terça-feira, 28 de abril de 2015

Aleksandr Motyl: "Ukraina é importante para os EUA como certo contraponto à Rússia
Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana)m 02.04.2015
Olga Vorozhbit

Semana conversou como cientista político americano, de origem ukrainiana, professor da Universidade de Rutgers Aleksandr Motyl, sobre política de Washington em relação a Kyiv, imagem e atitude à Ukraina pelos políticos dos EUA.


Semana: Do congresso à administração do presidente Obama vêm sérios chamamentos para auxiliar Ukraina, mas sua política ainda é bastante hesitante. Por que?
- Eu não gostaria de defender aqui o presidente Obama, mas porquanto ele, como presidente, não teve nenhuma relação com Ukraina durante os últimos sete anos, isto é, com Maidan e revolução, direi que, de fato, ele fez muito durante o último ano. Obama concordou com as sanções, e é exatamente ele e América que constantemente pressionam UE, para reforça-los lá. Em geral a política dos EUA, em relação a Kyiv, é bastante vigorosa. Dado o fato de que ele, em relação a Ukraina, em geral não se interessava, mas agora está bastante envolvido, então isto é positivo. Naturalmente, o aspecto negativo é que Kyiv aguarda fornecimento de armas, sobre o que já falam positivamente todos: políticos no Senado e na Câmara dos Deputados, e assessores de diversos níveis - dos menores analistas aos maiores. Então a pressão, que fazem, para iniciar este processo é extraordinário, mas o presidente, não se sabe porque, hesita.

Então, especificamente a sua pergunta: por que? Isso pode ter diversas causas. Uma - boas relações com a Rússia no início de sua presidência. Isto foi, em grande parte, sua inovação, porque no tempo de Bush o diálogo piorou, e, certamente, a qualquer pessoa, muito mais a um presidente, é difícil abandonar um curso e passar para outro. 

Segundo - pode ser o fato, de que EUA, nos últimos 7 - 8 anos, especialmente no período de Obama, procuravam afastar-se de Iraque e Afeganistão. Este era o objetivo principal. Foram justificadas estas guerras ou não, mas em qualquer caso elas não foram bem sucedidas. Então, aqui, há uma certa contradição: por um lado, você recua, do outro - dizem a você para atacar. Isto é um pouco difícil. Seria mais fácil para Bush: ir em frente no Iraque, no Afeganistão, e na Ukraina. 

Terceiro - a Obama justamente acusam, que sua política externa, especialmente de segurança, não é sua especialização. Ele é uma pessoa, que toda sua carreira passou num nível local. Ele é mais um político local, isto é, não é aquele que opera com categorias globais. Apesar de que é capaz de raciocinar como um e já provou isso. Muitas vezes já foi criticado por não gostar de política externa: gostaria de focar na interna, mas aqui lhe interferem constantemente.
Visto que Rússia tornou-se um problema estratégico, ou, pelo menos, desafio, Ukraina, de repente, adquiriu peso para EUA.

Quarto - crise na Síria continua. Um ano atrás, Obama fez ameaças ao Presidente Assad com graves consequências, no caso de uso das armas químicas. Elas foram aproveitadas, mas consequências não houve. Então Obama queimou-se nesta situação, por isso hesita aqui.
Eu penso, que apesar de todas as dúvidas e negativas, a pressão dos políticos americanos já agora é tão forte e, ao mesmo tempo, a audácia da Putin tão óbvia (sua agressão, imperialismo, prontidão para enormes provocações não somente contra Ukraina, mas também contra os Estados Bálticos, Polônia e Belarus), que Obama encontra-se sem saída. Ele já não tem como manobrar, e mais cedo ou mais tarde, penso, ele concordará. Hoje já fornece armas não letais. E este é um passo importante. Além disso retorna o treinamento de militares ukrainianos pelos militares americanos. Isto é, prepara-se o solo. EUA isto não negaram. Assim, Obama, gradualmente, vai na direção, e único passo lógico que resta a ele fazer - é começar o fornecimento das armas.

Semana: Se surgiu, no último ano da Administração Obama política ukrainiana?
- Quase. Ukraina, se levar em conta seu tamanho, importância geopolítica, especial significado para América não tem, não desempenha nenhum papel excepcional: econômico, político. É claro, se ela se tornasse forte, a situação mudaria. Mas Ukraina é importante para EUA e Europa (em especial aos EUA) de forma estratégica. Porquanto Rússia se tornou problema estratégico, ou, pelo menos desafio, Ukraina rapidamente adquiriu importância. Este é o liame que pode se observar nos últimos 25 anos. Quando mantinham-se relações normais Washington - Moscou, a atitude dos Estados Unidos era bastante indiferente à Ukraina. Havia algum financiamento da sociedade civil, de pouco interesse.
Mas, quando crescia a confrontação com a Rússia, crescia o interesse por Kyiv. Então Ukraina é importante para EUA como contrapeso à Rússia, como zona tampão.

Como no último ano Moscou, além de tornar-se problemática, e violar todos os acordos, esta pronta para explodir toda a arquitetura de segurança pós-guerra e iniciar uma nova guerra, a atitude americana a ela, e ao mesmo tempo à Ukraina, muda. Penso, que Kyiv permanecerá importante e, deste modo, agirá a política ukrainiana, que será, em maior ou menor grau, independente da Rússia - enquanto Rússia for problemática. Naturalmente, seria melhor, se Rússia se tornasse normal, será isto, ou não, logo.

Semana: Quanto o medo de ataque nuclear afeta a política da Administração Obama? Ou tudo são blefes de Putin?
- Em primeiro lugar, penso que Putin blefa. A partir do momento que os americanos lançaram duas bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, não houve tais casos, apesar de que houveram várias possibilidades. Diversos países "bandidos" têm essas armas. E seus líderes ameaçavam com elas, mas ninguém usou. Portanto, me parece, que Putin simplesmente quer mostrar, o quanto ele é mais forte, e quão poderosa é a Rússia, que os russos nada temem. Segundo, o próprio fato de tais declarações   (mesmo se pensar, que ele não usará armas) confirma a suspeita: esta pessoa não é totalmente racional, ela pode decidir-se a qualquer momento. E isto, naturalmente, assusta, porque europeus e americanos, com todas as suas falhas, são racionais.

Semana:  Ukraina é representada adequadamente nos EUA? Seus políticos são percebidos seriamente?
- Aqui há alguns aspectos. A atitude a ela mudou radicalmente. Perceba que de 2008 a 2013 havia a chamada fadiga da Ukraina, isto é, nem políticos, nem analistas, nem o público por ela não se interessavam. Sei isto por experiência pessoal. Então, escrever um artigo sobre Ukraina era fácil, mas que o aceitasse um jornal sério - era muito difícil. Agora o oposto. Então, a interpretação da Ukraina era como um país bandido, corrompido, para tudo inservível, mas Maidan mudou muita coisa. É claro, continua haver uma espécie de ceticismo. Pelo menos colocam um ponto de interrogação. Os ukrainianos demonstraram que estão dispostos a lutar por seu país, isto é muito positivo.

Manifesta-se o espírito de patriotismo, ele une os falantes do idioma ukrainiano e russo, ukrainianos étnicos, russos, judeus e outros. Assim, a imagem global da Ukraina mudou radicalmente para melhor.
Claro, existem algumas vozes, aqui e ali, esquerdistas ou muito direitistas, que negam isto. Aproximadamente, como na Europa.  Quanto aos próprios políticos, a imagem também mudou, a atitude em relação ao final da Yushchenko era muito negativa, a Yanukovych - ainda pior, mas em relação a Yatseniuk e Poroshenko é relativamente positiva. É claro, surgem indagações, se estes são realmente reformadores, mas pelo menos eles ainda não fizeram nada de errado.

Semana: - É suficiente o que faz Ukraina?
- Não inteiramente. Seus diplomatas na Europa e nos Estados Unidos poderiam agir mais ativamente. E isto em questões elementares. Semanalmente poderiam ter uma reunião informal com os jornalistas. Mensalmente - uma grande coletiva. E, se isto fosse feito em Tel Aviv, e em Nova York e Chicago e Paris e Bruxelas, teria uma enorme influência nos jornalistas, nos analíticos. Isto também seria oportunidade para influenciar no discurso.
Ukraina, além de outros, poderia usar mais da diáspora. Diáspora conta com muitas pessoas em posições sérias, que estão prontas para ajudar, e elas procuram tais possibilidades. Este recurso humano, chamado "human capital", e Kyiv poderia usá-lo de maneiras diversas, incluí-los no trabalho das embaixadas, consulados ou criar relações mais estreitas entre os meios de comunicação na Ukraina e pessoas locais. Tudo isto também melhoraria a política, imagem e discurso, que aqui domina em relação a Ukraina.

Alexandr Motyl - politólogo americano, de origem ukrainiana, literato e artista: pesquisador do imperialismo e nacionalismo. Nasceu em 1953 em Nova York, estudou história, pintura e politica na Universidade de Columbia. Hoje professor de Ciência Política na Rutgers University (USA). Autor de livros: ""Os resultados dos impérios: o declínio, decadência e renascimento",  "Revoluções, nações, impérios..., outros.


Nossos rapazes voltaram: a Kyiv chegou 12º batalhão.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 25.04.2015
Fotos de Elena Balatsanova


Neste sábado o sol quase duplicou em Kyiv: os moradores da cidade encontravam os combatentes do 12º Batalhão de Kyiv, que voltou para descanso e renovação da saúde, da zona da ATO.

Bonitos, com barba por fazer, os rapazes abraçavam suas esposas e pais, enquanto os parentes traziam flores, riam e choravam, encantavam-se e orgulhavam-se com nossos soldados, nossos defensores.

Comboio de ônibus e automóveis estendia-se desde a estação do metrô  "Vyrbytsia" quase à de "Kharkiv". Era azul-amarelo-vermelho de flores: crisântemos amarelo azuis (cores da bandeira) e tulipas vermelhas.




Rapazes tão graves na aparência, carinhosamente sorriam para seus filhos, beijavam suas esposas, estreitavam em abraços seus pais. A família chorava de alegria e não queria dispensá-los nem para alinhamento.


De acordo com Maryna, seu marido veio em férias para 10 dias, e em seguida haverá rotação.
Seu filho maior tem 2,5 aninhos, o menor 8 meses. Ela diz que eles sentiram muita falta do pai e agora estão muito felizes. "O menor, nem tanto, porque em toda sua vida, viu seu pai, talvez um mês. Cresce sem pai", - diz ela.


Em maio do ano passado foi formado o 12º Batalhão voluntário,  e no início de junho, o pai foi à zona ATO na região de Luhansk. Em 2 de agosto, no distrito Zhovten, na região de Luhansk, o batalhão levantou a bandeira ukrainiana.


No batalhão também há lindas moças.


Hoje, da zona ATO voltaram três rotas do batalhão, que estavam em vários setores. Lá ficou apenas um pelotão no setor "B". Todo batalhão agora está em descanso e recuperação da saúde. Atualmente, diante da maioria, surgirá a pergunta, se voltar para vida civil, ou se proteger  a independência da Ukraina.


De acordo com o comandante do batalhão, tenente-coronel Mykola Bilosvit, em Luhansk, nos primeiros dias o batalhão demonstrou o seu lado melhor.


"Depois de 2 de agosto, nem sei como dizer, cada um de nós não foi capaz de mover-se um passo à frente. Mas o batalhão, com honra cumpria todas as tarefas impostas pela liderança. E nós procurávamos fazer tudo que dependesse de nós. Gostaríamos que os dirigentes das Forças Armadas colocassem as tarefas mais concretamente. Como dizem "concept" a nós ainda não é compreensível. Eu penso, que falo, pelo batalhão inteiro quando agradeço a todos os moradores de Kyiv, aos voluntários. Todos sabem que o exército, especialmente nos primeiros meses de sua existência e ações de combate, existiu apenas graças ao movimento voluntário. Então eu quero dizer um grande obrigado aos moradores de Kyiv, e não apenas a eles, que nos ajudavam. Também a nossas famílias que nos apoiavam. Um grande obrigado!" - disse o tenente-coronel. 

Após o alinhamento, todos juntos executaram o Hino Nacional. Entre a multidão ouviu-se "Já os dispensem para casa!"

Os combatentes hoje dormirão tranquilamente, os familiares os aquecerão com carinho e amor.

Tradução: O. Kowaltschuk

domingo, 26 de abril de 2015

Chornei bilh¹
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 26.04.2015
Maxim Mishchenko

Em 26 de abril de 1896, no quarto bloco da central nuclear de Chernobyl não ocorreu apenas uma explosão. Chocou o mundo todo...

A tragédia começou bem antes da explosão, quando, nos anos de 1960 aprovaram a construção de uma usina nuclear próximo a Chernobyl. Separaram para isto e para construção da cidade de Pripyat enormes áreas, evacuando várias aldeias e quintas. Só recentemente tornaram-se conhecidos os documentos que falam sobre o andamento da UNC (Usina Nuclear de Chernobyl).

São resoluções do Comitê Central do Partido Comunista da Ukraina, Conselho de Ministros, decisões, cartas. Particularmente, com assinaturas dos mais altos dirigentes ukrainianos, endereçados aos dirigentes ainda maiores do Kremlin. Neles consta que a construção da estação realizou-se com graves violações, interrupções ou rompimentos do equipamento necessário e gráficos de sua instalação. Um terço do pessoal de engenharia técnica não tinha estudos especiais... Contrariamente às decisões partidárias e governamentais (incluindo directivas do XXIV Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), que estabeleciam os prazos de lançamento, o primeiro bloco de energia lançaram três anos mais tarde - 26 de setembro de 1.977. Em 21 de dezembro lançaram a 4ª unidade - aquela mesma.

Horrorizam os testemunhos do então presidente da Academia de Ciências da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e diretor do Instituto de Física Nuclear Kurchatov - acadêmico Anatoly Alexandrov. Revela-se, que o experimento, que foi a causa direta da catástrofe elaborava a organização de Rostov-on-Don (cidade na Rússia, próxima a Ukraina - OK), a qual não tinha nenhuma relação com energia nuclear. Sobre o próprio experimento nada sabiam no Instituto de Energia Nuclear, nem no Ministério Federal. Sem entrar nos detalhes técnicos, observemos: o regulamento deste experimento 12 (doze) vezes violou as instruções de exploração de usinas nucleares. Divulgaram o sistema de resfriamento emergencial do reator. Onze horas o quarto bloco trabalhou sem o sistema de resfriamento, e assim o monstro atômico escapou para liberdade.

Das 192 toneladas de combustível nuclear, que localizavam-se no quarto reator, cerca de 10 por cento foram liberados nos próximos dez dias. A radioatividade encontraram não apenas em grandes áreas, mas também em todos os reservatórios do rio Dnieper (Dnipró). E esta água usavam 30 milhões de habitantes da Ukraina.

Os 50 mil habitantes de Pripyat retiraram da cidade com mais de mil ônibus. Era final de semana e demorou bastante até encontrarem todos. Até longe da cidade, onde muitos desfrutavam a exuberância de flores primaveris - inundando-se - diretamente de radiação direta... Diziam para alguns dias, então as pessoas levavam consigo poucas coisas, o que estava à mão. A longuíssima caravana passou por Kyiv, e a quantidade de poeira radioativa que ela trouxe nas rodas e pára-lamas à capital, é incalculável.

Verdade às pessoas não disseram, acreditando que isto geraria pânico. Em vez disso, com velocidade vertiginosa espalhavam-se rumores, que pânico realmente causaram. Quando as comemorações de 1º de maio passaram pela rua Khryshchatek (principal rua de Kyiv) os caixas da Estrada de Ferro de Kyiv assaltavam milhares de pessoas, que queriam viajar para qualquer lugar distante, até nos degraus dos vagões e até mesmo nos telhados...

Reviro minhas anotações sobre Chernobyl, e fulguram miraculosas e ao mesmo tempo dolorosas, e reais visões aparecem na memória. Aqueles dias, na zona de 30 quilômetros, logo após a explosão, pessoas, nomes, encontros, impressões, detalhes...

Então na quente primavera e verão, quando ainda não havia nenhum sarcófago, o arruinado, regularmente e mortalmente "cuspia", - apesar de toneladas de chumbo, areia e argila, jogados em sua boca pelos helicópteros. Muito jovem a médica laboratorista assistente do laboratório de Kharkiv Suzanna Sokolova de Bila Tserkva faz exames de sangue, daqueles que trabalham na área - dosimetristas (especialistas na verificação da dose de contaminação - OK), pilotos, engenheiros, mineiros. Os mineiros em condições infernais abrem um túnel sob a unidade e bombeavam concreto - fundação para o futuro sarcófago. As dimensões 70 x 70 metros.  Espessura - 6 metros, acima - mais um, de 30 x 30 metros.  - 3 metros de espessura. As rochas escavam com martelos perfuradores. Para retirada do material usam carrinhos manuais. Quanto mais próximo do reator, maior é o calor: 40, 50, 70 graus.

Os mineiros são levados de Chornobyl à estação (são 14 quilômetros) de ônibus com placas anti-radiação nas janelas. O oficial da polícia Victor Konopolskyi, de Boryspol, Mykhailo Loza de Ternopil, estão de plantão no posto de controle na zona de 30 quilômetros. Ambos delicados. Plantaram, próximo da cancela, flores...

Calor e poeira. Parece que todas as casas de Chernobyl transformaram-se em sedes - do Ministério de defesa, assuntos internos, pesquisa científica, institutos de projetos, instalações, trustes. Na entrada - bacia do água. O sargento - guarda pára educadamente na entrada o general - major de aviação em uniforme de campo (são de seus comandos os helicópteros que jogam chumbo, areia e argila na garganta do reator, magistralmente pairando sobre ele). Precisa lavar as botas na bacia, limpar da poeira e toda abominação radioativa, para não levar ao interior.

Na própria Pripyat - bela cidade de pedra branca, entre pinheiros já ninguém reside. Morta Pripyat, mortas aldeias. As janelas das casas foram fechadas com tábuas. Nos jardins e pomares cresceram espessas e altas ervas daninhas. Numa aldeia o proprietário começou colocar a cerca ao redor da casa. Não terminou. Próximo a outra casa - montanha de lenha. Nas ruas de Pripyat - soldados do regimento de proteção química. Fumam, conversam. Aproxima-se uma cisterna. Os rapazes aproximam-se da urna, na rua, e jogam nela as pontas de cigarro. Cidade vazia, mas os hábitos das pessoas são como sempre...

Colocam as máscaras e arrastam as mangueiras de incêndio, conectando-a com o dispositivo no 7º andar. Ligam. O soldado do 7º andar grita ao motorista para chegar mais perto, para fortalecer o jato. Depois da lavagem a radiação é reduzida pela metade.

Num apartamento encontraram um cão pastor. Aparentemente, os proprietários deixaram o cão de raça pura, deixando-lhe comida e água, - pensaram que voltariam em 2 - 3 dias. Os soldados soltaram o cão, deram de comer e continuam dando. De algum lugar veio um gatinho. Esfrega-se nas pernas, acaricia-se, mia. Lavaram a laje de concreto, colocaram comida. Agacharam-se ao redor, olhavam como o gatinho come - olhavam com tal interesse, como se nada mais emocionante, em sua vida, não tivessem visto.

Então, todos na área - a partir do acadêmico e general ao trabalhador e soldado - sinceramente acreditavam, que todas as consequências da catástrofe eliminariam, que a Pripyat, Chernobyl, aldeias vizinhas voltarão os seus residentes. Ao menos queriam acreditar nisto...

De acordo com dados oficiais, apenas com o radioativo césio - 137 contaminaram cerca de 3.500 km²
do território da Ukraina. Ainda existem dados sobre césio-134, rutênio-106, plutônio-239, estrôncio-90. Na região de Kyiv e Zhytomyr tem grandes territórios, dos quais as pessoas deveriam ter sido, obrigatoriamente levadas a muito tempo... Em geral, na Ukraina,  foram contaminados mais de 50 mil quilômetros quadrados, em 74 regiões, 12 províncias, 2294 assentamentos. Do desastre de Chernobyl, diretamente sofreram 3,2 milhões de pessoas, entre elas - aproximadamente um milhão de crianças.

A era pós-Chernobyl tem apenas um ponto de referência - 26 de abril de 1986.

A nenhum lugar, de Chornobyl nós não iremos. Nós estamos destinados a viver com ele. Ele, simplesmente, a 29 anos atrás entrou em nosso destino como negra dor... É preciso conscientizar-se: Chornobyl - é para sempre.

1. O autor mudou a grafia da palavra: Chornobyl é o nome histórico da localidade. "Chornyi" significa "negro" e "bilh" significa "dor".

Tradução: O. Kowaltschuk 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

DNA. É o que a família de militares não quer saber.
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 20.04.2015
Alexandra Gaivoron

Sobre a morte de Vadim disseram na TV. Um apresentador avisou:
Três militares morreram durante uma operação especial em Ilovaisk, corpo de um outro, de sobrenome Antonov, não encontraram.
O calendário indicava 13 de agosto. Olga entrou na internet e abriu o Google. Ela fazia isto todos os dias, desde que a ligação com o marido interrompeu-se. Vários sites deram a mesma informação - o corpo ninguém viu.

No dia seguinte, nas notícias disseram, que Vadim Antonov foi condecorado, postumamente, "Pela coragem". Oficialmente, sobre a morte, aos parentes, então nada disseram.

Vadim foi sepultado em 7 de fevereiro. Despedir-se dele na praça central de Zhytomyr vieram algumas centenas de pessoas. Entre eles, havia aqueles que mesmo tendo visto o caixão, estavam convencidos - o militar ainda está vivo. Eles viram sonhos e sinais. Olga também queria acreditar neles. Mas dois exames de DNA - indicavam que o pior aconteceu.

O corpo procuravam quase seis meses. No início apareceram dois separatistas - pai e filho. Os homens disseram, que tinham o distintivo do morto. Depois telefonaram a "hotline" do batalhão "Donbas, no qual serviu como voluntário Vadim, e teriam pedido dinheiro para mostrar onde enterraram o militar. Posteriormente, para auxílio, vieram os voluntários da "Tulipa Negra". (Esses voluntários ukrainianos resolvem inúmeros e diversos problemas. Gente dedicadíssima - OK).

Combatente Vadim Antonov
Os parentes de Vadim souberam de tudo aos poucos, a partir dos relatos. O processo corria sem o seu conhecimento. Naquele momento eles já haviam enviado à milícia a declaração dobre DNA, mas passar pelo processo ainda não ousavam.

Enterrar o seu.
Famílias de militares, que desapareceram na zona da ATO, geralmente não fornecem amostras de material genético imediatamente. Fazer isto - para muitos, significa, por um momento, supor que o filho ou o marido faleceu. "Há pessoas que não acreditam que o parente morreu. Há aqueles, que têm informações que o soldado está no cativeiro. Eles continuam a busca sozinhos", - diz a médica deputada Olga Bohomolets, que se ocupa com a procura e reconhecimento de militares.

"Nós tivemos um caso, há alguns meses atrás, quando uma mulher enterrou duas vezes seu filho, a mulher recusou-se do teste. Assinando a documentação necessária, ela levou o corpo para região de Vinnytsia e enterrou. Depois de alguns meses, o DNA deste rapaz coincidiu com o código de outra mulher. Quando à mãe da Vinnytsia pediram para fazer o teste, verificou-se que o filho dela ainda estava no necrotério.

Agora os corpos entregam às famílias somente após a confirmação do DNA" - diz Olga Bohomolets - "Não apenas isto. Depois de revelar coincidência com um parente, o teste deve passar pelo outro, para que a certeza seja de 99%.

Para os cidadãos ukrainianos o teste é gratuito. Para os estrangeiros custa cerca de 2,5 mil UAH. A análise recebem os parentes, que fizeram depoimento à polícia sobre o desaparecimento do militar na Zona da ATO.

O material genético pegam do corpo do soldado. Os grupos que recolhem os corpos, levam os mortos para os necrotérios próximos às zonas de combate. Lá, com base no material ósseo, fazem análise. Para identificar o DNA deve haver proteína. Sob a ação de temperaturas muito altas, como após o bombardeio com "Grad" (descarga simultânea), acontece a destruição da proteína. Por isso os nomes de alguns combatentes não serão conhecidos.

Sequência de ações. Como procuram soldado desaparecido.
Os dados dos parentes e militares trazem para única base, que encontra-se em Dnipropetrovsk. Em 17 de abril ali havia 1.082 amostras de DNA de famílias que estão à procura de soldados, e 707 amostras - de mortos. 311 pessoas conseguiram reconhecer.

Após detecção de coincidências, telefonam às famílias da polícia e propõem levar o corpo. Desde o momento do recolhimento da amostragem, até a chamada da polícia pode passar um mês.

Quando não há correspondência, o corpo é enterrado sob um determinado número em um cemitério militar. A cerimônia acontece com honras, com a participação de sacerdotes. Apenas pranteiam os mortos pessoas estranhas. Se, posteriormente, os parentes encontram-se, o corpo podem enterrar novamente.

Quanto dinheiro já foi gasto para o DNA, não é conhecido. Nem o Ministério da Defesa, nem o Ministério dos Assuntos do Interior, e outros departamentos, citam números. No entanto, de acordo com Olga Bohomolets, para realização de exames já faltam alguns milhões de UAH. O Gabinete Ministerial deve encontrar o dinheiro necessário.

"Quando retornavam atrás dos corpos, ele não encontraram. Havia apenas um rastro de sangue no muro."
Vadim Antonov não disse logo que iria à guerra. Com Olga já divorciaram-se há 5 anos, mas mantinham estreita relação graças a filha Sonia, que o pai carinhosamente chamava "minhas trancinhas".

Ele era engenheiro-mecânico. Nunca havia segurado uma arma em suas mãos. Não tinha medo e queria mudar o mundo para melhor. Participou de dois Maidan, e um pouco ocupou-se com serviço voluntário. Em abril não aguentou - foi para treinamento militar em Nova Petrivtsi. Em junho jurou fidelidade à Pátria. Ele tinha 38 anos e lhe doía muito ver como enviavam jovens de 19 anos para morte..

Vadim, segundo amigos, não morreu em Ilovaisk. Em 10 de agosto eles foram para reconhecimento - supostamente deveriam cobrir um franco-atirador. Ouviram tiros. Vadim caiu. Quando regressavam, procuraram corpos, Vadim não encontraram. 

Havia apenas um rastro de sangue no muro.
A mãe do militar concordou com o teste de DNA em dezembro. Tornou-se claro que havia uma sobreposição parcial de dois organismos. Na véspera de Ano Novo colheram material genético da filhinha Sonia. Após um mês telefonaram da milícia. Vadim foi encontrado, seu corpo podiam levar para sepultamento. 

Vadim Antonov queria mudar o mundo para melhor em prol da filha Sonia.
"A todos, que morreram naquele período, na região de Ilovaisk, na certidão de óbito os médicos sugerem  29 de agosto. Exceto nos casos em que parentes tem certeza de outra data"., disse Olga Bohomolets. Vadim desapareceu no dia 10 de agosto, mas pode ter sido ferido e ainda vivido por alguns dias, e não é fato, que o separatista que o enterrou, lembra o dia exato". (Em Ilovaisk, o exército ukrainiano sofreu grande derrota - OK).

Agora Olga tenta aceitar e suportar o que aconteceu. Sonia entrou para a primeira série. Quando elas veem um ônibus com militares - obrigatoriamente lhes acenam. Dizem, que com isto as expressões duras dos homens começam iluminar-se. Eles sorriem.

Tradução: O. Kowaltschuk

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Slovyansk. Um ano após "DNR"
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 15.2015
Anastásia Rinhis


Em 12 de abril do ano passado o Departamento de Polícia da cidade de Slovyansk foi capturado por um grupo de militantes liderados por Igor Hyrkyn=Strelkov.
Como contou mais tarde em sua entrevista Hyrkyn, os militantes vieram à cidade diretamente da Criméia, em um pequeno grupo de 52 pessoas.
Após poucos meses - 7 de julho - deixaram a cidade de madrugada. 
Os locais contam que a coluna foi tão grande que os carros iam um atrás do outro por uma hora e meia.
Os moradores não dizem "fomos libertados". Eles dizem que os "militantes fugiram" e, polissêmicos silenciam.
Durante os meses do "governo da DNR", eles pareciam desempenhar o papel de figurantes em um filme de horror sem fim. Em Slovyansk houve tudo - torturas, assassinatos, morte pela fome, noites no porão, trabalho escravo e incessante tiroteio.
Parece que tais feridas não cicatrizarão por anos.
Mas a maioria dos deslocados obrigatórios, com registro de Slovyansk, por sorte, voltaram para casa. Eles não esperam por ninguém e até agora consertam suas casas destruídas, organizam sua vida modesta.
Com todas as forças tentam não lembrar os acontecimentos do ano passado.
"Recentemente, na estação de ônibus, um rapaz jogou um petardo. Os, que não se ausentaram de Slovyansk, jogaram-se no chão, outros - nem se viraram", - conta o voluntário Denis, de Slovyansk.
Ele, agora é treinador de boxe, como um terço dos moradores, que não deixaram a cidade. "Você sabe, quando eu vi, quem apoiava "DNR", eu tinha a sensação que escancararam-se as portas do inferno. Eu, tal quantidade de desclassificados elementos nas ruas, ainda não tinha visto", - lembra ele.
Quando ele fala sobre o que acontecia na cidade, durante o período de Hyrkyn, seu discurso torna-se lento. Parece que ele escolhe as palavras, digere os acontecimentos. Depois de um ano, mesmo os que não saíram de Slovyansk durante a ocupação, preferem dizer, que na cidade não estavam.
Simplesmente explicam - lembrar é assustador. A cidade ainda não se recuperou de todo horror, que aconteceu.
Depois de um ano encontram-se ainda os que, parece, não se livraram da síndrome de Estocolmo. Muitos moradores esperam o retorno dos invasores, e os próprios invasores cobrem-se com lendas.
Em algumas cabeças perambula o pensamento de que, em algum lugar, há "bons milicianos".

Foi Hyrkyn? Foto Ria Novosti
Com o georgiano Fridon Vekua, que seguramente podemos considerar como participante ativo dos eventos do ano passado, nós nos encontramos na praça principal de Slovyansk, em frente à Câmara Municipal.
Aqui ainda está a estátua de Lenin. Recentemente embelezada com as cores amarelo-azuis a gravata pioneira.
Desmontar Ilich (prenome de Lenin -OK), derrubá-lo sob a escuridão da noite, ninguém dos moradores locais ou ativistas, ousam. (Esta sujeira deverá desaparecer da paisagem ukrainiana. Pelo menos, sobre a renomeação de ruas e demais locais públicos já foi assinada a lei pelo presidente, a poucos dias - OK).
"Você sabe quantos pensionistas temos? - Pergunta Vekua. Antes da guerra tínhamos 42 mil, mas agora, com os migrantes temos mais. E isto é com mil habitantes. Para estas pessoas Lenin - é o símbolo de sua juventude! Derrube-o e levantar-se-ão uivos".

Fridon Vekua, ex-segurança. Ele se denomina agente secreto. Ele diz que no final dos anos oitenta foi demitido pelas autoridades porque investigou seu chefe quanto a prática de corrupção.
Ao invés de dispensar seu chefe, o sistema o dispensou.
Vekua dedicou-se a negócios.
Quando começou a captura do Departamento da Polícia, ele telefonou aos ex-colegas de Kyiv denunciando a situação, e tomar conhecimento sobre o plano de ação. Não havia plano. Havia apenas confusão. Fridon diz que foi exatamente por isso que se tornou agente duplo.
Os ativistas locais o descrevem como uma pessoa que sabe sair seco da água. E brincam, que é provável ele ser agente triplo. Ele se acostumou com o papel de advogado da "DNR".
No entanto, Fridon é um dos muitos que pessoalmente conversava com Hyrkyn. Ele recebeu provas de abuso na distribuição de ajuda humanitária do "deputado popular Ponomariov".
- Eu sabia bem, quem é Ponomariov. Ele nem mesmo é, pequeno bandido! Ele era líder dos "titushke"
(Em Kyiv, titushke eram elementos quase sempre criminosos, que constituíam a guarda do ex-presidente, no interior defendiam o partido do governo - OK) em Slovyansk. Nossa cidade é pequena e logo ficou claro que os parentes de Ponomariov negociavam com ajuda humanitária.

"Prefeito do Povo" Ponomariov foi acusado de roubo da ajuda humanitária. Foto atn.ua

Enquanto caminhamos pela rua Karl Marx até o prédio do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) Vekua fala sobre abusos de Ponomariov.
Nós paramos próximo ao restaurante "Ilusão". O edifício vizinho, antigo, de tijolo vermelho - é o prédio do SBU, onde na primavera e verão passados torturavam pessoas. Esta quadra, por alguns meses, foi isolada dos dois lados por altos postos de controle..
- Quando me trouxeram, Hyrkyn estava aqui - Vekua indica o local. Ele olhou em minha direção e disse ao comandante militar Viktor Nosov: "Então pegue este homem, você sabe o que fazer em seguida". "Eu fiquei com medo" - lembra Vekua. Fridon, com suas investigações criou problemas entre Hyrkyn e o "prefeito do povo "Ponomariov", o qual logo seria afastado de seu cargo.

Em vez de Ponomariov nomearam Volodymyr Pavlenko, ex-chefe do Trabalho e Proteção Social do Conselho da cidade de Slovyansk. Posteriormente ele fugi para Belarus, temendo perseguição dos militares ukrainianos. Vekua foi seu auxiliar, encarregado da distribuição de ajuda humanitária.

- Eu não usei camuflagem, não carreguei armas, insisti para que abrissem o armazém com a ajuda humanitária e colocassem uma pessoa independente. Dividi a cidade em quatro partes e organizei a distribuição equitativa das doações, - explica Vekua.

Ele precisou, por várias vezes, explicar aos voluntários e aos órgãos de aplicação da lei, o que ele fazia nas fileiras da "DNR". Alguns dias antes dos militantes abandonarem a cidade, o prefeito Pavlenko chamou Fridon e avisou que Hyrkyn o demitiu de suas funções. "Eu compreendi o que se aproximava, e em meia hora saí da cidade - diz ele.

Vekua voltou para Slovyansk, quando os militantes deixaram a cidade. Os voluntários do Batalhão de Kyiv quiseram prendê-lo, mas os conhecidos do SBU o defenderam. Ele ainda dá provas, restaura o curso dos acontecimentos.

A espinha dorsal dos militantes, especialmente no início, constituiu-se de aposentados russos. São pessoas de 45 - 50 anos, - conta Fridon  enquanto nós observamos o prédio danificado com fragmentos, no primeiro andar do qual vivia Hyrkyn-Strelkov.

- Quantos militantes russos vieram a Slovyansk?
- Bem, conte 1.600 pães diariamente. Depois ele diz que havia de 3 a 5 mil. Eles alojaram-se no hospital, no internato, na escola Nº 16, no Sanatório, no DC "Railroaders" e na fábrica de motores.

Fridon possuía longas listas de militantes, aos quais ele distribuía ajuda humanitária (Então a ajuda humanitária, do governo e povo ukrainiano, não se destinava à população ukrainiana sob ocupação, mas aos ocupantes??? - OK).
Durante estes meses ele viu tanto mal que é suficiente para vários filmes de terror. Mas o que mais o impressionou, foi o papel dos sacerdotes ortodoxos. Ele conta que os militantes escondiam armas nas igrejas da Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou, abençoavam as armas, pediam a bênção antes das lutas, e os padres levavam armas camufladas através dos chekpoints. (A igreja na Rússia não serve a Deus, serve ao governo - OK).

Vovozinhas com ícones colocavam na frente para que os militares ukrainianos não abrissem fogo.Foto dumskaya net,
Especialmente ativo revelou-se, na primavera do ano passado, o padre Vitaly, da Igreja de Ressurreição. Ele abrigou o grupo de Strelkov no Centro da "Ortodoxa Culture Center", organizou mulheres com ícones no bloqueio de soldados ukrainianos. E, para se divertir, viajava pelos chekpoints ukrainianos e amaldiçoava os militares. Hoje ele não está na cidade. 

Novos mártires de Slovyansk
"A nos, o tempo todo, em todos os serviços militares, faziam lavagem cerebral" - diz a paroquiana da Igreja Ortodoxa, que não menciona seu nome.
A moça concorda conversar somente depois de muita persuasão. Ela, já por vários anos, canta no coral da igreja local.
Lembra, como em abril do ano passado, em todas as igrejas ortodoxas começou a campanha para "DNR" e no léxico dos padres surgiu a palavra "fascistas".
_ Isto foi assustador, eu não reconhecia os meus irmãos na fé - diz ela. Depois de um ano a retórica mudou. Aqueles, que anteriormente consagravam as armas, agora chamam para paz e compreensão.
- Mas eu posso dizer, que metade de nossos paroquianos ainda esperam o retorno da "DNR", diz a moça.
Ela sobreviveu "os tempos da "DNR", via como pegavam as pessoas na rua, sabia sobre as torturas nos porões do SBU, ajudava os voluntários na retirada de crianças. 
Mas há algo que lhe é difícil aceitar.
- A nós, muitas vezes disseram, que os protestantes são sectários, que eles são espiões americanos. Eu penso, que foi exatamente isto que causou o assassinato sem sentido, de quatro homens da Igreja da Transfiguração, - disse ela.
Nós caminhamos com ela na rua empoeirada Karl Marx. No final - a mesma igreja protestante.
Às vezes minha interlocutora pára e conta algo. Aconteceu que seu trabalho voluntário levou-a às comunidades protestantes, que alimentavam, medicavam e levavam as pessoas para locais pacíficos.
- Em nenhuma igreja ortodoxa havia tal serviço, lamenta ela. E acrescenta: "Eu diria, que havia serviço reverso".
Nós chegamos, finalmente, a pequena igreja da Transfiguração. Um belo edifício com colunas monumentais - o antigo Palácio da Cultura em homenagem a Artem. Dez anos atrás ele foi comprado e doado para comunidade protestante, liderada pelo Pastor Alexander Pavenko.

Após o culto de domingo, em 8 de junho de 2014, os filhos do Pastor, Ruvema, 30 anos, e Albert, 24 anos, e dois diáconos - Victor Bradarskyi, pai de três crianças, e Volodymyr Velechko, pai de 8 crianças, os militantes em máscaras (que cobrem a cabeça até o pescoço, deixando apenas abertura para olhos e boca -OK) obrigaram entrar no carro e levaram para destino desconhecido.

O pastor de outra igreja protestante "Boa Notícia" Peter Dudnik, me aconselhou a entrar em contato com a esposa de um dos assassinados, Viktor Bradarskyi - Natália. 
Ela escreve um livro sobre o marido, a guerra e Deus. E desde o primeiro segundo de nossa conversa telefônica eu concordo com o encontro. 
Sua casa é no setor privado de Slovyansk, é preciso ir de táxi. Pelo caminho pergunto ao motorista, se ele soube sobre o assassinato de quatro protestantes. "Sim, eles estão enterrados próximo ao Hospital das Crianças" - disse ele com indiferença. E depois acrescentou: "A isto eu sou indiferente, Porque na guerra acontece".

Natália Bradarska me encontra no portão. Em sua casa aconchegante a mesa está posta para um chá. Bradarska alcança seu diário, no qual anotou todos os dias de procura do marido - de 8 de junho a 15 de julho. Eis a anotação de 17 de junho: "Fui procurar você no serviço de informações da cidade, disseram para procurar um advogado. Ele prometeu procurar. Eu esperei por horas. Depois ele disse que não constava nas listas.
Primeiro de julho: "Ontem o comandante da Polícia Militar, Nis, instruiu seu ajudante Lelyk para me ajudar. Nós fomos até o Corpo de Bombeiros, aonde deviam nos levar. Lelyk disse: "Vocês são pessoas estranhas. No início nos chamavam, agora não nos apoiam." E me disseram, olhando nos meus olhos, que pegaram o carro, mas dispensaram os rapazes.

Os militantes mentiam. Eles torturaram quatro protestantes durante o dia todo. E às três da manhã, disseram que os dispensavam no carro do Viktor. Mas assim que o carro se moveu - todos foram fuzilados.

Família de Viktor Bradarski. Viktor foi morto pelos partidários de Hyrkyn-Strelkov. Foto apresentado pela N. Braderska
Fridon Vekua soube sobre esta história no dia seguinte, na reunião com "DNR". Ele sabia o local do enterro. "Lá havia 14 cadáveres - 13 homens e uma mulher, 4 deles - os desaparecidos protestantes, diz ele.

Natália Bradarska descreve em detalhes o dia em que soube, que seu marido foi morto. No necrotério, ela viu centenas de fotos de corpos humanos. Até agora é difícil acreditar, que aconteceu de verdade.
Repetidamente lhe deram a entender, que os protestantes foram levados por ordem de Hyrkyn. Caçavam alguém da família do pastor Pavenko.
"A questão não foi dinheiro, isto estava relacionado com a nossa fé", - disseram a ela num encontro.
No dia anterior ao nosso encontro ela concluiu o cenário para um filme-documentário sobre o marido.
 - Victor era mito estimado. Ele tinha um programa na TV local: "Duas perguntas".  Ele era mestre de cerimônias em festivais da cidade. Era uma pessoa muito boa - diz Natália e silencia. Na sala há muitas fotografias do marido - Vktor sorri de todas..

- Para você é difícil imaginar os acontecimentos daqui. Parecia, realmente, o ano de 1937. Todos suspeitavam de todos - explica o pastor Peter Dudnik. As instalações de sua igreja ocuparam os militantes. Dudnik diz, que depois "que Deus milagrosamente libertou Slovyansk", da igreja retiraram 3 caminhões de armas.
Agora, Dudnik - herói da Ukraina. Com uma equipe de voluntários ele retirou de Slovyansk, Gorlivka, e Debaltseve mais de 12 mil pessoas. A cidade ainda vive com medo. Todos temem a volta dos militantes. Eles prometem: retornaremos no dia tal, ou tal - dá de ombros o pastor. Nos seus sermões ele diz, que não capturarão a cidade. Sua comunidade já recuperou 112 edifícios destruídos. Psicólogo por formação, Dudnik afirma que Slovyansk precisa terapia psicológica. Ele próprio descobriu como ajudar as pessoas, realiza treinamentos "Como continuar vivendo?". No qual ensina regras simples - ser agradecido, alegrar-se com o que tem, ajudar os necessitados. "Por exemplo, dar ardósia a uma pessoa, mas antes pedimos a ela que cubra a casa do vizinho. Quando ela cobre a casa de outra pessoa, ela experimenta o prazer de ser útil. A pessoa torna-se melhor, diz Peter.

Como continuar a vida
"O atual prefeito de Slovyansk - Oleg Zontov parece otimista. Antes de iniciar uma conversa sobre o assunto, Zontov aprofunda-se em fatos históricos. Com precisão e bom gosto fala sobre comércio em Slovyansk. Ele é presidente do Sindicato local dos jornalistas e principal adversário de Nelly Shtepa
(Ex-prefeita de Slovyansk, aprisionada sob acusação de violação da integridade territorial e inviolabilidade da Ukraina, o que resultou na morte de pessoas e criação ou organização de grupo terrorista. Está ameaçada de prisão perpétua. - OK).


Mas, que a situação em Slovyansk é séria, Zontov compreendeu quando, com o deputado de Horlivka, Volodymyr Rybak desviava-se da perseguição dos militantes. E, em 17 de abril, na Quinta-feira Santa, soube, que V. Rybak foi sequestrado e morto devido a tentativa de hastear  a bandeira ukrainiana sobre o Conselho Municipal. Depois de alguns dias, seu corpo, como o corpo do estudante de 25 anos, encontraram com a barriga aberta, na margem do rio.
No aniversário da tragédia, o prefeito de Slovyansk decidiu reunir todos os deputados oposicionistas - e colocar uma placa em memória de Volodymyr Rybak.

Em Slovyansk havia 60 deputados do Conselho Municipal: 48 "regionais" (do Partido das Regiões , do ex-presidente Yanukovych), 8 comunistas, e do partido de Vitrenko, e um do Zonta, da Frente Popular.
Nas eleições parlamentares ele candidatou-se pelo bloco de Petro Poroshenko (presidente). Depois tornou-se prefeito em exercício.

Dias atrás Zonta fez um estágio semanal em Kalish - Polônia. Com entusiasmo conta que o orçamento é composto pelo imposto pago por empresas locais, e a comunidade controla a distribuição dos gastos.

De 100 mil habitantes de Slovyansk, há cerca de 20 mil oficialmente empregados, e aproximadamente 5 mil empresários. Antes da guerra havia 2,5 mil mais.

"Nosso orçamento é muito modesto. As pessoas não veem estabilidade e temem c continuidade da guerra. Embora todos queiram - "viver como antes", - diz o deputado Oleg Marchenko, responsável pelo abastecimento da água, que eu encontro casualmente, n café.
Ele conta nos dedos as empresas que fecharam em Slovyansk. Mas os dedos das duas mãos não são suficientes.
Marchenko diz que as pessoas que apoiavam os militantes não desapareceram da cidade. E muitos deles ainda esperam que Hyrkyn voltará, como prometeu.

À noite, antes de partir, entrei na igreja de Alexander Newsky, localizada próximo estação ferroviária. No verão, nos sermões dos padres, ouvia-se: "fascistas" e "milagre da cultura russa". No sermão da Sexta-feira Santa já houveram chamadas para aceitação e perdão à família e ao mundo.

Na igreja eu vi o taxista que me levou à família do protestantes que perdeu seu pai. Ele atraiu minha atenção porque segurava uma enorme vela que, de longe, parecia um pau tosco.

Tradução: O. Kowaltschuk

 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ferido na Guerra. Alex
Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade Ukrainiana Vida), 19.03.2015
Irina Soloshenko

Já a seis dias que Alex Litovchenko recebeu alta da reanimação cirúrgica e está na reabilitação.


Desde 29 de janeiro ele luta pela vida: no início, no hospital de Dnipropetrovsk, depois no hospital militar de Kyiv. Os médicos conseguiram o impossível e devolveram-lhe a vida. Agora Alex terá um longo caminho para recuperação, para poder voltar à vida normal.

Agora, para ele é importante ficar em pé, em todos os sentidos. Logo deve nascer sua filhinha.
Sua esposa Oksana já foi para casa, em Odessa, para dar à luz. Graças a ajuda de pessoas não-indiferentes, a pequenina já tem o carrinho de bebê, mas a caminha e todo enxoval necessário receberá da Itália.

- Como a esposa reagiu, quando você foi para guerra?

No início, disse: "quando voltar - conversaremos". Depois, quando estava próximo da morte, disse: "Quando sair do hospital - conversaremos..." (cansado, ele sorri).

...Quando eu vim para conhecer Alex, com alegria o vi no quarto, mastigando hambúrgueres do restaurante, trazidos por voluntários, por encomenda dos feridos.

Alex, orgulhosamente diz que já deu alguns passos, segurando nos apoios. Ele já sai à rua para tomar sol e respirar ar.
Todas estas coisas simples - sentir o sabor dos alimentos, desfrutar do sol e ar fresco, não ouvir a cada segundo os sons dos dispositivos de reanimação - é difícil de entender e avaliar àqueles que não oscilaram entre a vida e a morte.

Ales retorna sempre em pensamento a 29 de janeiro. Neste dia ele quase morreu.

Ao lado de Alex está sentada uma preocupada voluntária, ela segura sua mão. A imaginação de Alex povoam fortes fantasmas e ele precisa sentir apoio, simplesmente apertando a mão de alguém.

Quando falamos com Alex, sentimos que falamos com oficial de carreira, que entende o que arriscava, o que fazia, e qual é a responsabilidade que assume por suas ações.

- Como você entrou no exército?
_ Eu fui mobilizado da reserva, eu sou tenente da reserva da Marinha.

Ele constrói as frases como militar, claras e corretas.

Alex nasceu em 1985, em Odessa. Formou-se em direito, mas nos últimos anos trabalhou na construção de prédios como estucador, porque não conseguia emprego de acordo com sua especialidade.
Depois da mobilização, em agosto de 2014, por dois longos meses participou de treinamentos no campo "Amplo Lan", praticou habilidades de guerra.

- Á pergunta, "vocês foram bem treinados, ou apenas pró-forma?" respondeu severamente, que o treino foi sério.

- E, para onde você foi mandado depois do treino?

- De acordo com o número da ordem... Comando "Sul", para executar a tarefa de operação antiterrorista fui enviado para a região de Donetsk.

_ Eu fui para guerra porque eu sou pela Ukraina. Eu sou um oficial, eu fiz o juramento pela nação ukrainiana. A mim tanto faz, quem está no governo, eu prometi proteger a integridade do país. Compreende?

- Bem, muitos encontram razões para não ir à guerra, e você, não teve medo?...

- Então por que eles usam dragonas? Eles não compreenderam que será preciso morrer pelo país?

- Não, muitos não entendiam, mas ao exército iam, não imaginavam que será necessário lutar, e ainda com o "povo irmão". Esse é o problema. (São os russos que chamam, hipocritamente, os ukrainianos de "povo irmão". Historicamente são povos distintos.  -OK).

Eu não posso descrever detalhes, como e onde guerreou Alex. Como ele disse, - "A guerra não acabou". Em 29 de janeiro, durante o bombardeio "da cidade", recebeu estilhaços de arma de fogo que feriram o terço superior da coxa esquerda. 
Durante a conversa na enfermaria, de tempo em tempo, Alex tenta nos mandar para casa, junto às crianças. Ele, sinceramente se admira, por que nós "abandonamos" nossos filhos e perdemos tempo com ele. Foi preciso explicar, que ele também encontrou tempo para deixar sua família, esposa grávida - e foi defender o país.

- Quando recebi o ferimento, eu vi, que a perna ficou pendurada num pedaço da pele, forte sangramento e dor. Soube imediatamente que perna eu não tinha mais.

- Você tinha o kit de primeiros socorros?

- Sim, gaze, butarfanol, esponja hemostática... Os rapazes me cobriram com gaze, dois seguravam, o terceiro colocava. Injetaram 4 butarfanois. Eu estava meio desmaiado. 

Em Solidove foi realizada a primeira cirurgia. E me levaram, coberto com lençol, por 279 quilômetros, ao hospital do exército em Dnipropetrovsk. Estava extremamente frio, para menos de 20 graus...

- Este frio eu vou lembrar para sempre. - Já em Dnipropetrovsk me colocaram numa cama artificial. Depois passei por muitos dias de reanimação, certos antibióticos insanamente caros, comprados pelos voluntários, pneumonia, ferida infectada... - MAS agora tudo já passou. E à frente - a alegria da paternidade, preocupação e cuidados.

- No final de nossa conversa, depois que eu pedi para tirar uma foto, ele, demoradamente e com desagrado, olha para ela e balança a cabeça.


Alex ainda precisa seguir seu caminho: aceitar e acostumar-se com a prótese, aprender a andar com ela, com joelho artificial, encontrar-se em novas condições.

Enquanto isso, Alex não tem possibilidade de manter sua família com dignidade - nós, como vocês, podemos ajudar. (Em seguida vem o número do cartão bancário. Pedidos assim sempre há em casos semelhantes. Também publicam o que conseguem, as doações - só os valores e objetos. O povo, apesar de pobre e preços em alta, ainda atende aos pedidos e ajuda. Os voluntários são as pessoas que se doam, muitas vezes abandonando o próprio emprego, para ajudar. Infelizmente, uma parte deste povo aprendeu com os soviéticos a enganar e roubar, especialidade de muitos políticos, funcionários públicos e empresários. O governo ukrainiano atual está começando fazer a "limpeza", mas o trabalho é imenso, o campo está cheio de ervas daninhas. E, ainda tem o governo russo que não dá sossego.

Tradução: O. Kowaltschuk


                                 

sábado, 18 de abril de 2015

Na Ukraina morreram 6.116 pessoas, cerca de 15.474 foram feridas, segundo ONU.
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 18.04.2015

De abril de 2014, em consequência do conflito no Donbas foram mortas 6.116 pessoas, 15.474 receberam ferimentos.
Isto foi afirmado pelo secretário de Imprensa da ONU, para os direitos Humanos, Ravina Shamdasani.
"Estes números são aproximados. Os números reais podem ser muito maiores, já que centenas de pessoas são consideradas desaparecidas, e centenas de corpos ainda não foram reconhecidos", - disse ela.

De acordo com o porta-voz da ONU, os civis, como antes, estão gravemente afetados pelo conflito prolongado.
"Somente em 2015, cerca de 400 habitantes pacíficos foram mortos em resultado do bombardeio indiscriminado de áreas residenciais, bem como devido a explosões em minas e outros projéteis nos territórios sob controle de grupos armados ou do governo", - disse Shamdasani.
Segundo suas palavras a situação com os direitos das pessoas, no leste da Ukraina, parece estar piorando, devido a violações do cessar fogo.

"Da zona do conflito vêm relatos de perdas de ambos os lados, a intensificação dos combates, especialmente na região do aeroporto de Donetsk e próximo a Shyrokyne, em Donetsk", declarou Shamdasani, acrescentando que nas batalhas usam armas pesadas. Em 13 de abril, as forças armadas ukrainianas relataram sobre seis mortes e ferimentos de 12 soldados. "DNR" e "FSC" perderam quatro e tiveram 17 feridos. "Nós tememos uma nova escalada das hostilidades", disse Shamdasani. Ela disse, que o conflito afeta a vida diária dos ukrainianos, como na zona do conflito, também no restante do território.

A proliferação de armas, ausência de oportunidades de trabalho, acesso limitado a cuidados médicos e psicológicos, especialmente dos 20 mil soldados desmobilizados, medo do cessar-fogo não estabelecer-se - tudo isso causa um sério impacto sobre a população", concluiu Shamdasani, exortando as partes a respeitarem o direito humanitário internacional e os acordos de Minsk.
***
Em Kyiv, foi morto a tiros, o jornalista, escritor e radialista Oles Buzyna, na quinta-feira, dia 16.04.2015. Assassinato parecido com o assassinato de Oleg Kalashnikov em 15.04.2015. O assassino estava à espera de sua vítima próximo ao local de sua residência.
A placa do carro era em letão ou bielorrusso, não ukrainiano.


A todos que estiveram envolvidos na organização e financiamento do Anti-Maidan, ou outras ações ilícitas contra o Maidan (Maidan - praça pública.  As manifestações que aconteceram em 2.013-2.014, da nação ukrainiana contra o domínio russo, que estava sendo introduzido com a colaboração do ex-presidente ukrainiano Yanukovych - OK) e sentirem ameaça à vida, favor entrar em contato com a polícia para não seguir o caminho de Kalashnikov e Buzyna.

Não se exclui que o assassinato de Oleg Kalashnikov e Oles Buzyna foi especialmente planejado e organizado em Moscou e é fonte de desestabilização interna da Ukraina por um lado, e incitação de sentimentos anti-ukrainianos na sociedade russa".

Putin, ao ser comunicado sobre o assassinato de Buzyna disse que este não é o primeiro assassinato na Ukraina e todos eles, em sua opinião, não são investigados.

Buzyna, no início de março, com escândalo demitiu-se do cargo de editor-chefe do jornal "Today", onde trabalhou desde janeiro. Ele argumentou que renunciou do cargo devido a censura, mas seus colegas disseram que foi devido à incapacidade de encontrar um diálogo comum com eles.

Como sabemos, na quarta-feira, no acesso à sua casa em Kyiv, foi assassinado um ex-membro do Partido das Regiões (Partido do ex-presidente Yanukovych) e um dos principais organizadores dos "titushok"(¹) e Anti-Maidan Oleg Kalashnikov.

1. "Titushke" era uma espécie de guarda do ex-presidente Yanukovych. Constituía-se de elementos criminosos, alugados pelo ex-governo, para emprego de força física, especialmente contra as atividades dos ativistas de oposição e para protestos públicos de rua para: provocações, intimidações, espancamentos e dispersão de manifestações, influência nos processos eleitorais, etc. Foi oficialmente reconhecido o uso de policiais e órgãos de defesa, de gangues criminosas dos "titushke" contra ações democráticas do "Euromaidan".  O nome surgiu em maio de 2013 e deriva do sobrenome de um esportista, Vadym Titushka.

***
Pela segunda vez, no dia 17,04,2015, do território ocupado pelos militantes, tentaram retirar, ilegalmente, seis milhões de UAH.

União Européia cria comando para lutar com as mentiras da Rússia.
Radio Svoboda (Rádio Liberdade), 18.04.2015

Moscou preparou bem a máquina de propaganda, mas UE só agora percebeu isso - euro-deputado Petras Aushtryavichus.


União Européia prepara-se para enfrentar Rússia na guerra da desinformação e esclarecimento da verdade, que é distorcida. Junto ao serviço diplomático europeu cria-se um comando cuja principal função será "correção e verificação de fatos e mitos indispensáveis para informações falsas. "Ainda bem que UE, finalmente começou agir neste sentido, mas as forças da Aliança, em comparação com a Rússia, são muito desiguais" - comentam os especialistas e euro-deputados em Bruxelas.

A composição de especialistas russo-falantes que tentarão desmistificar mitos e mentiras difundidas pela mídia russa - é apenas o primeiro passo de um conjunto de medidas na UE. Esforços serão direcionados na promoção de comunicação sobre política e programas da UE, apoio a meios de comunicação independentes e de sua diversidade. Especialmente realizar-se-á a promoção e incentivo da liberdade de imprensa.

Na primeira linha de resistência a agressiva propaganda russa estará o comando cuja admissão foi anunciada em todas as embaixadas dos Estados-membros da UE em Bruxelas depois da última cimeira da UE, de março.

De acordo com a edição online Euobserver, os candidatos devem conhecer o idioma russo, ter capacidade de análise da informação da UE na mídia russa. Devem ser ex-jornalistas ou colaboradores da imprensa que compreendem as "redes sociais", e a mídia.

O diretor do Centro UR-Rússia Fraser Cameron diz que as forças da UE e Rússia são desiguais. "O panorama da comunicação na UE é muito diferente: são meios livres e particulares, em comparação com a mídia controlada pelo Estado.  É óbvio que não podemos competir com eles. No entanto, nós podemos fornecer algumas fontes aos líderes da UE em Bruxelas e Estados-membros. Eles poderão usá-los para combater a propaganda russa".

De acordo com Cameron, a desinformação russa se torna, cada vez, menos eficaz: "O fluxo de mentiras revela cada vez mais a informações na internet, não na TV. A equipe européia irá promover os valores europeus, os princípios, regras e benefícios que eles podem trazer".

Segundo o euro-deputado Petras Aushtryavichus, a iniciativa é boa, embora um pouco tardia. "Isto será pouco, ações semelhantes devem ser criadas em cada país da UE. A UE poderá ajudar.
Moscou tem um verdadeiro exército de "jornalistas de bolso", ela tem um exército bem treinado. Ela prepara-se para isto de longa data, fez grandes investimentos.

O Estado ajuda a mais de 300 mil famílias deslocadas
Tyzhden.ua (Semana Ukrainiana), 18.04.2015

Com a meta de proteção social aos migrantes o Serviço Estatal de Emergência da Ukraina coopera com 137 organizações de voluntários.
A assistência financeira do Estado recebe 300 mil famílias do leste de Ukraina, segundo o vice-chefe do Serviço Estatal Mykola Chechotkin. "Para resolver as questões de proteção social dos migrantes, nós trabalhamos com as organizações voluntárias e organizações comunitárias em todas as regiões da Ukraina. Juntos entregamos ajuda voluntária, produtos de primeira necessidade, de higiene pessoal, medicamentos, roupas, alimentos. Os voluntários, com as equipes de resgate procuram por parentes, efetuam registros, prestam assistência jurídica e psicológica.
Temos 892 habitações para os deslocados, mas a procura pela habitação continua, portanto o alojamento é temporário."

Segundo Chechotkin já foram registrados 829.188 migrantes internos (Os que possuem alguns meios procuram alugar moradias, alguns procuram pelos parentes ou mesmo conhecidos - OK)

Segundo o presidente da administração civil-militar de Donetsk, mais de um milhão de pessoas não consegue sair da região ocupada de Donetsk.

Tradução: O. Kowaltschuk