domingo, 30 de novembro de 2014

"Noite da Memória" no Maidan
Vysokyi Zamok (Castelo Alvo), 30.11.2014

Na Praça da Independência em Kyiv realizou-se a ação sob o nome "Noite da Memória", dedicada ao aniversário da dispersão, pelo Berkut (Polícia do ex-presidente Yanukovych), dos estudantes que protestavam participando do Euromaidan, na noite de 30 de novembro de 2013.


No Maidan (praça) vieram alguns milhares de pessoas, muita juventude, estudantes.

Os participantes colocaram alguns barris, nos quais alimentaram o fogo, que foi tradicional método de aquecimento durante os protestos no Maidan.


Perante os participantes da ação apresentou-se o embaixador da UE na Ukraina John Tombinskyi. Ele ressaltou que os ukrainianos devem agir de modo que, o sacrifício das pessoas mortas durante os protestos no Maidan, não sejam em vão e, como resultado resulte uma Ukraina forte, na composição da Europa unida.

Por sua vez, o embaixador da Lituânia na Ukraina Petras Vaitiekunas disse, que seu país apoia Ukraina e acredita que o "agressor será detido". Ele ressaltou que a chave para o sucesso da Ukraina são as reformas e a unidade.

Aos participantes da ação dirigiu-se, com Skype, o ex-comissário da UE para o Alargamento da Política Européia de Vizinhança Stefan Füle. Ele observou que durante o Euromaidan os europeus viam na Ukraina tantas bandeiras da UE como nunca vêem na própria UE,
Füle lembrou, que a um ano Maidan simbolizava o direito à liberdade de expressão e de reunião dos cidadãos para expressar desacordos com as ações do governo.
"Isto também era luta contra a arrogância, do então governo, que pensava que não existe responsabilidade".- disse Füle, acrescentando, que os cidadãos vieram ao Maidan para apoiar a integração à União Européia. Ele observou que no Maidan viam-se muitas bandeiras da UE.

Diplomatas de todo mundo lembraram a dispersão forçada no Maidan da Independência.
Suas fotos e lembranças eles colocam nas páginas da rede social Twitter.

Particularmente, o Embaixador do Canadá na Ukraina  Roman Vashchuk postou fotos da "Noite de Memória" (ou "Night of Memory"), realizada na Praça da Independência, em memória dos acontecimentos do ano passado.
"Além do palco do Euromaidan, a noite de memória para lembrança sobre ataque a estudantes em 30 de novembro de 2013, que se tornou um ponto de viragem durante os protestos do ano passado" - escreveu o diplomata.


O Embaixador da Suécia para Ukraina Andreas von Bekerat, em seu blog, postou uma mensagem, que ele escreveu depois da violenta dispersão do protesto pacífico.
"Os acontecimentos daquela noite, em dois dias mobilizaram 500 mil manifestantes", - observou ele.

O vice-embaixador da Lituânia na Ukraina Marius Yanukonis também postou fotos da "Noite de Memória" no Maidan e citou o embaixador da Lituânia na Ukraina Petras Vaitiekunas: "Nós acreditamos na Ukraina, e Lituânia sempre dará o indispensável apoio", - disse o embaixador da Lituânia aos ukrainianos, que reuniram-se para lembrar os acontecimentos do ano passado.


Vídeo sobre a "Noite de Memória"


Tradução: O. Kowaltschuk



sábado, 29 de novembro de 2014

Notícias ukrainianas - 25 e 26 de novembro
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 29.11.2014

Presidente da França François Hollande oficialmente suspendeu a entrega do primeiro navio "Mistral" para Rússia, devido a atual situação no leste da Ukraina

O Presidente da República considera que a atual situação no leste da Ukraina, como anteriormente, não permite transferência à Rússia do primeiro "Mistral", - diz o comunicado do Palácio Eliseu, no dia 25 de novembro.
Segundo contrato de vários anos atrás, a entrega deveria ser realizada no dia 14 de novembro, do primeiro navio.
O contrato, assinado em junho de 2011 previa a construção pela França de dois navios militares para helicópteros.
Rússia ameaça com justiça e pagamento de indenização.

***
Ministério do Exterior: "Rússia continua fornecer armas pesadas aos terroristas. Somente entre 17 - 23 de novembro foram registradas duas colunas de tecnologia: uma para Shchastia - com 6 veículos, e outra para Stanychno-Luhansk - com 16 veículos.
Além da técnica, para Vuhlehirsk veio um destacamento de 500 combatentes e mais 300 fuzileiros das Forças Armadas para Novoazovsk, Samsonov, Bezimenne e Shyrokine.
Continua a acumulação de armas pesadas e tropas nas regiões fronteiriças com Ukraina. Continua a rotação das Forças Armadas da FR na refião de Rostov. No dia 23 foi vista uma coluna de 10 tanques, através da cidade de Shakhtarsk em direção à cidade de Donetsk. 
Diariamente verificam-se tiroteios nas regiões ocupadas. Diariamente morrem 2 - 3 pessoas, combatentes ukrainianos ou moradores atingidos.

***
Juízes que proibiam Maidan, entram com recurso contra lustração. (Lustração é afastamento dos corruptos, funcionários inclinados contra o Estado Ukraina em geral).

***
Os terroristas querem trocar prisioneiros por comida.
"Grupos terroristas querem trocar prisioneiros ukrainianos por comida." 
Lembramos, nos territórios ocupados pelos terroristas e mercenários russos cresce situação catastrófica - falta água, produtos, objetos. 
Segundo ATO, os frequentes comboios "humanitários" da FR trazem unicamente armas e combustível aos mercenários.
Em muitas cidades os moradores locais organizam ações de protesto e "motins famintos." 
Em Antratsyt os "kazaques" disseram aos moradores locais: "Enquanto os cães correm pelas aldeias - vocês ainda não têm fome.

***
Vasilieva (defensora russa, dos direitos humanos): Os bandidos de Kaderovski raptam ukrainianos e levam para escravidão na Chêchenia.
Nomes de ukrainianos que, por inexplicáveis motivos como Nadia Savchenko, foram levados para Rússia, publicou no seu site a defensora russa, fundadora do grupo "Carga 200 da Ukraina para Rússia", Elena Vasilieva.
No Facebook ela escreveu:
"Incompreensíveis permanecem as pretensões, como a Savchenko, também os abaixo relacionados, - destacou ela: Se Rússia apeendeu militares - isto significa, que durante no mínimo três meses há guerra com Ukraina, e no território ukrainiano, o que não corresponde às declarações oficiais do principal comando de Putin: "Rússia não atacou Ukraina". Se as pessoas foram retiradas contra sua vontade, e elas são mantidas na prisão - então o dirigente do Comitê Investigativo Vladimir Putin ocupa-se com sequestro de pessoas", - escreve a defensora e publica a lista dos ukrainianos desaparecidos.
01. - Oleh V. Chuzh, 31.05.1988
02 - Oleksandr Ishchuk, 16.10.1987
03 - Sergey Shepetko
04 - Aleksandr Korostinskiy
05 - Roman Kozarenko
06 - Yuri V. Makarchuk
07 - Sergey Tymoshchuk
08 - Sergei Solovyov
09 - A. Revenchuk
10 - Alexey Baska, 1974
11 - I. Volyanovskiy
12 - Vladimir Vulkovskyy de 1983
13 - P. Kimot
14 - K. Yarush
15 - I. Nazarenko
16 - A. Maruhnyak
17 - G. Chip
18 - M. Timchuk
19 - Eugene O. Solodovnyk, 15.07.1991
20 - M. Tsybin
21 - Sergei Miroshnichenko, 15.06.1993
22 - Maxim Baranov, 30.07.1992
23 - Mihanko A.
24 - Sergey V. Dem'yanyk, 26.03.1988
25 - A. Moiseenko
26 - Yakumenko
27 - Galich
28 - Kurin (precisão questionável de nomes gravados)
29 - Alexandr Shkurko
Vasilieva acrescentou que existem listas de ukrainianos levados para escravidão na Chêchenia, pelas pessoas de Ramzan.
"Se Rússia dava assistência à fraternal Ukraina dando tratamento médico às pessoas - então por que estas pessoas não voltam? Nomes completos dos prisioneiros significam que nós já contactamos suas famílias. Famílias dos outros procuramos. Chamo a atenção de ativistas de direitos humanos russos e autoridades de supervisão, que as pessoas não estão apenas na prisão, mas também em calabouços. ´
É necessário verificar todas as cidades da Rússia", - pensa Vasilyeva.
(Vasilyeva é defensora russa, vive na Rússia. Ou ela não sabe tudo, e nem poderia saber, ou sabe até mais do que diz. Mas é compreensível, ela não poder dizer tudo o que sabe. Estas declarações da Vasilyeva dão uma pista para onde sumiram muitos combatentes ukrainianos, que são dados como "desapareceram sem notícia". Somente em Ilovaisk, foram capturados 170, parte foi entregue na troca de prisioneiros. Ilovaisk foi a maior tragédia ukrainiana. - OK).

***
Onze amigos de Putin
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 26.11.2014
Vladislav Polchyn

Apesar da agressão russa contra Ukraina, na Europa há suficientes políticos, amigos do líder russo. Geralmente são da extrema direita, que frequentemente, com palavras, condenam Kremlin


Alguns políticos europeus apoiam abertamente o presidente russo. Putin jogou seus caniços em quase todos os tanques - entre seus companheiros de armas altos funcionários, líderes de extrema-direita, de partidos neo-fascistas, ex-presidentes de grandes países europeus...
Parte deles foram observadores do quasireferendo na Criméia, alguém abertamente destaca ou elogia o agressor russo na arena internacional...

Peixe graúdo: presidentes, primeiros-ministros, chanceleres.
Pela amizade de ex-chanceler da Alemanha Gerhard Schröeder com Putin o presidente da Comissão e dos Assuntos Externos do Congresso dos EUA Tom Lantos chamou Schröeder de "prostituta política!. Depois de trabalhar como chanceler Schröeder recebeu do Kremlin "salário" - cargo no russo "Gazprom". Este ano Schröeder depois que "Big Seven" denominou o "referendo" na Criméia ilegal, simplesmente criticou a política do Ocidente em questões ukrainianas, traçando paralelos com a separação de Kosovo da Sérvia.

Não menos amigo de Putin é o italiano Silvio Berlusconi - no passado três vezes primeiro-ministro da Itália, chefe do partido de centro-direita. Berlusconi chama Putin "querido Amigo" e teimosamente canta para ele exagerados elogios. "Eu tenho relações fraternas com Putin, - dizia Berlusconi durante uma entrevista no final de 2013. - Ele é o melhor político do mundo hoje em dia. Considero que Rússia teve muita sorte, por ter tal líder. Putin tem problemas com a imagem externa o que não corresponde com a essência de sua política". No mês passado, Putin visitou seu velho amigo nos arredores de Milão...

Presidente checo Milos Zeman - outro "peixe-graúdo. Este político denomina a agressão russa.."guerra civil na Ukraina", condena sanções da UE quanto ao Kremlin, e o Maidan considera "guarida de banderivtsi" (palavra derivada de Bandera, o mesmo que foi líder do exército insurgente ukrainiano, e lutou contra o domínio russo antes da II Guera Mundial - OK). A imprensa tcheca informava que Zenan tinha preferencias nos negócios relacionados com Putin. Recentemente, em entrevista ao russo "Primeiro Canal" Zenan disse, que não via senso em ajuda econômica do ocidente à Ukraina... 70%  dos tchecos não apoiam as posições de Zenan  de Putin em relação à Ukraina. Durante as comemorações do 25º aniversário da Revolução Veludo em Praga (17 de novembro) em Zenan lançaram ovos - pelas suas declarações pró-Putin e o convite a Putin para visitar Praga.

Com "perspicácia" destacou-se o ex-presidente tcheco Vaclav Klaus - durante a guerra russo-georgiana de 2008, ele não condenou a agressão da FR. Agora, durante a guerra na Ukraina, Klaus continua dizendo, que Maidan - ação planejada dos Estados Unidos.

Entre os fãs de Putin também está o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban. Este político se recusa a acreditar na utilidade das sanções ocidentais contra a FR, considera Putin um ídolo, e o modelo político russo - exemplar. Pelas''espertezas" em casa Orban já se expôs a protestos em massa do povo húngaro.

Amigo próximo de Putin é também o vice-presidente do Partido Democrático da Sérvia Nenad Popovic. Além dos negócios de Popovic na Rússia, os políticos praticam "amizade de partidos". Os "democratas sérvios são aliados da "Rússia Unida" de Putin. 

Entre os maiores apoiadores de Putin revelou-se a extrema direita de diversos países da UE. Como escrevem os meios de comunicação ocidentais, parte deles - Kremlin pôde comprar, a outra parte é próxima a política autoritária de Putin e sua agressiva política externa.

Grande fã de Putin na Europa é a líder do partido da extrema-direita francesa "Frente Nacional" Marin Le Pen. Ela tem sido constantemente acusada de anti-semitismo e racismo. Em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel Le Pen disse que UE é "URSS européia", e expressou o desejo, da França deixar UE. Le Pen declarou que "Putin desperta nela o entusiasmo", e ela "apela para a federalização da Ukraina". No pseudo referendum na Criméia houve um assessor especial da Le Pen, Emerik Shopard, conhecido crítico do futuro da Ukraina.
E, recentemente, o partido da Le Pen reconheceu, que recebeu da Rússia 9 milhões de euros para realização da campanha eleitoral. O crédito do "First Checo-Russo Banco" publicaram em setembro. Este banco é controlado pelo amigo de Putin - empresário Gennady Timchenko, incluído na relação de sanções dos EUA e UE. O mediador na obtenção do empréstimo tornou-se o deputado da UE do movimento da extrema direita "União azuis-escuros" Jean-Luc Shafhauzer, que no início de novembro viajou às assim chamadas eleições da "DNR" e "FSC". Antes do recebimento do crédito Le Pen encontrou-se com Putin.

Líder do partido nacionalista húngaro "Jobbik" Gábor Vona - também é amigo de Putin e adepto da política externa do Kremlin. Seu partido nos meios de comunicação frequentemente chamam de neonazista e anti-semita.  No quasireferendo  da Crimeia foi observador do "Jobbik"  Bela Kovach. Os membros deste partido vieram também às "eleições" no Donbass - como observadores. Kovach, em seu tempo, apresentava-se pela "Grande Hungria" no Transcarpathia e desde junho lhe foi proibida a entrada na Ukraina. A alguns meses atrás, o Ministério Público da Hungria pediu a Bruxelas privar Kovach do mandato de deputado do Parlamento Europeu, - porque ela é suspeita por espionagem em favor de Moscou.

Os peixes pequenos também se pesca.
A Bulgária também não faltam aliados de Putin. O líder do partido da extrema direita "Attack" Volen Siderov se opõe a UE e OTAN e reconhece fidelidade a Kremlin. Os sentimentos pró-russos "Attack" explicam sua posição anti-ukrainiana. O membro do "Attack" Kiril Kolev  e o líder da búlgara "Ortodoxa Dawn Paul Chernov eram "observadores no pseudo referendo na Criméia.

Amigo nº 11 de Putin na Europa é Mateusz Piskorski, ex-deputado do Sejm polonês e hoje vice-presidente da "Auto-defesa" do odioso Andrzej Lyeppera, que cometeu suicídio... Convidado pela organização supervisora russa CIS EMO, Piskorski era o chefe da missão de observadores internacionais no 'referendo" da Criméia. Piskorski é conhecido como anti-semita, autor de vários artigos no portal "White Light", no jornal "Eu-russo", editor do jornal de skinheads poloneses Odala. Abertamente elogia "raça ariana", Hitler e nazismo...

Tradução: O.Kowaltschuk

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sem 1933 não haveria 2014
Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana), 22.11.2014
Irina Mahrytska

Penso, que os poucos intelectuais do nosso país e do Ocidente, que estão bem familiarizados com o tema do Holodomor e suas consequências para o atual e pós-genocida sociedade da Ukraina, dificilmente poderão ter dúvidas, que o extermínio stalinista de 1933 abriu caminho para a guerra hibrida de Putin no Donbass. Isto é, um ditador sanguinário repassou como herança a outro imperialista a destruição da Ukraina. 


O que acontece hoje, na região, todos sabem. Mas o que realmente aconteceu na Ukraina, no inverno e na primavera de 1933, compreendem, apenas alguns.

 Por que a morte pela fome é a mais temida.

Alguém dirá: "Porque ela é mais longa", - e isto é verdade, mas apenas parcialmente. Assim, se não houver comida, mas há água, a pessoa estará se extinguindo até por um mês, experimentando na última semana de sua vida terrível sofrimento físico. No entanto, a morte devido a fome considera-se mais feroz, principalmente porque transforma a pessoa em uma besta bípede, que é mais monstruosa que o mais cruel carniceiro, porque é capaz de comer não apenas sua própria espécie, mas também seus filhos.

Já por muitas vezes citei a passagem de Gregory Bevza, que sobreviveu a fome numa aldeia ukrainiana. "Simultaneamente com as mudanças fisiológicas do corpo da pessoa faminta muda sua psique. Forte e contínuo jejum amortece ou mata completamente os sentimentos humanos normais. Uma pessoa faminta não se posiciona perante o bem e o mal, a verdade e a mentira, justiça e injustiça, como uma pessoa alimentada. Os valores humanos naturais parecem de menor importância, insignificantes. Acima de tudo deseja-se comer. Morrem ou absolutamente não nascem os sentimentos patrióticos, de fé, amizade e amor".

Isto significa, que depois do Holodomor-genocídio, em julho de 1933, em aqueles que sobreviveram, os sentimentos já não se renovaram. Há evidências convincentes. Aqueles aldeões pós-genocídio não é que não colocaram nenhuma flor nas valas comuns, onde foram enterrados por causa da fome seus filhos, pais, maridos ou esposas - eles abriram trilhas, e às vezes até abriram estradas de terra, ao longo dos restos mortais. Sobre estes terríveis fatos eu soube de testemunhas vivas do Holodomor em várias aldeias de Luhansk - Slobozhanshchyna(¹), onde nas valas comuns até hoje não há sinais de sepultamento humano.

Os bolcheviques cuidaram, para que, ao estado animal em 1933 fossem conduzidos todos os aldeões e cossacos ukrainianos na URSS, Testemunhas do genocídio repetidamente mencionavam como, para as aldeias vinham automóveis com altos funcionários do Partido Soviético, que perguntavam a seus pais, a quanto tempo eles já não possuíam nada comestível, quantos aldeões morrem de fome por dia e que parte já morreu.

E os aldeões eram cerca de 75% da população da então URSS. Com iguais monstros morais eles criaram seus filhos e netos, que hoje já são citadinos e junto com seus descendentes constituem a maioria da população da Ukraina.

E isto, infelizmente, não é difamação do autor, do seu povo ou fantasias dolorosas. Eis uma citação do pesquisador da sociedade pós-genocida Nº1 na Ukraina, James Mace: "No extermínio em massa do povo ukrainiano, os traços ancestrais de sua ética, como hospitalidade, simpatia, cortesia, solicitude, ficaram no passado. Em seu lugar assenhorearam-se indiferença e crueldade".

O que já dizer sobre patriotismo e identidade nacional! Eles evaporaram-se na nação pós-genocídio como orvalho no sol...

Porque os russos continuam sendo irmãos para muitos ukrainianos.

Aquelas mesmas velhas testemunhas do Holodomor na região de Luhansk me garantiram, que até 1933 não ouviram de seus pais e avós sobre nenhum caso de casamento misto entre a juventude ukrainiana e russa das aldeias vizinhas, localizadas a apenas alguns quilômetros uma da outra.

Os russos para ukrainianos foram, então, representados de outra, não compreendida - inimiga civilização com totais aldeias pagãs, onde não evaporava o fedor da aguardente comum, e nos quintais cresciam ervas daninhas até a cintura.

Foi somente em 1933 que o mito imperial bolchevique, a fraternal amizade centenária das duas nações conseguiu encarnar-se à vida. Em parte porque, a mentalidade dos camponeses ukrainianos mudou sob a influência da ação do faminto terror vermelho quase ao contrário. E na região de Luhansk, como nas aldeias ao longo da fronteira com a Rússia em outras regiões da Ukraina, além disso ainda havia muito ponderáveis argumentos para manifestação do tal amor fraternal.

O fato é que, a própria divisão de fronteira em 1933 praticamente não existia, e os ukrainianos, agonizando devido a fome artificial, viam e sabiam bem, que nada parecido acontecia do outro lado. Sobre isto testemunharam os moradores, sem exceção, de todas as regiões fronteiriças de Luhansk.

E se era assim, então nos completamente desnacionalizados com o genocídio aldeões, a única garantia de não repetição do horror da esperada morte (porque as causas subjacentes do genocídio bolchevique eles não sabiam, e nem poderiam saber) restava maximizar a possível aproximação com os russos ou mesmo "disfarçar-se" neles.

É daí que vem a maioria dos sobrenomes ukrainianos distorcidos como Matviyenkov, Chepurnov, Zozulinyh, Shamraev, etc.

No russo-soviético (mas absolutamente não ukrainiano) espírito com estas pós-genocídio distorções foram educados seus filhos e netos, que já no nível genético odiavam quaisquer manifestações de patriotismo ukrainiano e "nacionalismo burguês" e as temiam como uma ameaça direta de repetição do inferno do Holodomor, que viveram seus pais.

É preciso observar, que tais descendentes dos desnacionalizados pós-genocídio camponeses ukrainianos de Slobozhanshchyna e das estepes cossacas, hoje constituem frágil maioria das cidades do Donbass. Por isso não há nada de estranho, que muitos deles durante o último censo, denominavam-se russos.

Por que exatamente Donbass e "Nova Rússia".

Mas é quase com a mesma negatividade percebe o nacionalismo ukrainiano a maioria não apenas de Donbass, mas toda "Nova Rússia", isto é, o Sudeste primitivo -predomínio se não da população russa, com população do idioma russo.

Primeiro, segundo dados de todos os censos gerais ukrainianos, tal fenômeno lá não há nem aproximadamente. Segundo, basta olhar para os nossos inúmeros russo-falantes patriotas do Sudeste, que hoje lutam no Donbass, e verificar mais uma vez: a questão não é o idioma.

Descaradamente mentem os ideólogos imperiais, que argumentam, que a atual e local mentalidade - prova que "Nova Rússia" - é uma genuína província russa, formada historicamente. Na verdade o descrito tipo de mentalidade formou-se pós-genocídio.

Para convencer-se, que anteriormente ao Holodomor a parte sul-oriental, mentalmente, em nada distinguia-se do restante, é suficiente lembrar o poderoso exército de camponeses de Nestor Makhno, combatentes do qual tinham consciência do camponês ukrainiano. Porque este exército formou-se, principalmente, em Katerynoslav, a cuja composição então incluía-se parte de Luhansk.

Surge a pergunta: o que de tão especial aconteceu durante o Holodomor, no nosso Sudeste, após o que ele hoje, no plano mental, é substancialmente diverso do resto do Estado? Afinal de contas, se você levantar os dados dos documentos de Kremlin dos anos 1932-1933, que referem-se à Ukraina, então neles, sobre quaisquer disposições especiais quanto a organização da fome artificial, nesta região, não há.

No entanto, o fenômeno de sua forte desnacionalização explica o conhecido intelectual ukrainiano Vadim Skurativskyi. Segundo suas observações, os moradores do Sudeste sofreram durante o Holodomor muito mais que o restante dos ukrainianos, precisamente porque viviam na zona de estepes. Quando os bolcheviques, no final de 1932, levaram todos os produtos comestíveis embora das aldeias, então os moradores que viviam nas zonas florestais ou zonas mistas de florestas e estepes, foram menos condenados, que os das estepes. Pois a fauna das estepes é muito mais pobre que a fauna da floresta.

Estes pensamentos de Vadim Skurativskyi são confirmados pelo famoso historiador americano Robert Conquest, que no seu livro científico - popular "Harvest of Sorrov" (Colheita  da Tristeza) publicou seus dados estatísticos relacionados à mortalidade dos aldeões ukrainianos em 1933, em geral, e em termos regionais. De acordo com eles, nas áreas do norte Holodomor causou a morte de cada quarto camponês ukainiano, na região central - cada terceiro, quando na região sudeste - aproximadamente cada segundo.

Deste modo, o genocídio bolchevique no sudeste da Ukraina foi o mais cruel, e, as torções mentais na consciência daqueles camponeses - mais profundas, mais difundidas e mais irreversíveis.

O mesmo Vadim Skurativskyi com tristeza constatou: "Conscientemente dirigido e perfeitamente executado o genocídio de 1932 - 19333 não permitiu a afirmação da Ukraina como um Estado forte e poderoso no continente europeu. Na verdade, para isto foi calculada a insidiosa ação pelos não étnicos-ukrainofobos. Naturalmente, que o conhecido publicista, pessoa com conhecimento enciclopédico, tinha em vista não a antiga URSS de 1930 (República Soviética Socialista da Ukraina) mas o nosso Estado atual.

O fato de que ele tinha razão, testemunha a ressalva da eternidade de James Mace: " Exatamente o estudo das razões políticas do Holodomor pode e deve desempenhar um papel importante no reconhecimento da historiadores, políticos e estadistas do Ocidente não apenas do passado da Ukraina, mas também do que está acontecendo aqui HOJE e o que pode acontecer AMANHÃ".

Especialmente desnacionalizado revelou-se Donbass, onde a concentração de russos e a mais alta na Ukraina, depois da Criméia. Toda esta situação necessitava uma política muito prudente e sábia, direcionada à restituição aos ukrainianos locais a perdida, em consequência do Holodomor, consciência nacional e aproximar ao máximo para a mentalidade européia a minoria de nacionalidade russa.

Em vez disso, sem exceção, nossos chefes de Estado apenas flertam com as elites políticas pró-Moscou, adotando o idioma russo durante suas raras e fugazes visitas a Luhansk e Donetsk.

Eles, com certeza, não leram agora a direcionada exatamente a eles cláusula do falecido James Mace, elaborada por ele nos primeiros anos deste século: "Pretensões a Ukraina têm raízes profundas na cultura política russa, e não podemos excluir, que cedo ou tarde Rússia decidirá apresentá-las não apenas nas palavras". Hoje ela já as apresentou. Por enquanto apenas na Criméia e no Donbass.

Rússia imperial, com total dimensão, aproveitou-se da política míope das elites políticas ukrainianas. Imediatamente após a chegada de Vladimir Putin ao poder no Kremlin começou um poderoso expurgo ideológico do Donbass. Aqui começaram fechar os, sem isto, poucos meios de comunicação ukrainianos, escolas, classes, cátedras.

Ao mesmo tempo Kremlin, não poupou dinheiro e poderosamente plantava aqui os valores do "Mundo russo", sua mídia, cultura, televisão. Porque ao contrário de Kyiv Moscou compreendia as consequências do Holodomor, e qual benefício dele poderia obter.

Os russos dominaram bem a conclusão de seu cientista político Sergei Kara-Murza: "Em tempos de crise social a destruição da memória histórica executa-se como um programa orientado". É daí que crescem as pernas da rejeição agressiva do Kremlin à verdade histórica do Holodomor na Ukraina!
Os resultados dessas diferentes abordagens de Kyiv e Moscou à nossa sociedade pós-genocídio no Donbass revelou-se terrível para Estado ukrainiano. Basta dizer, que conscientes de sua nacional independência, os ukrainianos, em Luhansk, nos últimos 10 anos, constituíam de-fato deplorável minoria - aproximadamente mil pessoas.

Foram exatamente eles que no inverno passado saíram com Maidan local, que em 9 de março foi dispersado pelas agências alugadas de serviços especiais russos-párias-titushky, que reuniram quase 2.000 de toda a região. Justamente no mesmo dia iniciou-se o movimento organizado pelos mesmos residentes, com a criação da infame "FSC".

E agora imaginemos a situação, se não houvesse Holodomor em 1933. Em Luhansk viveriam hoje 270 mil (eram exatamente tantos os descendentes do pós-genocídio na véspera da agressão hibrida da Rússia).

No aniversário de 200 anos de Taras Shevchenko (maior poeta ukrainiano - condenava a escravidão do povo ukrainiano. Ele próprio nasceu escravo russo - OK) então, em 9 de março sairiam, em manifestação, no mínimo algumas dezenas de milhares. Até o Holodomor "Kobzar" (Coletânea de poesias de Taras Shevchenko - é quase uma Bíblia para os ukrainianos conscientes - OK)  havia em casa de cada aldeão da Slobozhanshchyna, e até na Donshchyna(²)!

Não é necessário muita imaginação, o que aconteceria com aqueles 2.000 marginais pagos, que se atreveriam estragar o feriado nacional da grande massa , manipulados pela Rússia. O mesmo, provavelmente, esperaria as várias centenas de "titushky", que se esforçariam para invadir os prédios do SBU (Serviço de Segurança da Ukraina) e das administrações provinciais. E não haveria, então, a priori "DNR" e "FSC".

E Putin pensaria bem antes de chamar o Sudeste da Ukraina "terras russas".

Mas aconteceu o que aconteceu. E hoje, pessoas que esqueceram o passado, renunciaram às tradições nacionais, ao invés de defender Ukraina, lutam contra ela ao lado dos terroristas-separatistas. De acordo com minhas observações, cada terceiro deles tem raízes étnicas ukrainianas! Mas isso não é tudo. Exatamente os descendentes dos metamorfoseados constituem a maioria da população da Ukraina, e pelo trigo mourisco e dinheiro dos ladrões engravatados, durante os anos de independência da Ukraina elegem para liderança de nossa nação, segundo sua semelhança, profundamente amorais comerciantes, agentes da KGB - FSB, ex-comunistas, ex-Komsomol, descendentes daqueles mesmos "insidiosos - ukrainofobos", que criaram Holodomor, ladrões criminais.

Esta elite política durante os anos de nossa independência , destruiu e saqueou completamente o nosso poderoso exército ukrainiano, entregou seu um tiro a Criméia, e hoje sobre o sangue dos melhores filhos da Ukraina negocia com Kremlin o preço do território ukrainiano no Donbass.

E todas as próximas eleições em nosso país indicam: enquanto os pós-soviéticos descendentes das vítimas do Holodomor (aqueles que sobreviveram) continuarem maioria, ao SISTEMA de autoridade criminal nada ameaça.

1. Slobozhanshchyna - território histórico que abrangia atual Kharkiv, Sumy e parte de Donetsk e Luhansk na Ukraina. Voronezh, Kursk e Belgorod na Rússia. No final do século IX este território entrou na composição do territórios da Rus de Kyiv (Rus era o primeiro nome da Ukraina, do qual os moscovitas se apropriaram - OK). Os ataques tártaros, durante vários séculos transformaram este território em áreas desertas. A partir do século XV este território começou povoar-se com aldeões ukrainianos e cossacos dos lados direito e esquerdo do rio Dnieper. 

2. Donshchyna - terra histórica e geográfica da Ukraina, no lado direito do Baixo Don. Ocupa quase completamente as províncias de Donetsk e Luhansk, exceto as áreas localizadas ao norte de Seversky Donetsk pertencentes à Slobozhanshchyna .Em seu território de 50 mil quilômetros quadrados localiza-se região industrial - Donbass ou Bacia Carvoeira de Donetsk.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Devido às sanções e queda de preços do petróleo Rússia...
Europeiska Pravda (Verdade Européia, 24.11.2014

Devido às sanções e queda de preços do petróleo Rússia perderá 140 bilhões de dólares por ano - Ministério das Finanças da Ukraina.
A economia da FR, devido sanções ocidentais perde US $ 40 bilhões por ano e US $ 90-100 bilhões
devido a queda dos preços do petróleo, em 30%, segundo ministro das finanças da FR Anton Siluanov, escreve Ria "Novosti".

***
Jens Stoltenberg, Secretário Geral da OTAN, durante uma reunião da Assembléia Parlamentar, que se realizou em  24 de novembro em Haia, declarou:  "As portas que foram abertas, permanecem abertas. Nós assim decidimos. Eu estive na Cimeira de Bucareste, quando decidimos que Ukraina será membro da OTAN. Esta decisão permanece em vigor, desde que Ukraina cumpra os critérios de adesão, e se ela quiser".
"A questão da adesão da Ukraina não esteve na agenda nós últimos anos, porque Ukraina assim decidiu".
Lembramos, no domingo o Ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier disse que não vê Ukraina como membro da OTAN.

***
Os deputados idearam como Nadia Savchenko poderá fazer o juramento


Nadia Savchenko é um piloto de helicóptero. Ela encontrava-se na zona da ATO. Sua função era recolher os feridos e levá-los aos hospitais. Ela encontrava-se no território ukrainiano, quando foi capturada pelos separatistas russos, no início de julho, e levada para Rússia, e foi considerada culpada pelo assassinato de jornalistas russos. Na prisão sofre muitas pressões, inclusive torturas.

Por ocasião de eleições parlamentares na Ukraina, Nadia foi lançada candidata pelo Partido Pátria de Yulia Tymoshenko. Foi eleita. 

Os deputados planejam, durante a primeira reunião parlamentar, mostrar no painel Nadia fazendo o juramento, e também sua assinatura. Todos deputados aceitaram esta proposição. (O texto não diz como planejam conseguir a assinatura da Savchenko na prisão - OK). Com isto esperam maiores chances para conseguir a libertação de Savchenko, já que será parlamentar.

O representante do Partido Pátria disse que Savchenko será proposta como representante da Ukraina na Assembléia Parlamentar no Conselho da Europa. Anteriormente foi divulgado que Nadia Savchenko planeja envolver-se com atividades legislativas na prisão.

***
Lituânia inicia fornecimento de armas à Ukraina.


Após encontro com o presidente lituano, Dalia Grybauckayte, em Kyiv, o presidente Petro Poroshenko declarou ao correspondente da "Verdade Européia": Nós concordamos sobre o fornecimento de armas específicas para as forças armadas ukrainianas. Isto é uma ajuda real. Além das armas será fornecido treinamento para militares ukrainianos na Lituânia; será acrescido até 50 pessoas o número de militares feridos para tratamento na Lituânia.
Grybauckayte acrescentou que Ukraina receberá qualquer apoio da Lituânia, que o país tiver possibilidade de fornecer.
(Como vemos são os países pequenos que oferecem maior ajuda. Os grandes,  geralmente, falam muito mais que ajudam - OK).

***
O presidente estoniano Toomas Hendrik Ilves conclama à união para lutar contra a propaganda do Kremlin e "realidade paralela", que Rússia constrói no espaço informativo, e que a tal "realidade" está em desacordo com os valores democráticos.

O secretário adjunto da OTAN, Alexandr Vershbow falou sobre a necessidade de reforçar as sanções contra FR: "Enquanto a Rússia viola o direito internacional, enquanto ela tenta destruir a ordem mundial, o Ocidente deve aumentar o preço (que FR paga)", - declarou ele.

"O comportamento ilegal da Rússia exige que o Ocidente mantenha-se aos princípios, aumentando preços de sua agressão a Ukraina" - acrescentou ele.
O pronunciamento foi durante o fórum internacional "Halifax International Security Forum", no Canadá.

***
Rússia é o principal motivo do conflito e crise no Donbass. Isto foi declarado em Haia, na resolução da 60ª sessão anual da Assembléia Parlamentar da OTAN sobre apoio da soberania e democracia da Ukraina. O relator especial foi o deputado do Sejm polonês Witold Vaschyy, segundo relata Ukrinform.


"Ingerência direta e dissimulada, introdução de exércitos sem distintivos no território da Ukraina, é a principal razão da continuidade do conflito armado e crise humanitária no sudeste da Ukraina", - disseram os parlamentares da OTAN

Os parlamentares apelam a FR parar com a desestabilização da Ukraina, depor as armas, iniciar conversações (Mas os russos não podem pretender nem às conversações. Vão dizer o quê? Que invadiram terras ukrainianas sem motivo, só porque lhes pareceu interessante? Dos ukrainianos exigir acordos, promessas, para sair de suas terras? Qual a justificativa para as mortes e mutilações dos soldados ukrainianos, destruições?- OK). devolver a Criméia, parar com a propaganda anti-ocidental que alimenta sentimentos anti-ocidentais e chauvinistas entre os russos.
Eles aceitaram que seus governos continuem com as sanções, até Rússia mostrar sua vontade ao cumprimento do direito internacional e elimine as aquisições territoriais ilícitas.

Resumo e tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 22 de novembro de 2014

Hoje Ukraina homenageia as vítimas da fome
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 22.11.2014

Hoje Ukraina e o mundo todo homenageiam a memória das vítimas do Holodomor orientado para destruição de milhões de ukrainianos pelas autoridades soviéticas em 1932-1933.


Na foto: Não esqueça! Não perdoe! Não recue!

Este anual e nacional dia da Memória cai no 4º sábado de novembro. Este ano - 22 de novembro.
Tradicionalmente, os ukrainianos assistem à missa memorial e colocam simbólicos potes com grãos, pães e velas nos memoriais às vítimas do Holodomor.

Em Kyiv, às 15:30, nos eventos cerimoniais, participaram altos funcionários do Estado, líderes de países estrangeiros e testemunhas da fome.
Às 16 horas houve um momento nacional de silêncio.
Em seguida, por toda Ukraina passa a ação: "Acenda uma vela", quando todas as pessoas interessadas colocam  velas nos memoriais às vítimas. Nesta ação também pode-se participar acendendo uma vela e colocando-a próxima à janela.

"Nós vemos tudo". Kyiv lembrou os mortos no Maidan
Tyzhden ua. (Semana Ukrainiana), 21.11.2014
Valeria Burlak

Manifestação no Maidan, mar humano, centenas de mãos com lanternas, bandeiras amarelo-azuis nas costas e urros "Glória à Ukraina!" 
Parece, valer a pena voltar para Hrushevskoho (rua) - e ver fileiras de militares, pneus ardentes, fileiras de garrafas de vidro e rapazes em balaclavas. E, talvez, Sergei Nikoyan. Com vida.

Glória aos heróis
Porque aqui, no palco, tudo como antes. Emocionante e um pouco absurdo. "Independência energética!" - é Ruslana (cantora) que apresenta algumas exigências. "Ouves, Putin?! Criméia e Donbas são nossos! Criméia e Donbas são nossos!".

Depois da cantora faz uso da palavra Mustafa Nayem. Lembra 21 de novembro do ano passado. "Chovia, - diz o deputado. - Eu ia ao Maidan e não acreditava..." Não acreditava, que viriam pessoas na praça. Bem, talvez algumas dezenas.

Chega a vez de Maria Burmaka. "Mas você não tenha medo de viver! Sol, chuva, céu, estrelas, flores..." canta ela. Ao lado do carro com cartaz, que pede ajuda ao batalhão "Donbas, está um voluntário de muletas. Ouve com atenção.

"Nós viemos para olhar, um ao outro, nos olhos", - diz alguém no microfone. Talvez seja. Mas centenas de pessoas vieram aqui, principalmente, para olhar nos olhos de heróis caídos - acendem as lâmpadas na rua Instytutska, levam flores. Ficam em pé por longo tempo. Alguns abaixando a cabeça, alguns - de joelhos.

"Nós vemos tudo". - diz um cartaz na ponte sobre o Maidan. Abaixo a assinatura "Centena Celeste (nome dado aos mortos durante os protestos - OK). Antigamente, neste lugar ainda havia saudação ao "berkut" (guarda do ex-presidente Yanukovych): "Bem-vindo ao inferno". 

À "Centena Celeste" refere-se a maioria dos cartazes - eles agora são poucos - que as pessoas seguram. "Poroshenko, Yatseniuk, Yarema, impunidade aos assassinos da "Centena Celeste" - na sua consciência".
 
Indo para casa, todos lembram o que houve. Alguém fala sobre a sua centena, alguém sobre as suas barricadas. Muita conversa sobre o fato que Maidan não começou em 21 de novembro de 2013. E mais ainda - que ele ainda não terminou.

Algumas fotos da comemoração:









Poroshenko enfrentou exigência popular no Maidan

Poroshenko, após exigência popular no Maidan, conferiu a cada um da "Centena Celeste", o título de herói da Ukraina.
As pessoas argumentavam: "Nossos parentes deram suas vidas, eles são heróis da Ukraina!". E gritavam: "Vergonha!". 
O presidente respondeu calmamente: "Nós não podemos nos dividir, nós temos um inimigo. Foi um erro meu, eu gostaria de me desculpar. Hoje mesmo vou assinar a lei, dando título de herói a cada pessoa da "Centena Celeste".  E todos se acalmaram, alguns até aplaudiram.


Tradução: O. Kowaltschuk

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Nomes da Revolução
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 21.11.2014

"Verdade Ukrainiana" convidou os ativistas e voluntários do Maidan para lembrar os eventos mais importantes dos 94 dias de protesto e responder como ele os mudou. Nós, por sua vez, graças à memória deles renovamos a cronologia dos eventos.
Maidan teve início no dia 21 de novembro de 2013.

"Nós nos encontraremos às 22:30 sob o Monumento da Independência. Use roupas quentes, leve um guarda-chuva, chá, café, bom-humor e amigos", - deste aviso no Facebook do jornalista Mustafa Nayem, a um ano, começou Maidan.
Então ninguém dos primeiros participantes da ação do protesto poderia imaginar os próximos meses: Dispersão dos estudantes, brigas na Bankova (Administração Presidencial), tentativa de assalto do Maidan (praça), rua Hrushevskyi, primeiras mortes dos ativistas e fuga de Yanukovych.

Inna Nerodyk, 26 anos


Jornalista do Canal 5, durante Euromaidan e agora.
"Eu e minha amiga fomos as primeiras. Mas as redes sociais fizeram o seu trabalho e as pessoas começaram a chegar, algumas sozinhas, outras em grupo. Eu não posso relatar as memórias mais brilhantes. Isto - o homem sentado numa cadeira de rodas, a ele traziam pedaços de calçada e ele os partia com pé-de-cabra, para ter mais pedaços. As moças os juntavam em sacos e levavam para as barricadas. Professoras, que depois das aulas, vinham às barricadas e de salto alto, afundavam na areia, em saias e meias-calças. Mulheres que rolavam os pneus para Maidan. Vovozinhas, com casacos esfarrapados doavam 500 "hryvnias" (Isto é praticamente metade de suas pensões - OK). Homens que cozinhavam.
Penso que Maidan mudou todos. Mesmo depois que terminou. Centenas de milhares quando pela primeira vez vieram ao Maidan? Posters depois de 20 de fevereiro? Traziam toneladas de flores.E mesmo estes Maidan, penso que mudou.
O que for que causem os acontecimentos atuais, não se pode dizer que são consequências da Revolução da Dignidade. Isto é à parte. A Revolução foi forte e clara. E não apenas os chamejantes pneus.

Helen Podobed-Frankivska - 29 anos.


Desde o início coordenava o alojamento dos visitantes, depois organizava o centro de ajuda junto a Igreja Saint Michael  - depois da dissolução dos estudantes e durante os tiroteios aos ativistas.
Agora coordena a rede "Setor Público do Euromaidan".
Ao Maidan chegou no dia 26 de novembro. Inscreveu-se como voluntária de alojamento. 
Lembro como rapidamente começou alargar-se o pequeno espaço sob o monumento. Como "crescia" com sacolas com comida e garrafas térmicas. E, a esta pracinha todos os dias vinha mais gente. Então, eu ainda não acreditava que isto era o começo de uma revolução. Mas havia pânico "aonde acomodar todas estas pessoas".
Depois veio a noite da dispersão, manhã na Igreja de Saint Michael. Nós não estávamos preparados, tudo ficou no Maidan. No Maidan, depois surgiram as pequenas construções de madeira. Nelas nós organizamos departamentos de serviço: voluntários, acomodações, cozinha, roupas quentes... Dia de São Nicolau e Ano Novo. Em seguida - novos fuzilamentos. E, segundo Saint Michael.
O mais memorável, quando dentro do mosteiro verifico se todos estão acomodados. Vejo um homem deitado, com a cabeça coberta. Penso que ele está desconfortável, precisa corrigir. Ao aproximar-me, entendo, ele está morto.
Ainda lembro, corpos cuidadosamente colocados na grama, próximo a entrada do mosteiro. E os valentes médicos, serenos e calmos...
Maidan me deu a certeza, que toda boa ação, cedo ou tarde, vence a parede do mal. Ele me mostrou pessoas, que eu admirava, mesmo não sabendo seus nomes. Maidan restaurou minha fé neste país. Agora eu acredito - mesmo se nós não conseguirmos mudar tudo neste momento, ainda haverá uma incrível quantidade de obstinados sonhadores, dispostos a restaurar este país, como um Phoenix, a partir das cinzas de novo e de novo.

(A seguir somente a relação. Reportagem publicada no jornal de hoje, em comemoração ao dia de hoje - não foi possível traduzir tudo - OK)

Yegor Petrov, 27 anos - atualmente co´proprietário da BANDA agency.

Eugene Nyschuk, 41 anos - atualmente Ministro da Cultura.

Lida Pankiv, 25 anos - atualmente trabalha na IT-companhia ELEKS.

Ivan Sydor, 25 anos - durante e agora padre da Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Kyiv.

Christina Berdynskyh, 31 anos - atualmente repórter "Novo Tempo".

Sviatoslav Vakarchuk, 39 anos - durante a Revolução e agora: líder da banda Okean Elzy.

Elias Stronhovskyy, 31 anos - co-organizador do fundo de apoio à reabilitação na Ukraina.

Lisa Shaposnik, 27 anos - ajuda os militares na cidade Shchastia.

Michael Hawewliuk, 35 anos - recentemente foi eleito deputado da Ukraina.

Julia Marushevska, 25 anos - pós graduada de Kyiv National University Tares Shevchenko.

Olesya Zhukovska, 21 anos - estudante da University Medical Nacional Bohomolets.

Volodymyr Parasiuk, 27 anos - foi eleito deputado da Ukraina.

Resumo e tradução: O. Kowaltschuk
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


O Holodomor (fome forçada) ao qual Ukraina foi submetida em 1933, atualmente comemora-se na quarta semana de novembro. Abaixo um texto que nos esclarece um pouco como foi difícil atravessar esse período. Morreram nesta ocasião 7 (sete) milhões de pessoas, segundo a maioria das fontes. A privação de alimentos foi direcionada às aldeias. - OK.

"No faminto 1933 os grãos transformavam em álcool..."
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 17.11.2014
Tatiana Konyaeva

Jornalista do "Castelo Alto", encontrou em casa, as memórias de sua avó sobre Holodomor.


Folheando em casa pilhas de jornais velhos, dei com memórias sobre Holodomor de minha bisavó Nádia Grigorievna Kotsenko. A velhinha já não está entre nós há três anos. Anotações ela fez a pedido de minha avó.
Compreender a caligrafia enfeitada da bisavó foi um pouco complicado mas de alguns fatos o cabelo ficava em pé...

"As pessoas morriam como moscas..."

Em 1933 a bisavó tinha 9 anos, estudava no segundo ano, os acontecimentos da época já lembrava bem. A família vivia na cidade Borzna - na província de Chernihov. Naquele tempo a morte devido a fome, ceifava em Chernihov todos, sem distinção, mas nas páginas do jornal local, no início da "fome artificial" publicavam-se listas "vitoriosas" sobre execução do plano das quotas de produtos comestíveis em 100%.

"Mas a fome então era terrível, - lembrava minha bisavó. - As pessoas morriam como moscas, especialmente as crianças. Elas andavam inchadas da fome, com grandes barrigas cheias de água, e procuravam, pelo menos um pouco de comida. Suas perninhas eram fininhas, não suportavam seu peso, as crianças semi-mortas caíam na rua. Se alguns já não tinham família, então para enterrá-los já não havia ninguém. Então havia a "equipe de enterros", que recolhia os mortos e nas carroças levava-os ao cemitério, onde as pessoas eram enterradas como gado",

"Quando eles começaram criar os "kolkhozes" (fazendas coletivas) - elas foram denominadas "komnezame" (comitês dos necessitados, indigentes. Organizavam-se nas aldeias, com a pobreza; incluíam-se à criação dos kolkhozes, comunas, etc.) - lá iam trabalhar até as crianças. Em nossa família, naquele tempo, havia seis crianças. O irmãozinho menor nasceu em 1933. Junto com os adultos, nós quatro maiores, revolvíamos os campos , que os homens, manualmente semeavam. Com cavalos e bois também aravam, mas o gado era pouco, por isso os velhos e as crianças revolviam o solo com as pás cortadeiras. Pelo trabalho dinheiro não davam. Somente no almoço um pedacinho de pão e um caldo do que é separado  durante a moenda de trigo (restos), ou de painço suado. 
Eu, quando podia,ia descalça para escola. Somente quando caía a neve, nos procuravam calçados gastos. Às vezes, eu corro descalça pela terra congelada, sinto dor aguda nos pés, então me agacho, puxo a sainha sobre os pés para me aquecer um pouco, e depois corro para escola".   

"Em casa quebraram os ícones, porque procuravam um saquinho com grãos."

"Quando começou a coletivização, lembro, no cantinho, onde eu morava, aos vizinhos veio uma comissão de cinco pessoas para os privarem dos meios de produção e terra (Os aldeões, a partir de pequena propriedade e uma ou mais vacas, eram considerados ricos, os chamados "kurkuli". E tudo deles era retirado - OK). Os ativistas  é que disseram que os vizinhos eram "kurkuli" mas, na verdade, o vizinho, simplesmente não quis inscrever-se no "kolkhoz".
A comissão veio tarde da noite, lá viviam o pai, a mãe e três crianças. Nós eramos amigos dessas crianças. A família era muito pobre, nada tinham para comer, apenas abóbora. Aqueles homens retiraram os ícones da parede e os quebraram. Procuravam se não havia atrás algum saquinho com grãos. Nada encontraram. Não tiveram pena, que fora havia muito frio, puseram as crianças para fora quase sem roupas. Tocaram a mãe da casa, fecharam a porta, levaram a chave e foram embora. O pai destas crianças, para não ser preso, fugiu para algum lugar e demorou para responder. Posteriormente escreveu uma carta, dizendo que estava na Sibéria e trabalhava na estrada de ferro.

Eu vi tudo, muito assustada, corri para casa e contei ao pai, que as crianças quase nuas foram jogadas para fora, que elas estavam sentadas na barraca e choravam. O pai, muito chateado, saiu correndo, mas antes falou à mãe para recolher a família em nossa casa. Ela buscou as crianças e colocou-as sobre o forno aquecido. Houve muita gritaria e choro em nossa casa... O pai demorou muito para voltar - mas, quando voltou, trouxe a chave, entregou-a para vizinha e ajudou-a levar as crianças que já dormiam. Depois ele contou, que naquela comissão havia um amigo seu, um homem consciencioso, que dizia que a família não era "kurkuli", que eram pobres e infelizes pessoas..." 

"Pelo roubo de espigas condenavam à morte..."

Certo dia, depois da colheita, eu com as irmãs Halia a Nina, fomos ao campo recolher apenas algumas espigas. Nós pegamos saquinhos de pano e nos alegrávamos muito, quando encontrávamos algum grão. As irmãs foram um pouco na frente, e eu, tendo visto um tantinho de centeio não cortado, fiquei de joelhos, para retirar o grão da palha. De repente ouvi um delirante grito das irmãs. Quando levantei a cabeça, vi sobre mim um cavalo, no qual estava um homem corpulento que brandia sobre mim um chicote. As meninas já o sentiram nas costas, por isso gritavam. Mas, eu, ainda de joelhos, estendi o saquinho ao homem e, chorando, comecei implorar-lhe: "Tio, tio, não bata, leve tudo, o que recolhi".
Ele me bateu na mão. O saquinho voou alguns metros para o meio da erva daninha, e eu corri descalça sobre o espinhoso restolho, sem sentir dor. Chorando cheguei em casa, mas sentia muita tristeza, não pelos meus pés feridos que sangravam, mas pelo saquinho com umas dez espigas e um punhado de sementes, das quais mamãe faria uma espécie de sopa. Para um balde de água acrescentava-se um copo de farinha ou farelo e obtinha-se tal beberagem, com a qual, hoje, nem o gado alimentam. Foi bom que não me prenderam pelo roubo das espigas, pois, por isto condenavam até ao fuzilamento.

"O cheiro do funcho me persegue toda minha vida..."

"Nossa mãe era uma boa costureira. Na máquina "Singer", que recebera como dote, costurava e reformava aos vizinhos as roupas. Pagavam a ela, alguém com algumas batatinhas, alguém, com um copo de trigo ou uma jarra de leite, se ainda possuíam uma vaca. Mas, alimentar uma família de oito pessoas, era impossível. Ajudaram nossa sobrevivência dois anéis de ouro e colherinhas de prata que mamãe trocou por um 1 "pood" (16,380kg)  de farinha de centeio e um pouco de cereais. Mamãe era de uma família abastada e até casar vivia em Chernihov. Em 1933 seus pais já não estavam vivos. 

Nosso pai era órfão, mais ajuda ninguém poderia nos dar. Durante a fome ele trabalhava como guarda-liros na Associação dos Inválidos. Lá lhe pagavam algum dinheiro, mas era impossível comprar algo porque não havia comida para vender... Mas a fome continuava. Para nós crianças era um pouco melhor no verão, porque nós comíamos diversas ervas. De azeda, flores da tília, trevo, acácia, erva-doce - assávamos panquecas. Toda esta erva secávamos, e depois triturávamos num almofariz. O cheiro de funcho me persegue toda minha vida. Nunca o coloquei na comida". 

"Canibais eram fuzilados secretamente..."

"Houve casos, quando as pessoas comiam seus filhos, começando pelos menores. Eu sabia de uma tal família. Às vezes, meu pai chegando em casa do trabalho, contava para mamãe, e eu ouvia. Diz, hoje julgaram Antipku, assim chamavam aquele homem, "katsap" (alcunha desdenhosa de russos, usada pelos ukrainianos, poloneses e bielorussos, também  - nome russo para vários grupos da sociedade russa - OK) que assassinou quatro filhos. Quando as pessoas perguntavam, aonde estavam seus filhos, ele dizia que morreram devido a fome. Ele também capturava cachorros e gatos e os comia. De seus filhos salvou-se, casualmente, apenas a mais velha. Ela mesma me contou, porque em 1947, eu a conheci na Associação, onde trabalhava meu pai e eu. Ela era fotógrafa. Ela tinha uma perna fina e torta, eu perguntei o que houve. Ela contou que após o desaparecimento de seus irmãos, ela ouviu seu pai dizer à sua mãe, que era necessário matá-la.

Sua mãe chorava, pedia que ele não fizesse isto, mas ele agarrou-a pela perna, ela conseguiu escapar de suas mãos. Fugiu para casa da vizinha e contou-lhe tudo. Declararam à polícia e o homem foi preso. No julgamento ele dizia, que os filhos eram seus e o que queria fazer com eles, fazia. Os canibais eram fuzilados secretamente, e suas casa as pessoas queimavam.

"Nos kolkhozes, por um dia de trabalho davam 200 gramas de grãos."

"Nossa família passou muita fome também em 1947. Já eramos todos adultos. Em Berzna tínhamos  uma casa que vendemos por 15 mil rublos, e nos mudamos para o centro do distrito Ichnyi (região de Chernihov), onde, na igreja local servia como diácono, meu primo, sobrinho da mãe. Ele prometeu ajudar-nos a sobreviver. Pelo dinheiro nós compramos uma velha casa, e o restante comemos. No entanto, após a reforma monetária, 15 mil tornaram-se 1,5 mil. Podia-se comprar um balde de batatas por 200 rublos, 100 - custava um copo de sal, 50 - caixa de fósforos. Naquele ano não choveu o verão todo, e quando nós plantamos a batata, ela não nasceu, secou dentro da terra. Apesar de que nós trabalhávamos, o dinheiro que recebíamos, era suficiente para uma ida à feira. Pouco se comprava, não havia dinheiro.

Quando trabalhávamos no kolkhoz, por um dia de trabalho davam 200 gramas de grãos - aveia ou cevada. No verão comíamos erva e andávamos pelos campos, procurando batata podre. Comíamos apenas uma vez por dia. Naquele tempo morriam muitos cavalos e vacas. Eles eram levados para os campos ou reflorestamentos e lá os deixavam. Nós encontrávamos, cortávamos pedaços, trazíamos para casa, cozinhávamos e comíamos. Mamãe já começava inchar de fome, porque toda comida dava para nós, sozinha não comia. Particularmente tinha muita pena do menorzinho, Slavik, que nasceu em 1939. Às vezes ficava dias na cama. Novamente nos salvavam as costuras da mãe que costurava pela comida que as pessoas podiam trazer. E assim, graças a Deus, sobrevivemos. Nosso pai morreu de pneumonia em 1950, ainda jovem, e mamãe viveu até 93 anos..."

Em 1948 a bisavó casou com o bisavô Mykola, que vivia em Ichni. Ele contava que na cidade havia uma destilaria, e mesmo no faminto 1933 o grão era transformado em álcool. Os resíduos vertiam em buracos profundos que eram frequentados por pessoas para colher a bebida fedorenta e azeda, e de algum modo salvar-se da fome. Todos os dias, em torno dessas fossas, morriam dezenas de pessoas, que já apresentavam pernas e barriga inchadas. Os cadáveres ninguém recolhia, porque, diziam, que para cá, arrastavam-se pessoas de todos os lugares. Uma vez por semana eles, como lenha colocavam nas carroças, e levavam na mata, ao barreiro. 
Durante o Holodomor de 1933, bisavô, seus dois irmãos, duas irmãs e a mãe sobreviveram, mas meu pai morreu.

Tradução: O. Kowaltschuk