ukraina de todas as formas, não deixará que os ukrainianos se unam ao redor da idéia de abertura ao mundo.

Nota biográfica: Andrea Graziosi - historiador italiano, pesquisador da história da Ukraina, União Soviética e Europa Oriental. Professor de História Moderna na Faculdade de Ciências Sociais e História Moderna na universidade "Frederico II" em Nápoles. Trabalhou nas Universidades de Pittsburgh, Pensilvânia, Washington, Moscou, Berlim e também na Universidade de Harvard. Desde 2007 - presidente da Sociedade Italiana para o mundo da História Contemporânea. A partir de 2009 - colaborador científico do Centro Davis em Harvard. Autor de "Guerra e Revolução na Europa 1905-1906", "Cartas de Kharkiv".

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 20 de junho de 2015

Apreensão de bens da FR no mundo. Da propaganda televisiva à "carteira de Putin".
Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana), 20.06.2015

Sob arresto de países europeus, em seis semanas caíram grandes bancos russos, arquidioceses, representações de ONGs e mídias de propaganda.

Bélgica:
Em 17 de junho todas as instituições russas na Bélgica, com exclusão das protegidas pela imunidade diplomática, receberam notificação de arresto de sua propriedade. 

À lista entraram praticamente todas as filiais de bancos russos registrados na Bélgica, a arquidiocese da Igreja Ortodoxa Russa, as ONGs e meios de comunicação. Também foram arrestados os bens e as contas de outras organizações, que possuem relacionamento com a FR, particularmente "Eurocontrol", que regula o tráfego aéreo sobre Europa.
Explicaram que é devido a decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos sobre o caso Yukos (companhia petrolífera) que ainda está sendo discutido no Comité  de Ministros do Conselho Europeu por todos os membros europeus, inclusive Rússia, e ainda não está encerrado. 

Mais tarde tornou-se conhecido que o arresto ocorreu após a decisão do Tribunal de Haia, no total de 1,86 bilhões de euros, que Rússia deverá pagar. Esta é apenas uma das reivindicações, o montante total dos pagamentos da dívida russa, segundo veredicto do Tribunal de Haia é cerca de U$ 50 bilhões.

No dia seguinte o Ministro das Relações Exteriores da FR enviou protesto ao embaixador belga Alex Van Meuvenu, denominando as ações belgas "ato  francamente hostil" e "uma violação flagrante do direito internacional". Rússia ameaçou com arresto a propriedade da Bélgica na FR, incluindo a Embaixada em Moscou e de pessoas jurídicas.

França:
Em 17 de junho foram arrestadas as contas de empresas russas da filial do banco VTB. No início também apreenderam as contas de missões diplomáticas russas, posteriormente desbloqueando-as. Os valores contam-se em dezenas de milhares de euros.

Também foi arrestado o edifício do canal de propaganda russa. E foi anunciado o arresto de recursos financeiros, se for confirmado, que o canal trazia receitas à Rússia. O arresto não afetará os salários dos funcionários, pois eles não são propriedade do Estado.

Áustria:
Segundo o embaixador em Moscou, Emil Brics, na tarde do dia 18 realizou-se o arresto de ativos russos na Áustria. Ele não forneceu detalhes.

Itália:
Em 05.05 a Polícia financeira da Itália apreendeu as contas do bilionário russo Arkady Rotenberg, que acreditam ser "carteira" de Vladimir Putin. Foram apreendidas seis propriedades. Foi dada queixa ao tribunal italiano, o processo está em curso. Ukraina está envolvida no litígio como terceiro lado. 
Em março do ano passado A. Rotenberg já foi atingido por sanções norte-americanas como "próximo ao círculo do presidente Putin.

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Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 20.06.2015

EUA serão capazes de fornecer gás a Ukraina e outros países europeus em dois anos, disse o senador republicano John McCain.
Segundo ele, o Acordo de Minsk é violado diariamente, e a cada hora, o que seria ocasião para reforçar as sanções européias contra Kremlin. Mas, no caminho do gás - há a dependência da Europa em relação a Rússia, reconheceu ele.

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Nas últimas 24 horas, 19 de junho, por 72 vezes os militantes violaram os termos de cessar fogo na zona ATO, utilizando obuses de 152 mm e sistemas reativos de salva de fogo "Grad".
Eles agiam em Donetsk e Luhansk.
Grupos de sabotagem e de reconhecimento de militantes entraram cinco vezes em luta  com militares ukrainianos, porém derrotados e com perdas, recuaram.
Eles abriram fogo contra diversas posições ukrainianas. Em Artemivsk também usaram obuses de 152 mm e morteiros de calibre 120 mm.
E, ainda, em Zaitsev, Kurdyumivka, Kirove, Mayorsk, Lenin, Mariinka, Pisky, Doslidne, Krasnohirka, próximo a Donetsk.

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Rússia não ratificou a Carta Européia, então não reconhece a jurisdição do Tribunal de Arbitragem de Haia e através de procedimentos judiciais vai pôr à prova a ilegalidade da detenção de seus ativos no exterior, declarou o presidente Vladimir Putin à agência de notícias estrangeiras, transmite Ria-Novosti.

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Yatseniuk, primeiro-ministro da Ukraina, ordenou a Naftogaz mudar imediatamente a liderança de "Ukrgazvydobuvannia 
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 18.06.2015
"De acordo com a análise da atividade econômica descobriu-se que as dívidas do grupo da empresa do deputado Igor Eremeev  para com esta empresa, alcançam 373 milhões de UAH (Ver artigo anterior neste blog -OK).
Como se observa, a liderança de Ukrgazvydobuvannia" não tomou medidas necessárias para devolução da dívida em termos definidos pela lei. 
Yatseniuk deu a Eremeev 72 horas para reembolsar as dívidas. Caso isto não aconteça será iniciado processo penal  contra dano intencional ao Estado, pelas empresas controladas por Eremeev.

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"Eu recebi um apelo do Serviço Fiscal da Ukraina para tomar medidas devido o não pagamento de grandes somas  da renda, e outros impostos... Eu dei  dispositivos ao Derzhheonadra (Serviço de Estado de Geologia e Recursos Minerais da Ukraina) a tomar medidas sobre a suspensão de licenças e autorizações para uso do subsolo," - disse o chefe do Ministério do Meio Ambiente Igor Shevchenko.
Segundo o ministro "Ukrnafta" terá sete dias para pagar a dívida. "Se eles não pagarem, todas as licenças serão canceladas e, postas em leilão", - disse ele.
O diretor anterior de "Naftogaz" Andrew Pasichnyk disse que a dívida da "Ukrnafta", pela extração de hidrocarbonetos é de cerca de 5,5 bilhões de UAH.
Na "Ukrnafta" que também recusam-se a pagar, a dívida é de 1,8 bilhões de UAH, referente a três anos, vencida em 10.04.2015.
 O estado controla 50% mais uma ação, as estruturas de Kolomoiskyi - 42%. A empresa continua na gestão de Kolomoiskyi. (Kolomoiskyi - ex-governador de Dnipropetrovsk. Já houve problemas com ele. É um oligarca. Artigo anterior neste blog: Ihor Kolomoiskyi - Governador de Dnipropetrovsk).

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Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 20.06.2015
David Kameron: Se Europa ouvir os pedidos de Moscou e enfraquecer as sanções, isto dará um efeito econômico de curto prazo, mas o impacto negativo será em escala maior. Isto ele declarou na Conferência de Segurança  GLOBSEG, comunica de Bratislava o correspondente da "Verdade Européia".
O afrouxamento das sanções trará um alívio de curta duração mas, a longo prazo teremos consequências catastróficas. Pois assim nós mostraremos, que a revisão das fronteiras na Europa é possível, e isto (ações similares da revisão de fronteiras) acontecerá novamente", explicou ele.
"O único caminho que temos - é manter as sanções de Minsk até a implementação plena dos acordos. No caso de Rússia partir para um novo agravamento da situação - as sanções devem ser reforçadas", - declarou ele.

Anteriormente Cameron declarou que o mundo deve enfrentar Rússia, do mesmo modo que enfrenta os terroristas.

Tradução: O. Kowaltschuk

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Chornovol: parte da extração de gás subtrai o "ex-gerente de Yanukovych", Onishchenko - e não paga
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 16.06.2015

Tatiana Chornovol
A deputada Tatiana Chornovol disse que o novo oligarca na extração de gás na Ukraina tornou-se o deputado, ex-"regional" (Partido das Regiões, do ex-presidente Yanukovych) Alexander Onishchenko.
Este oligarca, agora chama-se Onishchenko. Seu antigo sobrenome Kaderov. Ele, de fato, chamam Onishchenko-Kaderov. Este oligarca, nos tempos de Yanukovych, era gerente do ex-presidente, administrava os negócios de Yanukovych na esfera de extração de gás natural pátrio", - disse ela na entrevista.
Onishchenko veio ao Parlamento pelo distrito Nº 93 (região de Kyiv). Ele é membro do grupo "Vontade do Povo" e vice-presidente da Comissão Parlamentar sobre combustíveis do complexo energético, política e segurança nuclear.

Chornovol observou que em 2007, quando Yanukovych era primeiro-ministro, Dzharty era ministro de Ecologia, e Stavytskyi, que na época alienava "Mezhyhiria" (Local que era do estado ukrainiano e passou para o domínio de Yanukovych, aonde ele construiu sua residência-palácio - OK), era chefe de "Nadra Ukraina" (nadra - subsolo, entranhas - OK) ocorreu com alienação de poços de petróleo estatais para empresas privadas segundo acordos de ações conjuntas com "Ukrgasvydobuvannia" (significa : extração de gás da Ukraina - OK).
"Este processo, então, realizava-se no interesse de Yanukovych. Isto é, formavam-se estruturas de negócios, que trabalhavam no setor de gás, com gás doméstico, segundo acordos de atividade conjunta. com a empresa "Ukrgasvydobuvannia". Na verdade, transferia-se para empresas privadas, recém-criadas, poços de petróleo. Isto Yanukovych fazia para receber rendimentos pessoais. Para esta área, ele colocava gestores que deveriam conduzir este esquema", - acrescentou Chornovol.

Segundo a deputada, em 2008, quando ao governo veio Yulia Tymoshenko, tais "gerentes" Basil Dzharty e Edward Stavytskyi  "começaram re-formalizar as empresas em outras pessoas, outros suplantados proprietários, outros suplantados diretores - para que os poços de petróleo não pudessem ser devolvidos ao Estado. "Então apareceu, pela primeira vez, acima da linha do horizonte o cidadão Onishchenko-Kadyrov - apareceu como diretor da empresa    "Nadra Hiotsentr" que Dzharty criou, para que Yanukovych tivesse renda da produção doméstica de gás", - disse Chornovol.

Segundo suas palavras, após Maidan, quando Yanukovych fugiu da Ukraina, "seu gerente Onishchenko, nesta área, recebeu posse efetiva de sua empresa".

Anteriormente ele devia entregar 80% a Yanukovych, agora Onishchenko acumula todo este dinheiro consigo - e, agora ele é realmente muito rico, porquanto trata-se de uma série de empresas - disse Chornovol. 

E Chornovol contou, que na véspera viajou a Myronivka, região de Onishchenko, para saber, que empresas são estas, "que pedaço dos negócios de Yanukovych esta pessoa desviou para si".
"Eu fui lá, porque soube, que seus negócios - particularmente "Nadra Hiotsentr", onde ele (Onishchenko) em 2008 era diretor, é oficialmente registrado na rua Lenin, 48", - explicou a deputada.
"Eu entrei na instalação - lá há duas pequenas salas, que trazem a inscrição, de que ali se encontram os escritórios da LLC "Plast" (Sociedade de Responsabilidade Limitada) - esta também é uma empresa que trabalha na esfera do gás e também escritório da  "Aliança de gás". Quando eu entrei na sala, eu vi que havia muitos papéis com nomes de outras empresas", disse ela.

Chornovol observou, que todas as licenças para extração de gás, são emitidas por empresas "de bolso" registradas de tal modo que causam enormes prejuízos ao Estado.

"Todas estas licenças, depois do Maidan, não foram inutilizadas, porque o ministro da ecologia Igor Shevchvenko - é protegido do mesmo Onishchenko, que é o guardião de seus esquemas. Onishchenko comprou do Byut (Bloco de Yulia Tymoshenko - ) o cargo de Ministro da Ecologia, e em resultado todos estes certificados permanecem em vigor, e todas essas empresas continuam a trabalhar" - disse ela.

A deputada disse, que no escritório se recusaram a fornecer os nomes das empresas - então ela começou fotografar os documentos que estavam sobre a mesa.

Eu descobri que Onishchenko - é proprietário da empresa "Plast", da empresa "Khas" (que produz anualmente cerca de 100 milhões de metros cúbicos de gás) - antes havia o pensamento, que esta empresa era de Azarov, mas agora ela é de Onishchenko. Em seguida, é "Cárpatos Nadra Invest", a Aliança de gás", - disse ela.

Esta empresa tem uma história escandalosa.  Eu tenho a cópia do acordo, assinado pela Ukrgasvydobuvannia  com a empresa "Recursos Naturais". Este acordo, observe, - de 26 de fevereiro de 2014, isto é, apenas 4 dias do fuzilamento no Maidan!" - disse ela.
Com esse documento, Ukrgasvydobuvannia, a empresa estatal vendia para TOV (Sociedade de Responsabilidade Limitada) "Recursos Naturais" serviços de aproveitamento de poços de petróleo. Isto é, não vendia poços de petróleo, não alugava, mas dava usos de serviços. de aproveitamento de poços de petróleo. 

O preço que aqui é declarado, era 1.500 UAH no mês pelo poço de petróleo. Agora tornou-se claro, que a empresa era de Onishchenko, porque os documentos desta empresa estavam em seu escritório", - declarou Chornovol.

Quando a deputada fotografava os documentos, no escritório adentrou uma pessoa de confiança, tomou a máquina fotográfica, quebrou-a e levou sua bolsa. 
"Depois eu soube que esta pessoa de confiança de Onishchenko, nos tempos do Maidan levava os "titushky (capangas) no Maidan. Isto é, enquanto os "titushke" de Onishchenko matavam os protestantes, ele roubava os poços estatais de petróleo. Agora esta pessoa - uma das mais influentes e mais ricas da Ukraina", - declarou Chornovol e exortou os jornalistas a ocupar-se com este tema.
Ela acrescentou, que agora, todas as empresas de Onishchenko devem pagar 70% da renda ao Estado. "Essas alterações foram adotadas antes do Ano Novo a todas as empresas que trabalham sob contratos conjuntos com Ukrgasvydobuvannia". Se isto funcionasse - não importa de quem é a empresa, - o Estado receberia 70% de cada metro cúbico, do preço "NERC" (Comissão Nacional de Regulação da Energia). 

"Mas eu também mostrei, que estas empresas evitam o pagamento da renda e IVA. Elas fazem a primeira venda de gás a empresas fictícias pelo preço de 2 -3 mil o m³. Então apresentam relatório que não podem pagar o total da taxa da renda, porque, simplesmente, não têm dinheiro. Mas suas empresas fictícias, no final, vendem o gás aos consumidores industriais, empresas estatais, já por 8 - 9 mil pelo m³. Este preço forma-se através de serviços fictícios", - declara Chornovol. Deste modo também não pagam o IVA, porque se forma um crédito de imposto fictício. Trata-se de bilhões roubados do Estado", - acrescenta ela.

No dia anterior a "Frente Popular" noticiou que Tatiana Chornovol, em 15 de junho foi espancada no escritório de Onishchenko, em Myronivka, aonde ela foi recolher informações sobre a empresa "Recursos Naturais +", a qual, já depois do Maidan recebeu uma série de poços de gás até o final de 2023.

(Tatiana Chornovol já fazia investigações, como jornalista, no governo Yanukovych, pelo que foi quase morta. Seu carro foi parado na estrada, no começo da noite (os ukrainianos gostam de morar em aldeias próximas às cidades) quando ia para casa. Ela foi retirada do veículo e cruelmente espancada. Seus agressores, pensando que já estivesse morta, a abandonaram desmaiada. Felizmente, ela sobreviveu, e continua destemida. Seus verdadeiros agressores, segundo ela, devem estar escondidos em Moscou. Ela conheceu dois supostos, que até foram presos por algum tempo, mas ela diz que não foram estes.

No hospital depois do espancamento
"Tatiana, tenha cuidado, seu esposo já perdeu a vida nesta guerra injusta. Você tem filhos pequenos para criar!"
Infelizmente, o governo ukrainiano precisa expurgar de seus quadros ainda muitos aproveitadores. Espero que consiga! - OK).

Tradução: O. Kowaltschuk