segunda-feira, 31 de março de 2014

Militares russos roubam propriedade das Forças Armadas da Ukraina na Criméia

Rádio Svoboda, 31.03.2014

O Ministro da Defesa declarou no domingo, que na estação ferroviária de Bakhchysarai na Criméia "Pessoas desconhecidas usando uniforme de soldados da Rússia "guardam" o local com carregamento da técnica automotiva das Forças Armadas da Ukraina, e retiram ilegalmente todo equipamento valioso.

De acordo com o Ministério, com base em inúmeros relatos de testemunhas oculares, o roubado, todas as noites é carregado aos caminhões particulares e levado para um destino desconhecido.

Além disso, declararam no Ministério da Defesa, os militares russos se recusam dispensar do auto-parque 30 caminhões tanque, quebrando o acordo anterior.

De acordo com o Ministério, 74 carros, entre os quais 30 caminhões tanque, do batalhão motorizado da Força Naval da Ukraina devem ser colocados nas plataformas ferroviárias, para serem levados para Ukraina

Moscou indignada com a Resolução da Assembléia da ONU quanto a Ukraina

Ministério das Relações Exteriores da Rússia chama de contraproducente a Resolução aprovada pela Assembléia Geral da ONU em apoio à integridade territorial da Ukraina.
Segundo o Ministério a aprovação da Resolução "somente complicará a regulação da crise interna da Ukraina".

Moscou também expressa sua indignação com a "chantagem política e pressão econômica" de certos países durante a aprovação da resolução

"Não inspira a nada, além da compaixão, é digno de melhor aplicação, com que as autoridades de Kyiv e "advogados" estrangeiros, que representam seus interesses, tentam estragar a essência dos inquietantes processos que ocorrem na Ukraina. Usado em plena capacidade  todo o potencial da máquina de propaganda dos tempos da Guerra Fria, a fim de conduzir para plano posterior o fato da maior crise política interna da Ukraina e transferir a responsabilidade à escalada das tensões à Federação Russa", - declaram no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

100 (cem) países na Assembléia Geral da ONU votaram pela Resolução que apoia a "integridade"
territorial da Ukraina e denomina o "referendo" na Criméia inválido. Contra esta decisão foram 11 países e 58 se abstiveram.

Além da Rússia, votaram contra Armênia, Belarus, Bolívia, Cuba, Coréia do Norte, Nicarágua, Sudão, síria, Zimbábue e Venezuela.

A Resolução da Assembléia da ONU não obriga à execução, apenas declaram-se as atitudes para questões mundiais importantes. No Conselho de Segurança, as decisões que são tomadas por unanimidade e são obrigatórias para serem executadas, Rússia bloqueia qualquer crítica a suas ações.

Ministério das Relações Exteriores: Rússia, como um agressor não quer regulação, mas rendição da Ukraina

As últimas declarações instrutivas e de ultimato do ministro das Relações Exteriores da Rússia indicam que, a Moscou como real agressor não é necessário qualquer regulação na Ukraina, declarou o Ministro dos Assuntos do Exterior em Kyiv no domingo.

Sob as suas armas este agressor exige apenas completa rendição da Ukraina, sua divisão e destruição do Estado ukrainiano, diz o comentário do Ministro dos Assuntos do Exterior por ocasião das declarações de Lavrov, com o qual, no dia de hoje, ele participou de um programa na TV russa. Lavrov propôs a Ukraina condições para federalização da Ukraina, idioma russo como segunda língua oficial, referendum, outros. Como diz o comentário do Ministro do Exterior, desejaríamos propor ao lado russo, antes de ditar condições a um Estado soberano e independente, prestar atenção no estado catastrófico e completa impotência de suas minorias nacionais, incluindo a ukrainiana.

Dirigindo-se a Moscou, Kyiv propõe: "Por que Rússia não completa a federalização, que aliás, está registrada no nome oficial, como real, e não apenas como conteúdo decorativo? Por que não dar mais poderes aos indivíduos da federação, desenvolvimento que é suprimido hoje, com a mesma severidade que era suprimido nos tempos dos czares e soviéticos? Por que não incluir outras, além da russa, línguas oficiais, incluindo a ukrainiana - idioma de milhões de cidadãos da Rússia? Por que não permitir a realização do referendo sobre maior autonomia, e em caso de necessidade, também a independência dos sujeitos de outras nacionalidades da Federação?"

No Ministério das Relações Exteriores dizem, que entendem: essas questões - são retóricas. "Mesmo o pensamento sobre elas, e no caso de tentativa de sua realização - tais ações, como foi no norte do Cáucaso, serão afogadas em sangue."

Infelizmente, nada mudou na Rússia desde os tempos em que o grande poeta Taras Shevchenko (são duzentos anos desde o seu nascimento -OK) escrevia sobre ela: "De Moldova a Finn em todas as línguas tudo é silêncio..."(povos fino-úgricos no norte da Europa. População básica da Finlândia - OK). Não é necessário ensinar os outros. Melhor restaurarem a ordem em seu próprio país. Vocês têm problemas" - diz o comentário-apelo do Ministro do Exterior da Ukraina, devido a exigências a Kyiv, com as quais sobressaiu-se o chefe do Ministério das Relações Exteriores russo.

Mais cedo, no domingo, a TV "Primeiro Canal" russa mostrou entrevista com Lavrov, na qual ele declara que Moscou propõe, em conjunto com USA e UE formular um apelo universal para as autoridades de Kyiv, para criação de uma nova Constituição da Ukraina, que garantiria, entre outras questões, a sua estrutura federal, o estado não alinhado e estatuto oficial da língua russa.

Mais tarde no domingo, Serhii Lavrov deve realizar consultas regulares sobre Ukraina com o secretário de Estado dos EUA John Kerry. Washington sobressai com completamente diferentes exigências em relação a Ukraina, especialmente pretendendo de Moscou ir em busca de um diálogo direto com Kyiv sob os auspícios do Grupo de Contato Internacional. 

Na Rússia, que tem o nome oficial de Federação Russa as regiões tem muito menos poder do que Criméia teve na composição da Ukraina.

Comandante da OTAN - EUA retorna imediatamente a Europa devido as ações da Rússia.

O general americano Philip Bridlav, comandante das forças da OTAN na Europa e do Comando Europeu dos EUA voltou precipitadamente a Europa para realizar consultas com os aliados da OTAN.

Bridlav deve discutir "formas específicas de fornecimento de garantias de segurança aos aliados da OTAN na Europa Oriental", disse um porta-voz do Pentágono. Na terça e quarta ele deve se reunir, em Bruxelas, com os ministros das Relações Exteriores dos países membros da Aliança. 

De acordo com estimativas mundiais dos EUA, Rússia, atualmente tem aproximadamente 40 mil soldados próximo às fronteiras orientais da Ukraina. Os analistas ukrainianos e estrangeiros temem, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin pode estar preparando uma nova invasão para outras 
regiões da Ukraina após a anexação da Criméia ukrainiana.

Tradução: O. Kowaltschuk

sábado, 29 de março de 2014



Com objetos na saída. Como interrompe-se o destino dos crimeanos.


Ukrainska Pravda Zhyttia (Verdade ukrainiana-Vida), 20.03.2014
Mariana Pyetsukh

Eu até posso trabalhar como zelador. Se houver um cantinho para viver. Os zeladores recebem habitação?

Não recebem. Talvez recebam na Criméia, mas aqui não recebem.

Bem, se não encontrar outro serviço, então aceitarei o de zelador, pois o dinheiro para viver preciso conseguir.

Nós caminhávamos com Oleksandr, artista grisalho da Criméia, pelas ruas do velho Lviv para o lado de seu abrigo temporário. Na semana anterior o homem leu o anúncio para os moradores da península, com proposta de asilo temporário, aos moradores da península, na Ukraina Ocidental. Então, com a esposa apressadamente juntaram os objetos mais necessários - duas malas e uma mochila - e deixando o apartamento em Yalta, vieram para Halychyna.

Hoje Criméia perde não apenas território e tropas. Perde o que é mais difícil retornar - pessoas, e com elas as perspectivas ukrainianas sobre a península. Pessoas que não apoiam o domínio russo na península, fogem da perseguição, sentimentos antiukrainianos, novas realidades com rublos e tanques nas ruas.

Na península evacuação em massa da população pró-ukrainiana - somente na primeira semana pediram asilo mil e quinhentas pessoas - o que favorece Rússia porque ajuda Kremlin ocupar posições nas terras ocupadas livrando-se de pessoas descontentes com o novo governo.

No entanto, essas pessoas não vêem outro caminho: em sua casa, na verdade, caíram prisioneiros.

Como gatos entre matilha de cães

Nas mãos Oleksandr trouxe de Yalta um rolo de suas pinturas - acaba de voltar da galeria de Lviv, onde propôs fazer uma exposição.

"Oh, você vai me fotografar? Espere, eu colocarei um gorro porque o cabelo cresce feio. Preparamo-nos tão rapidamente para viagem que esqueci minha máquina de barbear, com a qual barbeava os ralos fios na cabeça. E, para comprar outra agora não temos dinheiro, vivemos com rigorosa economia", - explica o homem.


Pelo caminho, às vezes ele pára, indeciso. Ainda não conhece a cidade.

"Deixamos em Yalta um belo e espaçoso apartamento. Temo que o estraguem. Lá deixei a maioria de minhas pinturas. Agora vivemos na propriedade de estranhos. Incômodo, embaraçoso. Mas era necessário salvar a esposa, ela se preocupa muito e surgem sintomas do aparelho digestivo devido a excitação. Por isso, agora usa sedativos constantemente" - diz o crimeano.

Esposa de Oleksandr - russa étnica. No entanto, a Rússia atual lhe é estranha e repugnante. Portanto não imagina sua vida na Criméia, se ela passar para as mãos do Kremlin.

À noite ouvi a notícia, que às 5:00 horas da madrugada Criméia será anunciada como área de operações. Foi um grande susto, que não poderemos sair. Por isso, rapidamente, começamos juntar nossas roupas e objetos de primeira necessidade", - diz Tatiana, designer pela especialidade.

Trouxemos conosco somente roupas da estação e um par de sapatos. " Aqui as chuvas já começaram e nós não temos calçados secos". E Tatiana pergunta se tem em Lviv calçados na feira de usados, lembrando o regime de economia total.

Oleksandr interrompe a esposa e pede que não se queixe: "De algum modo sobreviveremos. O principal é encontrar um local para estúdio para poder trabalhar e vender pinturas. Era assim que ganhávamos a vida em Yalta, vendíamos cenários da Criméia. Este apartamento é temporário. Nós não sabemos quando deveremos desocupá-lo".

O casal não acredita, que a situação na Criméia mudará em favor da Ukraina, e que eles poderão voltar para casa. Pois, como afirmam os artistas, "a maioria da população todos estes anos apenas esperava a intervenção da Rússia.

Tatiana explica: as pessoas se sentem nostálgicas pela União Soviética e cegamente acreditam, que Putin irá restaurar-lhes a era soviética com linguiça barata.

"Eu constantemente ouvia de mulheres idosas, como era bom viver na União Soviética. E para elas era bom porque podiam roubar livremente. Nosso prédio veio da Frota do Mar Negro. Antigos trabalhadores da Frota, junto com a direção leal retiravam de lá tudo o que conseguiam. Perder esta "vantagem" lhes dói até hoje. Eles, sem roubo não sabem viver. Eles não apreciam e não compreendem Maidan, porque destrói seu sistema mental", - descreve suas experiências Tatiana.

"Muitos dizem, se na Ukraina independente os crimeanos tivessem linguiça barata e outros benefícios, eles não desejariam pertencer à Rússia. Mas não é assim. Às pessoas "lavam" tanto os cérebros, a propaganda é tão poderosa que os convenceriam, que na Rússia e Belarus será ainda melhor, - simplifica o pensamento difundido Oleksandr. - Para reagir a esta propaganda, era necessário trabalhar seriamente, eram necessários especialistas sérios... Mas nada se fazia".

O homem está convencido - a propaganda na Criméia se conduz não apenas pela TV russa. constantemente trabalham agitadores populares contratados. "Eles estão nos mercados populares ou no transporte, onde há muitas pessoas. Começam dizendo como são altos os salários dos russos e bielorussos, e quão bem as pessoas vivem lá, e assim por diante.

"E até mesmo nas escolas já ensinam odiar Ukraina. Muitas vezes ouvi, como os estudantes falam entre si sobre as aulas da língua ukrainiana, sobre Ukraina - do alto, com desprezo. E isto lhes ministram professores que são pagos a partir do orçamento da Ukraina. Introjetam pensamentos às crianças, que Ukraina - país de terceira categoria. Portanto, crimeanos - são, como são. Desde infância são educados antiukrainianos, e persuadir os adultos é algo muito difícil", - explica Oleksandr.

O que mais indigna Oleksandr é que ao total da propaganda, bem como às ações dos movimentos pró-Rússia, Kyiv sempre fechava os olhos, "como se ao Serviço de Segurança da Ukraina tudo isso fossem coisas facilmente superadas".

"Não houve "lustração" (proibição ao desempenho de cargos, por um determinado tempo, às pessoas que na União Soviética ocupavam cargos, principalmente no Serviço Secreto. Na Ukraina não houve este cuidado. Nos países que isto foi feito, não houve problemas como na Ukraina - OK), após o colapso da União Soviética. Permaneceram os mesmos comunistas, o mesmo sistema, o mesmo esquema, a mesma corrupção. Tudo isso assentou e transformou-se em um silencioso pântano. Ninguém ocupou-se com Criméia, com ela ocupava-se apenas a Rússia. Então, temos as consequências", - sem otimismo analisa a esposa Tatiana. 

Como resultado, estão convencidos os artistas, Ukraina na Criméia já a muito não existe - a população foi transformada em zumbis pela propaganda russa. É assustador porque está ausente a moralidade elementar. Eles frequentam a Igreja Ortodoxa, benzem alimentos na Páscoa, e ao mesmo tempo, glorificam Putin, esquecendo-se dos mandamentos - não bata, não faça mal. Eles rezam na igreja, mas quando matavam pessoas no Maidan, junto a TV gritavam: "Bata, canalha!" Quando Ukraina estava de luto pela "Centena do Céu", (É o nome que os ukrainianos deram às pessoas que morreram lutando pela Ukraina no Maidan. Já morreram 103 pessoas, sendo que ainda há feridos nos hospitais -OK), nenhuma fita preta em Yalta nós vimos. Nos ônibus, como sempre, tocava música. Nenhum vestígio da Ukraina lá não tem!" - resume Tatiana.

O casal que nunca apoiou os sentimentos pró-russos sempre se sentia como forasteiro em sua casa. "Nós parecíamos gatos dentro da matilha de cães, que na primeira ocasião atacarão e despedaçarão.
Anteriormente isto era sem armas, mas agora é arriscado ter uma discussão com fortemente armados "protetores". E a eles não é fácil chegar, porque como, numa matilha de cães, tem o chefe e, sem pensar executam suas ordens", - explica uma situação de impasse Oleksandr.

Tatiana imediatamente dá um exemplo: no outro dia em Sevastopol os pró-ativistas atacaram turistas da Rússia, só porque a mulher usava um vestido amarelo com lenço azul (cores da bandeira ukrainiana) e visitavam o monumento da Shevchenko. Eles gritavam: nós somos patrícios, mas estes, como cães, não ouvem nada", - com horror relata Tatiana.

Ao lado da mulher, na mesinha - há pílulas calmantes. Um sorriso embora irônico - consegui ver em seu rosto - quando perguntei se havia chances de convencer a população pró-Rússia para permanecer sob o Estado da Ukraina. Respondeu: Eles não ouvirão nenhum argumento.

Oleksandr resume: Vocês tentam, com pessoas inadequadas agir com métodos adequados. Esse é o seu erro. Dê-lhes um doce polvilhado com açúcar ou ouro - tanto faz. Putin para eles será o melhor. Na situação atual, o método doce não ajudará. Eles respeitam apenas a força. Seu método de usar com eles o idioma russo e promessas de mais direitos à autonomia - é doce, depois do qual eles vão desprezá-lo ainda mais. E nem acreditarão, estão acostumados a mentiras.

Portanto, seu futuro na Criméia o casal não vê. Mesmo se Criméia permanecer na Ukraina, mentalmente a situação não mudará rápido.

O principal problema de Oleksandr e Tatiana, como vender o apartamento em Yalta, para comprar uma casa em Lviv. Afinal de contas Criméia escolheu o destino não reconhecido mundialmente como território da Rússia, com presença militar constante - então o preço pode cair muito, poucos querem estabelecer-se em locais assim

Família em lados opostos das barricadas

"Poupe as crianças! Se as crianças sofrerem, eu te amaldiçoarei", - tal mensagem-aviso do marido recebeu a crimeana Inessa Vyshniakova, viajando no trem "Simferopol-Lviv". Ia junto com dois filhos-escolares, dois sobrinhos e sua mãe. Ela deixou Bakhchysarai, terra natal, depois que a unidade militar local foi ocupada por tropas russas.

O marido da Inessa é russo. Trabalha na Rússia. Ele acredita na existência dos "maus banderivtsi"(¹). "Ele me telefonou e disse - peque as crianças e corra à embaixada russa para proteger-se dos ukrainianos. E eu, apesar de não ir à embaixada, ainda viajei para onde?! A Lviv - a região dos "bandeivtsi!" - diz rindo Inessa.

Juntar as coisas decidi de vez, quando ouvi anúncio na TV. Diz que não fugia dos tanques mas dos "humanos pró-russos". "Eu fugia desses pesadelos, quando diariamente você vem ao mercado e ouve aquela ininterrupta mentira sobre os fascistas, sobre tártaros assassinados, etc. As pessoas, como enlouquecidas, não querem ouvir nada, só querem a Rússia. Eu lhes digo: então o que lhes dará a tal Rússia? Vai alimentá-los de graça? Não. Estenderá os encanamentos para água? Não. Mas ninguém ouve. Eles sofreram lavagem cerebral".

Anteriormente, nem a mulher, nem sua família estiveram na Ukraina Ocidental. Mas ela compreendia, que não existem "banderivtsi".

"Eu nunca fui do movimento da Revolução Laranja, em 2004 votei tês vezes a favor de Yanukovych. Mas assisto canais ukrainianos. Assistia os acontecimentos do Euromaidan, preocupei-me muito com as pessoas em Kyiv. Agora me chamam "banderivska", apesar de que nem mesmo o idioma ukrainiano eu conheço bem", - de forma divertida Inessa continua contar sua história.

A sua filha-estudante por várias vezes seu colega chamou também de "fascista". "Eu fui a escola, e os professores me dizem: ele também nos chama "fascistas", porque nós somos tártaros da Criméia. E tudo isso se fala calmamente, ninguém reage, ninguém pune, fecham os olhos", - conta Inessa as peculiaridades da educação nacional nas escolas da Criméia.

 

Lembra: todos os anos de ensino dos filhos e sobrinhos na escola com duas aulas semanais do idioma ukrainiano, somente uma vez  sentiu "forçada ukrainização" - aos alunos presentearam livros coloridos e de boa qualidade de impressão, com contos de fadas, os quais de bom grado aceitaram até os filhos dos russos. Aprender o idioma ukrainiano em nível cotidiano o filho e a filha da Inessa somente conseguiram através dos canais da TV ukrainiana, que na Criméia são pouco assistidos. 

Em Lviv Inessa já matriculou seus filhos em escolas ukrainianas. Diz que voltar para Criméia não quer porque lá não há boas escolas ukrainianas - o país não cuidou disto durante os anos da independência. "Eu gosto de suas lições de ética cristã. Nós somos pessoas crentes, isto foi uma surpresa   agradável" , - completa a mulher.

O sobrinho da Inessa é aluno do Liceu naval de Sevastopol "Nakhimov", agora também vai estudar em Lviv - transfere-se para o Liceu Militar local chamado "Heróis de Krut."


"Quando na última semana o neto esteve de guarda da Chama Eterna em Sevastopol, vinham os locais e provocavam os rapazes porque seu uniforme é das Forças Armadas da Ukraina", conta a avó de Serhii Liúbov Pliushkova.


Crimeana nativa diz: não experimentou cuidados nem da URSS, nem da Ukraina independente, mas  a Rússia não quer voltar. "Eu sou inválida do II grupo, também sou mãe-heroína, dei à luz cinco filhos e oficialmente tutora de dois netos, a mãe deles morreu. Mas  não sinto, que comigo se preocupassem, nem então, nem agora. Nenhum pedacinho de terra, nenhuma quota, a terra foi saqueada por bandidos no poder. Mas isto não atrapalha meu amor pela Ukraina, por Shevchenko (grande poeta ukrainiano), porque em mim flui sangue ukrainiano", - diz a pensionista russa, a qual no primeiro dia de sua chegada a Lviv, aos quatro netos comprou roupas bordadas, tradicionais na Ukraina.

Como no caso da filha, o marido (segundo) é russo étnico. E ela também brigou com ele devido a seus pontos de vista políticos. "Ele, pela Rússia, para ele Putin - verdadeiro líder. Sobre Maidan não quer nem ouvir, sobre a "Centena do Céu" também. Como bem sabem, a grande verdade que Shevchenko escrevia: "amem morenas, porém não moscovitas. Isto é verdade!" - de súbito disse com aspereza Liúbov.

Mas a verdadeira tragédia para esta mulher é outra - os próprios filhos a desdenharam. A pouco ela soube, que seus rapazes foram proteger Criméia dos "banderivtsi". Isto é um grande sofrimento, a divisão da família - quase chorando diz a mulher.

Inessa também não se contém. "Os irmãos não se comunicam. Eu não sei o que eles têm em mente, assistiram muito a TV russa, gritam,  que no Maidan todos eram pagos. Quando ouvi, que eles protegem Criméia de alguém falei: esperem, eu virei, e eu estarei nas primeiras fileiras. Que atirem!"

Última gota

A crimeana Olga, mãe de duas crianças, os anos de estudante passou em Lviv. Mas agora ir a Halychyna não quer.

No meu natal Krasnoperekopsk é seguro, a cidade é pequena e ninguém se interessa por ela: campos nus, nem montanhas. Por enquanto aqui não há soldados, porque não são necessários. Olga (pediu omitir o sobrenome) entende: abrigo aos refugiados - é temporário. "Eu não quero viver esperando auxílio de outras pessoas, principalmente agora que consegui minha própria casa".

O idioma nativo de Olga - ukrainiano, mas na Criméia publicamente quase não o usa, "porque viver com lobos, precisa viver como lobo".

No dia do referendum Olga, inesperadamente para si, pensou em deixar a península. E não assustou-se com os soldados russos. "Penso não ir temporariamente, mas para sempre. Eu não posso viver com estas pessoas. Elas são traidoras. Ontem fui ao salão de beleza, onde sou cliente regular. Corto meu cabelo com amiga e converso em ukrainiano no telefone. Então a proprietária do salão ordenou: "Fale em russo!".

Olga acredita que Criméia não está perdida"as pessoas se apaziguarão, e sentindo como é viver sem dinheiro, muitos preguiçosos aqui vivem apenas na base de privilégios sociais, desejarão voltar ao governo ukrainiano.

"Mas meu futuro aqui já não vejo, eu desprezo profundamente os traidores que me cercam. Não quero trabalhar com eles, nem respirar o mesmo ar com aqueles que em qualquer momento podem me furar com uma faca", - não se contém a mulher.

Contudo, Olga não perde o otimismo quanto ao futuro da Criméia. Mas, ukrainiana, ela já não será. "Criméia será tártara o que a muito já deveria ter sido reconhecido. Os ukrainianos fugirão, mas tártaros não recuarão, porque eles não tem para onde recuar" - acrescenta Olga.

Suas palavras confirma Elmaz Apazova de Simferopol. Ela também aproveitou o abrigo temporário em Lviv, na Ukraina, e chegou com dois filhos. Mas, no que ouviu que a região da Criméia poderá ser fechada à entrada, correu comprar bilhetes para casa.

"Temo ficar para sempre no estrangeiro. Aqui é bom, mas minha pátria é lá. Nós, tártaros crimeanos, outra pátria não temos", - explica emocionalmente a mulher.


Elmaz Apazova, na despedida pediu para não publicar seus comentários elogiosos a Lviv, para não incentivar seus compatriotas a emigrar para Ukraina Ocidental - mas ficar e defender sua terra.

1 -  A palavra "banderivtsi"," banderivska" vem do nome de Stepan Bandera, lider do exército insurgente ukrainiano que preparava-se para lutar contra os russos antes da II Guerra Mundial. Os russos acusaram Bandera de entreguismo aos alemães, mas o que realmente desejava Bandera era conseguir a liberdade da Ukraina pois já no primeiro dia após a entrada dos alemães em Lviv, o Estado Ukraina foi proclamado. Por isto Bandera foi preso e enviado para prisão na Alemanha, onde acabou sendo assassinado por um ukrainiano traidor, a mando de Moscou. Houve um pouco de ingenuidade na esperança de ajuda dos alemães. O ódio dos russos, e mesmo dos ukrainianos russificados perdura até hoje, daí chamar as pessoas contrárias à Rússia, até os dias atuais de "banderivtsi" e outros derivados - OK).

Tradução: Oksana Kowaltschuk

quinta-feira, 27 de março de 2014




Rússia traz tropas de elite para Ukraina

Gazeta. ua, 26.03.2014

Росія підтягує елітні війська до України
Rússia continua concentrar tropas na fronteira com Ukraina, com tanques e subdivisões da guarda. Consta que no sudoeste da região de Bryansk foi visto a técnica do 12º regimento da 4ª Guarda da divisão de tanques de Kantemyrivsk.

Está é a elite do exército terrestre russo, que regularmente participa dos desfiles da Praça Vermelha.

Esta unidade desembarcou na região Novozybkiv - Klimovo e pode ser acionada para atacar através de Chernihov diretamente para Kyiv.

Nas regiões povoadas Kalenivka e Amon, na Província de Kursk (15 e 7 quilômetros da fronteira ukrainiana) concentra-se o batalhão tático de outra unidade lendária - 2ª divisão da guarda motorizada de Taman.

As fontes da edição "Dumskaia" avisam sobre aproximadamente 400 soldados em veículos blindados de transporte de pessoal e de combate (10 tanques e centro de comunicações).

No campo de treinamento militar nas proximidades das povoações de Bilgorod, Syevyernyy e Stroityel encontram-se três batalhões da 76ª  divisão de Pskov e dois batalhões da divisão 106 de Tulsk, de pára-quedistas.

Ao todo são aproximadamente 1100 militares e 120 unidades de automóveis e veículos blindados de ataque Mi-24.

O Serviço Nacional de Fronteiras declarou que o número de provocações vem aumentando.


Rússia começará a guerra com Ukraina nos feriados de maio. 

                                              
Isto declarou o especialista militar, coronel de aprovisionamento Ihor Kozii.

"Na nossa fronteira oriental - há 200 mil soldados do exército russo. Eles agiram corretamente. Inicialmente lançaram grupos terrestres e os treinaram. Depois desembarcaram grupos aéreos - e os . treinaram e, por último, vieram tropas de mísseis e artilharia que também treinaram. 

Para invadir Ukraina a Putin nada impede. Com o que podem contê-lo as sanções ou os embargos do Ocidente? Obama disse que Rússia já perdeu 200 bilhões de dólares pela anexação da Criméia ( E quem pagará a Ukraina pelos 51 navios arrebatados, entre grandes e pequenos, e todas as instalações ukrainianas que passaram para Rússia na Criméia??? - OK). Mas, vencendo Ukraina, Putin receberá muito mais. Criméia ele capturou em 8 de março. Penso que a invasão a Ukraina continental ocorrerá nos feriados em 1º ou 9 de maio", - disse o especialista.

Lembramos, que na noite de 27 de fevereiro de 2014 na Criméia, homens armados tomaram as instalações administrativas e militares, e o aeroporto de Simferopol. E, em 1º de março o parlamento russo permitiu ao Presidente Putin ir à guerra contra Ukraina.

Tradução: O. Kowaltschuk



"Loucura" pragmática de Putin. O aspecto econômico da captura da Criméia.

Tyzhden (Semana), 25.03.2014
Liúbomyr Shavaliúk

A crise da Criméia fortaleceu firmemente na mídia ukrainiana e internacional a imagem do líder de Kremlin como esquizofrênico com complexo imperial. Mas esta imagem superficial está longe dos verdadeiros motivos da agressão russa.


Em 3 de março depois de uma conversa com Putin, Merkel disse a Obama, que o presidente da Rússia "vive um mundo diferente" e que ela não está certa, se ele "mantem contato com a realidade". Isso não era esperado da chanceler alemã, que sempre se refere ao senhor de Kremlin com benevolência e compreensão, recorrendo sempre a truques diplomáticos, quando ele comete provocações, mesmo a nível da União Européia. Desde então aqui vamos nós: Putin é tal e qual, ele é chamado "Putler", penduram sobre a psique desse político tudo o que acontece na Criméia, tornando-o grande, o que realmente ele não é. Jornalistas lembram desfiles de Hitler, propaganda de Goebbels, etc...

Tal abordagem não é infundada. Mas inteiramente atribuir as ações dos dirigentes de Kremlin como estupidez ou complexos pessoais é  pouco perspicaz e errado, porque pode-se perder motivos profundos da anexação da Criméia. E há uma série delas, porque os diversos passos da geopolítica sempre são feitos na base de complexa análise e comparação dos efeitos positivos e negativos. Assim é agora.

Nos primeiros dias da crise da Criméia Yevhen Marchuk num de seus programas disse, que com a desestabilização da situação na península Moscou quer criar um eixo de Transnístria - Criméia - Abkhazia (e Ossétia do Sul), que seria uma zona de pára-choque entre Rússia e OTAN no sul.

Na ocasião isto soou estranho, porque parecia que a agressão russa acelerará o movimento da Ukraina para o lada da OTAN e, portanto, a presença da referida zona perderá o sentido. Agora está claro, que o general Marchuk em algo, tinha razão.

Observemos: no Mar Negro tem enormes depósitos de hidrocarbonetos. Pela avaliação de especialistas, as reservas locais de gás natural respondem por 45-75 trilhões de m³, a maioria dos quais encontra-se na zona econômica da Ukraina, pelo menos assim era antes da anexação da Criméia. Essas reservas de gás natural são comparáveis com todas as reservas da Rússia (48 trilhões de m³), que atualmente é o maior exportador de gás no mundo e regularmente abusa de sua posição monopolista. A perspectiva de desenvolvimento em massa dos depósitos do Mar Negro era bastante próxima: tratava-se de alguns anos por causa de dificuldades, mas agora já existe tecnologia especial para eliminação do metano e perfuração em águas profundas.

Se acrescentar a isso 7 - 22 trilhões de m³ de depósitos de gás de xisto encontrados na Ukraina continental, o potencial da produção de metano da camada de carvão (6,8 bilhões de m³ por ano), então o quadro torna-se totalmente completo. Porque o total de reservas ukrainianas de gás natural será suficiente para nós por mil anos, mesmo se o consumo da energia permanecer nos níveis atuais, de 3 - 5 vezes maior do que em países desenvolvidos. Usando a tecnologia disponível na íntegra, Ukraina pode assegurar mais uma revolução, de energia global, que terá uma série de consequências de longo alcance. Primeiro, nós não apenas asseguramos a própria independência energética, como  nos tornamos um jogador global no mercado de hidrocarbonetos. Segundo, o preço do gás cairá em resultado do surgimento da concorrência, do cujo déficit sofre, principalmente, o mercado europeu. Terceiro, o monopólio de petróleo e gás da Rússia desaparece e Kremlin não poderá impor suas condições políticas não apenas para Ukraina: ele não terá recursos para continuar sendo um jogador geopolítico global. Quarto, empresas de petróleo e gás que são a base do poder dos oligarcas perderão o poder. Portanto, Rússia terá que transformar o seu sistema político-econômico-oligárquico, e será acompanhada com instabilidade social e terá consequências imprevisíveis. Quinto, os preços do gás alinham-se. Em consequência da revolução do gás de xisto, hoje o preço do gás natural nos EUA é de US $ 156 por mil m³, enquanto a Europa compra o gás russo por $ 388. Com o gás de xisto os EUA conseguiram uma enorme vantagem sobre UE, no nível do sistema econômico que permeia através de seus sucessos e fracassos financeiro - econômicos, nos últimos anos. além disso, apoiam este desequilíbrio favorável de preços, porque eles tem a proibição para exportação da energia, o que poderia equilibrar os preços mundiais.

É claro que Kremlin entende tudo isso. Para ele a realização do potencial energético da Ukraina - morte em todas as suas formas. Por isso todos esses jogos e esquemas que Moscou joga com Kyiv ao longo das décadas, retorcendo-nos as mãos em direção a apenas um ponto: não permitir a verdadeira independência da Ukraina, quando um verdadeiro poder soberano poderá organizar a segurança energética do país. Neste contexto contos sobre nações irmãs são vistos como mitos e até a ideologia do "Mundo russo"é uma estória velada dos verdadeiros interesses da Rússia. Caso contrário, por que Moscou não se apressa para pegar sob seu patrocínio os países da Ásia Central e ou até mesmo Belarus?

Alguns especialistas falam sobre atração, e até sobre ativos críticos para FR dos ativos ukrainianos no complexo industrial militar na construção naval e de aeronaves. Dizem que, para garantir as ambições geopolíticas de Putin é necessário um forte exército. Kremlin, supostamente, pode financiá-lo mas não tem capacidade física suficiente para provê-la com armas, e sem produtos ukrainianos (Motor Sich, Antonov, Zoria-Mashroekt, estaleiros de Mykolaiev e Criméia, etc.) aqui não dispensar. Suponhamos, que, apoderando-se da Criméia, Rússia ganhou alguns estaleiros e empresas, que permitirão reduzir as taxas de atraso no ritmo previsto na modernização do programa federal. Mas, do jogo espera-se muito mais: a possibilidade de realizar o jogo político, a sua base econômica, aquilo que fornece, aquilo que garante os recursos financeiros da Rússia. Então não é surpresa, que um dos primeiros passos das "autoridades da Criméia" foi o confisco do Naftogaz do Mar Negro e anúncio de planos para transferir a empresa para Gazprom, que supostamente interessou-se na extração de hidrocarbonetos no Mar Negro. Na verdade, ao monopolista da FR aqueles depósitos não são interessantes, pelo menos por agora, mas para ele, como para toda Rússia de Putin, é fundamental que se mantenham lá, onde estão agora, - sob a terra.

A independência da Ukraina - uma questão de vida ou morte para Putin, seus oligarcas e Rússia em geral. As apostas no jogo, que nos últimos meses desenrolou-se em nosso país, para Kremlin é sombrio, por isso ele não pode ser apenas dirigente e ficar de lado, mas é forçado tornar-se jogador colocando-se no nível de Kyiv. Aquilo que denominam "loucura" de Putin, na verdade é guerra pela sobrevivência. Anexação da Criméia não é loucura, mas história do lider da FR, causada pela fraqueza geopolítica. Ele reconhece, que o sistema econômico russo é fraco, o modelo orientado para recursos da economia nacional ao colapso no momento que Moscou perder a posição monopolista no mercado global dos recursos naturais, especialmente energéticos. A tal posição inspira-lhe pavor e empurra-o à ação. A Ukraina permanece a ameaça, porque na Criméia Putin não vai parar. Certamente, ele está pronto para "morder" exatamente tanto do nosso território, quanto for suficiente, para Ukraina não se tornar concorrente da Rússia no mercado global da energia. Mas, ao mesmo tempo, agarrar os ativos, necessários para abastecer as forças militares do Kremlin na perspectiva estratégica. A quantidade de sangue de ukrainianos e russos, que Putin pode derramar, viu, talvez, a II Guerra Mundial. Portanto não convém tranquilizar-se com a sua "loucura" e complexos imperiais.

E como se colocam UE e USA? O problema é que não se colocam. Enquanto Europa compra o caro gás russo, Estados Unidos calmamente esfregam as mãos. Eles estão além da concorrência pois usam benefícios óbvios, que lhes dá, para sua economia, o gás natural barato, e ao dólar como moeda de reserva global. Verdade, a instabilidade na Ukraina afeta interesses de empresas individuais norte-americanas, que planejavam aqui extrair petróleo e gás, no entanto, enquanto os EUA tem gás de xisto, os americanos estão dispostos a sacrificar os interesses privados em proveito dos nacionais. Em troca Europa ocupa-se com diversificação das fontes de fornecimento dos recursos energéticos. A UE compreende a diversificação da condução dos negócios à Ukraina. A produção de petróleo e gás da nossa produção nacional e declínio de preços relacionados com ela parecem aos europeus muito distantes e de perspectiva sombria. Na UE já expressaram chamadas para dar a Ukraina a adesão direta como membro, mas por enquanto isto são as primeiras andorinhas que, como sabemos, não trazem a primavera.;

Por isso, para Europa e EUA as participações em nosso jogo agora são muito baixos, para que eles começassem participar do nosso jogo não com palavras e sanções, mas com ações mais decisivas, inclusive militar. Portanto, o que nós denominamos como disposição do mundo a Ukraina e nossa nação, só é uma forma de conformismo. Ações são sanções, mas passará o tempo, sobre bloqueio a FR esquecerão, mas a dependência energética de países desenvolvidos aos recursos energéticos permanecerá. Talvez seja isto que Putin espera. Aos europeus e americanos há o que perder em um confronto aberto, enquanto Rússia pode conquistar não qualquer coisa, mas a vida - algumas dezenas de anos de existência despreocupada. Sob tais condições confrontação global não haverá, e que neste caso, pode derramar  muito sangue ukrainiano, no mundo não interessa a ninguém. Ukraina está abandonada a Rússia como David contra Golias. Portanto, trabalhar duro para desenvolvimento econômico, bem como a oração e a esperança em Deus podem inclinar a balança a nosso favor: outros meios para combater a "loucura" pragmática de Putin não temos.

Tradução: O. Kowaltschuk 

terça-feira, 25 de março de 2014


Sabotadores preparam o palco para "Primavera Russa"

Rádio Svoboda, 25.03.2014
Dmytro Shurkhalo

Kyiv - No Kremlin não renunciaram aos planos para invadir o território da Ukraina, declara o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional Andrii Parubii. Segundo suas palavras, ao território ukrainiano introduzem grupos subversivos para desestabilizar a situação, e na fronteira permanece uma poderosa conexão de 100 mil militares do exército russo pronto para invasão. De mesma forma avalia a situação o comandante das forças da OTAN na Europa. Mas os especialistas dizem que a posição muito restrita da Aliança do Atlântico Norte e as ações excessivamente cautelosas das autoridades ukrainianas encorajam Rússia para agressão.  

O plano russo de ataque ao território ukrainiano sob o nome "Primavera Russa" prevê desestabilização em oito províncias do sudeste com a meta de criar condições para introduzir lá os exércitos russos, que já estão em prontidão na fronteira. De acordo com as palavras de Andrii Parubii, forças ukrainianas quase diariamente detém grupos de sabotagem vindos do território da Federação Russa ou Transnístria.


"Em Odessa prenderam um grupo de 4 pessoas, de sabotadores criminosos que estavam armados com revólveres e pistolas automáticas. Na região de Chernihiv foi detido um cidadão da Federação russa ao tentar contrabandear munição para Ukraina. Em Kherson prenderam um suspeito que ocupava-se com uma ilegal coleta de dados sobre o exército ukrainiano. Houve um ataque à composição de armas ligeiras em Odessa" - avisou o secretário do Conselho de Segurança Nacional.

Dada a situação, o Conselho de Segurança Nacional decidiu reimplantar, a partir dos territórios ocupados da Criméia as unidades do exército e outras forças de segurança, e também evacuar, de lá, as famílias dos militares e funcionários públicos, disse A. Parubii

OTAN está preocupada com a fronteira russo-ukrainiana. De acordo com o comandante da OTAN na Europa, general Philip Bridlava as forças russas aí concentradas são suficientes, para chegar a Transnístria.

A indecisão da Ukraina e seus aliados ocidentais incentivam Kremlin a novas agressões, dizem os especialistas ukrainianos. Entre outros, o especialista de segurança internacional do Centro Razumkov Oleksii Melnyk

Opinião semelhante é compartilhada pelo diretor do Centro de Pesquisa, Conversão e Desarmamento do exército Valentyn Badrak. Ele considera três fatores que determinam, em grande parte, acontecimentos futuros.
Primeiro - nível de ingerência na situação da comunidade ocidental. Segundo - nível de resistência da Ukraina: o quanto os soldados ukrainianos estão prontos para o cenário de guerra. Terceiro - nível de resistência aos planos agressivos da Rússia", - diz o especialista militar.

De acordo com V. Badrak, a estabilidade na Criméia, das unidades do exército ukrainiano suspendeu temporariamente as ações agressivas russas, que sob tais condições não se atreveram avançar mais profundamente na Ukraina. Agora, porém, Rússia livrou-se deste problema e oscila entre vários cenários, o papel crucial será a rapidez, com a qual a liderança político-militar emitir decisões e demonstrações aos cidadãos ukrainianos a capacidade de auto-organização.

Tradução: O. Kowaltschuk

segunda-feira, 24 de março de 2014

No cativeiro da Criméia

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 24.03.2014

Os invasores russos na Criméia severamente torturavam os prisioneiros. Davam choques e a um deles atiraram nas duas pernas e cortaram um pedaço da orelha.

Os prisioneiros foram soltos em 20 de março. Sobre isto, depois de conversar, no hospital de Kherson, com os dois presos - Andrii Shchekun e Yurii Shevchenko - escreveu o jornalista bielorusso na publicação "Novo tempo".

Shchekun - ukrainiano consciente, natural de Lviv, filólogo. Nos últimos 23 anos viveu em Bakhchysarai  com a esposa e três filhos. A esposa é da localidade. Os filhos nasceram e cresceram na Criméia. Ele encabeçava a organização "Casa Ukrainiana", lutou pela escola ukrainiana, nos últimos meses era ativista do Euromaidan da Criméia. Na véspera do aniversário de 200 anos do aniversário de Taras Shevchenko (poeta ukrainiano) ele foi à estação de Simferopol para pegar 50 bandeiras ukrainianas, que lhe enviaram da Ukraina. Isso lhe rendeu quase duas semanas de cativeiro.

Um outro cativo Yurii Shevchenko - um rapaz de Dnipropetrovsk, sem grandes interesses pela política, foi a Criméia visitar um amigo, acreditando que a situação estava "normal". Trazia consigo apenas uma sacola, com objetos da estação. Foi detido na estação de Simferopol e considerado "ativista de certa organização radical".

"Eram especialmente agressivos. Ao perguntar-lhes quem eram, torceram minhas mãos atrás das costas, algemaram e me atiraram no carro, no chão entre os assentos".

"Gritavam, que eu era "cabrito, degenerado, que vim para estragar suas framboesas". Depois, o que estava sentado na frente apontou uma faca e disse que me cortariam em pedaços. E cortou um pedaço de minha orelha..."


Yurii Shevchenko com a orelha cortada

Num determinado local Yurii Shevchenko foi jogado diretamente no asfalto e fortemente espancado. Em seguida foi entregue a um outro grupo. O primeiro grupo, de acordo com a descrição, seria a "auto-defesa da Criméia", já o grupo seguinte vestia o uniforme da "Bétula russa", pessoas mascaradas, com aparelhos de radiotelegrafia, armados com metralhadoras.

Um deles disse: "Atirem em suas pernas". E atiraram nas duas. As balas foram retiradas somente em Kherson (cidade na Ukraina), depois de mais de uma semana.


Joelhos feridos pelos tiros

Yurii Shevchenko foi arrastado para uma sala e jogado com o rosto no chão, onde ficou deitado em seu próprio sangue. Depois despiram deixando-o apenas de cueca e amarraram a um banco com fita adesiva para  não se mover.

Ao perguntar onde estava e por que o prenderam, lhe responderam com insolência: "E você pense, por que veio, o que você planejou, será que você não compreende, aonde veio parar?"

Seguidamente vinha um homem com automático, silenciosamente apontava a arma e fingia que iria atirar. Quando Yurii conseguiu livrar-se da fita, foi algemado a um radiador.


Já medicado em Kherson

Interrogatórios, interrogatórios, interrogatórios... Eu não tinha nada para esconder, mas minha história simples não os satisfazia. Eles queriam notícias sobre os combatentes do "Setor Direito", aonde suas tropas se escondem nas montanhas... De onde eu poderia saber?!... contou Shevchenko.

Depois Yuri foi transferido a um grupo de outros reféns. Lá, todos permaneciam com olhos vendados, durante alguns dias não os levavam nem ao banheiro...

Yurii considera, que "teve sorte". Devido aos ferimentos graves já não era incomodado, até permitiram dormir num colchão - outros ficavam no chão, ou nos bancos.

Sobre um rapaz que esteve no Maidan em Kyiv, abusavam constantemente. Além das torturas físicas, obrigavam-no cantar os hinos russo e soviético e gritar: "Glória à Rússia". Seguidamente vinham diferentes pessoas para judiá-lo.

Apesar de não conhecer este rapaz, me arrancavam a alma tais zombarias, ... e quão terrivelmente ele gritava! Me parecia que eu caí no inferno, para eternidade", - com voz trêmula lembra Yurii.

Andrii Shchekun contou que ele, e seu amigo de 64 anos, Anatoli Kovalskyi, professor da Universidade Agrícola em Simferopol, foram apreendidos na estação de Simferopol por "militares" voluntários, que usavam braçadeiras vermelhas de modelo soviético, e fitas de St. George, e os levaram à milícia. De lá foram levados a ativistas, a um certo porão. Eles foram levados no carro de Anatoli Kovalskyi, do qual depois se apropriaram.

Os homens foram espancados, torceram suas mãos, vendaram os olhos e despiram. Inclusive aplicaram choques. Exigiam nomear as bases, senhas e nomes dos combatentes do "Setor Direito." 


Os verdugos da Criméia atiraram nos ossos das mãos

Shchekun foi baleado nas mãos, o que foi confirmado pelo médico, no cativeiro exacerbaram-se suas doenças crônicas. Dias antes da ocupação ele levou a família para o continente, mas em Bakhchysarai ficou o apartamento. Anatoli Kovalskyi tem casa em Simferopol.


Tradução: Oksana Kowaltschuk



domingo, 23 de março de 2014

Notícias do dia 23.03.2014

Rádio Svoboda (Rádio Liberdade)

Europa preocupa-se com os planos russos quanto ao restante da Ukraina

Europa preocupa-se com o fato da Rússia continuar aumentando as atividades militares em torno da Ukraina, especialmente na região da Transnistria - Moldova, declarou o ministro das Relações Exteriores da Suécia Carl Bildt.

Ele lembrou que em 1 de março o Conselho da Federação da Assembléia Federal da Rússia deu, por unanimidade, ao presidente Vladimir Putin o direito de usar as forças armadas russas em todo o território da Ukraina.

É conhecido o fato que ao longo das fronteiras da Ukraina, Rússia aumentou muito a quantidade de suas tropas.

Além disso Bildt chamou a atenção para a Transnistria, região separatista da Moldávia, onde a Rússia tem tropas. Ele lembrou que ontem, em Odessa prenderam um grupo subversivo, relacionado com os serviços especiais russos.

Portanto, não se deve perder de vista todo o sul da Ukraina, e da Criméia até Odessa, disse Bildt.

Suécia, e pessoalmente Carl Bildt é um dos maiores defensores da Ukraina na União Européia.


OTAN: Rússia não é parceiro, é adversário

Rússia atua cada vez mais como adversário, não como aliado da OTAN, disse neste domingo o general americano Philip Bridlav, chefe do comando europeu dos EUA, principal comandante da OTAN na Europa.

Hoje Rússia tem "muito muito grandes e muito muito prontas forças para combate" na fronteira oriental da Ukraina - "absolutamente suficientes, para... chegar a Transnístria", região separatista da Moldávia, onde já tem tropas russas.

Essas ações dos exércitos russos causam profunda preocupação, dada a atual política do presidente russo Vladimir Putin, que justifica a invasão de seus exércitos em outros países como tarefa de proteção a russos ou falantes de russo, disse o general no "Fórum de Bruxelas" - reunião anual dos países mais influentes da Europa e do Atlântico Norte, de líderes políticos, empresariais e intelectuais sob os auspícios do Fundo Alemão Marshall, que neste ano deu uma atenção especial a Ukraina.

Em Dnipropetrovsk - Ukraina, neste domingo, centenas de pessoas reuniram-se numa assembléia nacional tradicional, na Praça dos Heróis, para dizer: Contra-revolução - não! As pessoas seguravam bandeiras ukrainianas e cartazes com dizeres: "Ukraina é única", "Cuidado, a praga se alastra", outros.

Segundo os coordenadores do Euromaidan, na província restaura sua atividade a "quinta coluna de Kremlin". Alguns deputados financeiramente apoiam os movimentos pró-Rússia. Slogans a favor da federalização ou separatistas trabalham contra o Estado da Ukraina.

"Nós coletamos essas informações e encaminharemos para o Serviço de Segurança da Ukraina", - disseram os organizadores da assembléia.

 
Detenção em Donetsk

"O Serviço de Segurança da Ukraina deteve em Donetsk o líder de Donbass Mykhailo Chumachenko, do chamado   "corpo de voluntários do povo". Ele é suspeito na preparação de ações direcionadas para derrubar a ordem constitucional ou tomada do poder de Estado e também de assalto à integridade territorial e inviolabilidade da Ukraina.

Com o detido apreenderam provas que testemunham sobre as intenções planejadas  a realizar-se durante um evento de grande número de pessoas em Donetsk "conclamar os participantes a ações ilegais, especialmente para captação forçada do prédio da administração regional".

Tradução: Oksana Kowaltschuk

sábado, 22 de março de 2014


"Verdade Ukrainiana", 22.03.2014 - Notícias

A perda do mercado russo estimulará a economia 

Pavlo Sheremeta, ministro do desenvolvimento econômico, declarou no "5º Canal" que a perda do mercado russo será um poderoso impulso para o desenvolvimento da economia ukrainiana e saída para o mercado europeu.


"Na Europa você precisa ganhar qualidade e preço. Inovação contínua lhe dará boa parte do mercado. A competitividade, tão necessária a Ukraina e às empresas, em parte compõe-se de quanto são exigentes seus clientes.  

Obviamente, nos países europeus, são muito seletivos e exigentes. E isso pode ser um fator poderoso no desenvolvimento da competitividade ukrainiana no futuro.

Classe econômica para ministros

Yatseniuk, primeiro-ministro, determinou a todos os membros do seu governo, quando em missão, utilizar-se de vôos da classe econômica.

"Eu, desde os tempos do Ministério do Exterior e Presidente da Assembléia sempre utilizei classe econômica - e nada de novo, e assim farão todos os membros do Gabinete Ministerial, porque na Ukraina, onde 70% de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza, com vôo charter podem voar apenas aqueles que desprezam o seu povo", - disse ele.
Apenas em casos de emergência e na ausência de vôos regulares, serão usados "meios especiais". Mas onde há vôos regulares, não deve haver nem mesmo discussões", concluiu Yatseniuk.

Ouro e milhões de dólares guardados em casa

Durante a busca em sala privada do ex-ministro de Minas e Energia Eward Stavitskyi foram apreendidos 42 kg de ouro, 4,8 milhões de dólares em espécie, pedras parecidas com diamantes, outros.

Sobre isto escreveu no Facebook o Ministro do Interior Arsen Avakov. A busca foi realizada pela Procuradoria Geral,  (UBOZ) Instituto de Combate ao Crime Organizado, do Ministério do Interior no âmbito da investigação de roubo de propriedade do governo por funcionários do Ministério da Energia e Indústria de Carvão da Ukraina, na residência da esposa do ex-ministro.

"Foi encontrado 4,8 milhões de dólares em dinheiro, barras de ouro num total de 42 kg, relógios de pulso de marcas famosas, grande número de produções de metais preciosos (ouro, platina, brilhantes), caixas de pedras como diamantes, grande número de documentos imobiliários, de frações de empresas, de lotes de terrenos, documentos para registro de empresas estrangeiras em diversas jurisdições offshore, cartões de crédito, documentos de contas em vários bancos", - disse Avakov.

Parte dos bens encontrados                                                      

No apartamento, no momento da busca, encontrava-se a contadora, que esforçava-se para destruir os documentos. A mulher foi detida e está sendo interrogada. Ela tentou impedir a entrada de policiais ao apartamento.
No entanto, o ex-ministro Stavitskyi, ou sua família não estão detidos, e sua localização ou ações de investigações relacionadas com eles não são relatadas.


Segundo dados do jornal "Verdade Ukrainiana", depois da fuga de Yanukovych Stavitskyi viajou para Itália.

Em Donetsk chamam por Yanukovych

Os militantes distribuem folhetos com conteúdos separatistas e pedem a volta de Yanukovych. Cerca de 3 mil pessoas realizam comício em apoio ao ex-presidente da Ukraina Viktor Yanukovych na Praça Lenin em Donetsk. Muitas pessoas continuam chegando, mas a maioria não permanece por longo tempo.

                                                      Manifestação em Donetsk

As pessoas seguram bandeiras de St. George, da Federação Russa e da marinha da URSS. No palco há cartazes com dizeres: "Yanukovych - nosso presidente legítimo", "Yanukovych, proteja seu povo."

O teor da reunião é uma mensagem a Yanukovych, que fugiu do país, e de que deve arrepender-se e voltar a Ukraina para liderar o país e remover do poder o atual Governo e Parlamento.

Na praça também distribuem panfletos do "Bloco Russo" com chamadas para comparecer no domingo, às 12 horas. A essência dos panfletos  é separatista. "Nós temos com quem aprender. O povo da Criméia disse seu "Eu". A vez é nossa" - diz o panfleto.

Enquanto isso, em outros locais recolhem ajuda para os militares ukrainianos que estão na divisa da região de Donetsk.


                                       Moradores de Donetsk recolhem ajuda aos militares

Depois de algum tempo, os manifestantes da praça foram a Administração Estatal de Donetsk e pedem a renúncia do governador Serhii Taruta. Eles atiram garrafas de plástico sobre os policiais. Milícia controla a situação. 

Tradução: Oksana Kowaltschuk